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Bernard Blistène, diretor do museu parisiense Centro Georges Pompidou || Créditos: Glamurama

A arte entrou em pauta nesta semana por um motivo lastimável: o incêndio que destruiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro ocorrido no último domingo. Nos dias que seguiram à tragédia, São Paulo deu início ao movimento em torno da abertura para convidados da 33ª edição da Bienal de São Paulo, que abre ao público nesta sexta-feira. E o que aconteceu no Rio tem sido assunto comentado em todas as rodas, do jantar de abertura da Bienal ao almoço armado por Bia Yunes. Um dos que lamentam muito o fato é Bernard Blistène, diretor do Centre Georges Pompidou e um dos homenageados da semana: “Esses políticos são realmente matadores, foi um desastre… É insano deixar uma instituição como essa sem suporte, é um imenso engano. Não quero dizer que tais enganos venham de determinados partidos políticos, não quero me meter nisso, mas como você pode ver uma instituição como essa, que conta a história de seu país, e não dar a mínima? É uma vergonha.”

Ponte aérea Paris – São Paulo
A visita de Blistène a São Paulo representa um avanço na relação do Pompidou com instituições da cidade que começou com a mostra “Alucinações Parciais”, que entrou em cartaz em abril, quando o Instituto Tomie Ohtake exibiu dez obras da coleção do museu francês. Segundo o diretor falou ao Glamurama, consta na agenda do Pompidou outra parceria com o Tomie Ohtake programada para a primavera de 2020. “Meu desejo é desenvolver network entre instituições como Pinacoteca e Tomie Ohake, mantendo um dialogo permanente entre os dois países.”

“O Brasil é um grande país, tenham isso em mente”
Sobre a cena contemporânea brasileira, Bernard Blistène elogiou: “É uma atividade tão intensa… As pessoas precisam entender o quanto o país é grande. O que você encontra em Belo Horizonte não tem nada a ver com o que encontra no Rio, e nada a ver com o que você tem em São Paulo. Essa diversidade fortalece a cena. O Brasil é muito grande e diverso, tenham isso em mente. Há 15 anos, pensávamos que vocês se tornariam o sexto ou sétimo país mais poderoso do mundo, mas com essa política desastrosa não chegaram lá. Vocês tem a energia, o lado humano e os recursos…  Cruzo os dedos para o Brasil se recuperar e pelo menos voltar ao ponto em que estavam.”

“Não podemos pensar que tudo já foi feito”
Não faltaram elogios à arte brasileira ao longo da entrevista, com Blistène deixando claro seu interesse em fazer parcerias com novos artistas brasileiros: “Se você olhar o que acontece nas artes visuais, arquitetura e design por aqui, encontra trabalhos muito empolgantes. Não podemos pensar que tudo já foi feito nos anos 60 por nomes com Lygia Clark, Hélio Oiticica e toda essa geração. Atualmente temos coleções de alta intensidade como, por exemplo, a de Jonathas de Andrade, que me parece um artista incrível. Adoraria desenvolver alguma cena com esses artistas contemporâneos e jovens.”

Presente e futuro do Centre Georges Pompidou
Podemos esperar ótimas novidades para os próximos anos no museu parisiense aberto em 1977. “Precisamos desenvolver a coleção, reforçando sua importância, e ao mesmo tempo dar visibilidade para uma nova geração de artistas. Não apresentar sempre artistas que se vê em qualquer lugar, mas dar oportunidade para uma outra geração. Decidimos estender nossa presença. Abrimos recentemente um centro cultural em Málaga, na Espanha; o Kanal Centre Pompidou, em Bruxelas; e vamos inaugurar outro em Shanghai ainda este ano. Não se trata de ser uma grande marca e sim dar às pessoas a possibilidade de ver as coleções.”

Cultura pop 
Recentemente, tivemos episódio de encontro do mainstream com o Louvre, que foi palco para a gravação do clipe de “Apeshit”, de Beyoncé e Jay-Z. O que ele pensa Blistène pensa sobre isso? “Arte moderna e contemporânea sempre dizem respeito à inclusão de disciplinas e à conexão entre elas. Isso sempre esteve no ‘core’ da modernidade. O que aconteceu no Louvre foi um lindo evento, mas foi apenas um evento. No Centre Pompidou esse tipo de movimento faz parte do DNA da arte contemporânea do museu.” (Por Julia Moura)

 

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