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Antonio Delfim Netto



1. É mais do que justificável a angústia com que os brasileiros vêm a crise internacional ser incorporada a sua economia. Entre 1950 e 1985 o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo ocidental (6,5% ao ano, contra 4,4% do mundo). Depois entrou em hibernação: cresceu entre 1985 e 2006 apenas 2,6% ao ano, contra 3,7% do mundo. Só a partir do terceiro trimestre de 2006 é que voltamos a crescer mais do que o mundo. É este reencontro com o “espírito do crescimento” que agora está ameaçado pela crise internacional gerada pelas péssimas políticas monetária e fiscal executadas nos países desenvolvidos desde 2001.


2. Alguns sacerdotes que defendem a pureza da “economia de mercado” estão criticando as intervenções dos Tesouros de quase todos os países na capitalização dos bancos. Sugerem que isso poderá representar uma “estatização” do crédito através da qual o Estado controlaria a Sociedade e lhe tolheria a liberdade, o que não é inteiramente infundado. O controle de todo o crédito pelo Governo implica num grave risco para as liberdades individuais se as instituições democráticas não forem suficientemente fortes. Mas não há qualquer determinismo. Nos anos 90 do século passado, por exemplo, os países escandinavos (Suécia, Noruega e Finlândia) para resolverem uma crise de crédito estatizaram todo o sistema financeiro. Puniram exemplarmente seus administradores e acionistas. Criaram empresas para administrar os créditos “podres” e voltaram a privatizar os bancos saneados. A partir do final de 1992 (dois anos depois da intervenção) aqueles paises voltaram a crescer. O “custo” da intervenção foi de 4% do PIB na Noruega, 5% na Suécia e 11% na Finlândia.


3. No momento atual nossa política monetária tem pouco papel na superação da crise que estamos vivendo, além de fornecer liquidez e conforto ao sistema bancário. Mesmo a redução da taxa SELIC  é pouco eficaz, a não ser na redução do custo da dívida pública, o que poderia liberar recursos para aumentar o investimento público (a única variável ao alcance da ação do Governo). A importância maior de uma pequena redução seria mais psicológica induzindo o comportamento dos consumidores e investidores para que não interrompam bruscamente o “circuito econômico”: lembremos que nosso gasto de um hoje é o salário de outro amanhã…

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