Publicidade

1. O Governo Federal desencantou neste início de 2010! Em poucas semanas tivemos fatos importantes que estavam há muito tempo na fila: acordamos para o fato que um crescimento entre 5% e 6% em 2010 pode nos levar a um formidável déficit em conta corrente, talvez alguma coisa entre 50 e 60 bilhões de dólares. No curto prazo (um ou dois anos) isso não será problema, principalmente se não financiar o consumo. O Brasil tornou-se o “enfant gâté” dos investidores mundiais não apenas pelas perspectivas do seu crescimento e oportunidades de investimentos (físicos, não apenas em portfólios) no setor privado e no setor público com taxas de retorno superiores a 10% durante uma ou duas décadas, o que é da maior importância para os fundos de pensão.

2. Por outro lado, a combinação da valorização do Real e a elevação dos preços na BOVESPA (fenômenos claramente ligados) produziu uma taxa de retorno em dólares durante o ano de 2009, da ordem de 7,5% ao mês, contra uma taxa de juros praticamente nula nos EUA. As aplicações na BOVESPA (que abusivamente se chamam “investimento”) são, numa larga medida, transferência de propriedade. Não necessariamente criam nova capacidade produtiva. O mesmo acontece quando operadores financeiros externos compram papéis da dívida pública para financiar gastos de consumo do Governo.

3. Quando há liberdade de movimento de capitais e as instituições do sistema financeiro são sofisticadas e seguras, dentro das quais pode ser completada qualquer transação por mais sofisticada que seja, como é o caso brasileiro, a taxa de câmbio não é a que equilibra o fluxo de exportação e importação de bens e serviços, mas o preço de um ativo que ajusta, instantaneamente, as posições de portfólio dos investidores. Pode, assim, ficar super-valorizada por prazo suficiente longo para destruir as cadeias produtivas do setor industrial, como está acontecendo no Brasil há algum tempo. Uma boa notícia é que se passou a dar maior atenção ao problema.

4. Janeiro de 2010 revelou, ainda, uma ampla disposição do Governo de voltar à “normalidade” na política fiscal emasculada (com razão) em 2009. Também importante: a empresa responsável pela Usina de Jirau anunciou a antecipação de sua produção para 2012 e parece que vamos lançar a Usina de Belo Monte. Além disso, o Governo fez circular a notícia de que prorrogará as concessões de 49 usinas hidroelétricas que venceriam entre 2015 e 2020. O atraso nesta decisão já causou muito prejuízo aos investimentos no setor.

Por Antonio Delfim Netto

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Gisele e o boom das propriedades equestres de luxo

Gisele e o boom das propriedades equestres de luxo

Esse artigo explora a crescente tendência no mercado imobiliário de luxo de valorização de propriedades com instalações equestres de alta qualidade. Utilizando o exemplo recente de Gisele Bündchen, que investiu milhões em um château na Flórida, GLMRM ilustra como essas instalações se tornaram mais do que um mero “extra”. Elas agora são consideradas investimentos inteligentes, especialmente em tempos de incerteza econômica, e representam um estilo de vida exclusivo que atrai a elite financeira global.

Instagram

Twitter