Publicidade

1. Um velho sábio ensinou que o Mundo dá muitas voltas: se você ficar parado ele acaba passando novamente por você. As desventuras da economia cubana mostram como os sistemas produtivos construídos por cérebros peregrinos que tentam criar o “homem novo” tendem, num prazo maior ou menor, ao fracasso. A idéia que se pode organizar um sistema econômico centralizado comandado por um planejamento poderoso que conhece as necessidades de cada um e é capaz de organizar eficientemente a produção para atendê-las, custou, no século XX, a vida de quase uma centena de milhões de cidadãos. Stalin matou pelo menos 30, Mao deixou morrer de fome pelo menos 20 e Hitler não fez feio nessa competição assassina…

2. O caso de Cuba é menos trágico, mas Fidel Castro conseguiu o prodígio de construir um pais que hoje tem 11,5 milhões de habitantes, com supostamente 5 milhões na sua “força de trabalho”, da qual 4 milhões são funcionários públicos! Os cidadãos certamente receberam benefícios em matéria de educação e saúde: são todos melhor educados e mais hígidos, mas envolvidos numa teia de ineficiência produtiva que lhes tolheu a liberdade de iniciativa. Têm melhor igualdade de oportunidades no ponto de partida, o que é muito bom, mas a igualdade no ponto de chegada é medíocre, o que esclerosou a sua imaginação.

3. O aspecto mais dramático dessa experiência é que a coletivização atingiu até os estímulos para produzir do minúsculo chacareiro. O exemplo mais significativo do desinteresse do agricultor para trabalhar a terra “comum socializado” é que quase 20% das terras agricultáveis de Cuba estão hoje ocupadas por um exótico arbusto espinhoso que eles chamam de “marabu” (Dichrostachys cineres). Antes da revolução essas terras produziam açúcar, fumo e alimentos. A situação tragicômica é que as feiras livres quase não têm produtos (tomates, alfaces e legumes) para servir aos cubanos, enquanto os hotéis para turistas estrangeiros (que pagam em dólares!) os têm (importados!).

4. É claro que a explicação para a situação cubana é muito complexa e passa por dramáticos equívocos de Fidel Castro e pela arrogante resposta a ele pelos EUA. A aventura cubana esteve a ponto de produzir uma nova guerra mundial, mas com a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas o país entrou praticamente em colapso por não ter para quem exportar o seu açúcar e de quem receber petróleo subsidiado. A intervenção de Chavez ajudou, mas não muito. Agora Raul Castro promete uma revisão do sistema: começará demitindo, no início de 2011, cerca de 500 mil funcionários “improdutivos” e os estimulará a encontrarem empregos “produtivos nos setores em que se iniciarão as privatizações, a começar pelas barbearias”…

Por Antonio Delfim Netto

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Gisele e o boom das propriedades equestres de luxo

Gisele e o boom das propriedades equestres de luxo

Esse artigo explora a crescente tendência no mercado imobiliário de luxo de valorização de propriedades com instalações equestres de alta qualidade. Utilizando o exemplo recente de Gisele Bündchen, que investiu milhões em um château na Flórida, GLMRM ilustra como essas instalações se tornaram mais do que um mero “extra”. Elas agora são consideradas investimentos inteligentes, especialmente em tempos de incerteza econômica, e representam um estilo de vida exclusivo que atrai a elite financeira global.

Instagram

Twitter