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1. A organização da economia no sistema cujo apelido é “capitalismo”, encontra a energia para o seu desenvolvimento na “inovação” e no “crédito”. Funciona porque o Estado garante ao cidadão a possibilidade de apropriar-se dos benefícios advindos da sua capacidade de iniciativa. Alguém inventa um liquidificador para produzir suco de frutas. Imagina que pode convencer as donas de casa de sua utilidade. Convence um banqueiro a financiá-lo e toma o risco de fabricá-lo. Estimula pela publicidade o seu uso e incorpora um novo utensílio nas cozinhas civilizadas. Com isso ele aumentou o nível de emprego, aumentou a demanda  de metais e aumentou o consumo de energia. No final estimulou mais investimentos na mineração e em usinas hidroelétricas…

2. A existência da: 1º)liberdade individual para tomar risco e usar livremente a imaginação; 2º) eficiência produtiva proporcionada pelos “mercados”, combinada com 3º) a disponibilidade de crédito é que produz o desenvolvimento. É por isso que este inicialmente se deu nos países onde a liberdade individual e a propriedade privada permitiram que indivíduos “empreendedores”criassem novos produtos, novas formas produtivas e incorporassem os conhecimentos científicos aos processos produtivos. Nos países onde aquelas condições não existem, não há desenvolvimento econômico autêntico. No máximo há uma cópia. Todos conhecem a velha piada: o “inventor” russo  do liquidificador não teve sucesso e morreu num hospício. Um “técnico” de planejamento da Gosplan denunciou-o à KGB como um maníaco perigoso que queria instalar um “ventilador dentro de um copo”…

3. É importante entender que o sistema funciona melhor quando o agente recebe o incentivo adequado. Por exemplo, o empresário agrícola que procura maximizar a taxa de retorno do seu capital encara, em geral com muita má vontade, a necessidade de manter uma “reserva” de mata nativa, fundamental para a preservação da Natureza que traz beneficio a todos, mas não é apropriado diretamente por ele. Pois bem, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) desenvolveu uma seringueira (que é exótica) adaptada ao clima do Norte e Noroeste daquele Estado. Ela pode ser plantada entre cinco espécies nativas e gerará boa renda. Produzirá em 6 anos e será explorada 10 meses ao ano, durante 35 anos. O Programa tem apoio de crédito do Banco do Brasil. É assim que inovação e crédito acomodam, inteligentemente, o interesse individual com o coletivo e produzem o desenvolvimento.

Antonio Delfim Netto

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