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1. A vida pode ser muito dura para aqueles que exercem importantes cargos públicos. Até meados de 2008, o ex-presidente do Banco Central Americano (conhecido como FED), Allan Greenspan, era venerado como “el maestro”:o homem que comandou durante 18 anos a economia mundial, com extraordinário sucesso, reduzindo a taxa de inflação, estimulando o crescimento e minorando a volatilidade dos dois. Com a crise que se abateu sobre o Mundo no final de 2008, tudo mudou. Passou a ser culpado por ela, por não ter elevado a taxa de juros, por não ter controlado as “bolhas” bursáteis e por não ter entendido o papel deletério da frouxidão do controle do FED sobre inovações financeiras vendidas por bancos de investimento irresponsáveis. Agora, assistimos ao triste espetáculo de ver um “ex-el maestro” defendendo-se pela imprensa dos ataques do novo secretário do Tesouro americano, Tim Gaithner…

2. Desde o fim da Segunda Guerra a economia americana foi atingida por alguns movimentos recessivos de relativa importância. Entre novembro de 1948 e março de 2001 registraram-se dez recessões com duração média de 10 meses e queda média do PIB (entre o pico e o fundo) da ordem de 2%. A atual recessão, iniciada em dezembro de 2007, é de natureza um pouco diferente das demais. Apesar de todos os esforços da política econômica americana, ela já dura 17 meses e reduziu o PIB em 2,4%.

3. Todos acreditamos que os desastres naturais como, por exemplo, os terremotos, são independentes da vontade (e da obra) do homem e não podem ser previstos. Agora, entretanto, estudos cuidadosos feitos por geólogos chineses levantam uma terrível suspeita. Os terremotos que recentemente abalaram a província de Sichuan teriam sido produzidos por uma obra humana: a barragem de Zipingpu que acumulou um volume de água cujo peso teria “disparado” a movimentação de uma falha geológica, o que produziu o terremoto que matou 80.000 pessoas! Os estudos ainda não são plenamente conclusivos, mas apontam para as conseqüências não suspeitadas que às vezes são produzidas pela melhor das intenções humanas. 4. Por falar em conseqüências não esperadas das boas intenções é preciso lembrar uma que decorre da tentativa de apresentar o “criacionismo bíblico” como alternativa à teoria da evolução, como se isso fosse importante para determinar nossa crença religiosa. No Gênesis, a ordem é clara: depois da sua criação, Adão e Eva “deveriam frutificar e multiplicar-se, sujeitar a terra às suas necessidades e dominar todas as outras espécies”. O mundo estaria aí apenas para nós. Mas ele não é nem eterno nem infinito. Esta noção é mais claramente percebida quando se ensina a teoria da evolução em lugar da sugestão bíblica: o mundo está aí para nós, mas nós também somos parte dele…

Antonio Delfim Netto

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