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Antonio Delfim Netto


1. O governador José Serra e seu secretário de Agricultura João Sampaio
iniciaram um interessante e promissor programa de expansão da produção de trigo
no Estado de São Paulo. A novidade é que ele envolve toda a cadeia produtiva e
não tem a interveniência direta do poder público na operação. Afinal qual é a
“trouvaille”? O moinho compra a semente certificada da Secretaria e a repassa
aos produtores. Estes assumem o compromisso de devolver em dobro, por um preço
de referência, a quantidade de semente recebida. Há duas vantagens: aproxima-se
o produtor do comprador e libera-se o primeiro do custo da semente para que ele
possa usar mais insumos modernos e aumentar a sua produtividade. O Brasil hoje
importa metade do trigo que consome (pouco mais do que 10 milhões de toneladas
por ano) O programa deve melhorar a renda dos agricultores de cultura de inverno
(região sudeste do Estado), com um aumento da área plantada estimada em 45%.


2. O Brasil é, positivamente, um País de pouca memória. E quando a tem,
falta-lhe conseqüência. Recentemente comemorou-se (coisa rara!) o centenário da
descoberta pelo cientista Manoel Augusto Pirajá da Silva (1873-1961) que a
esquistossomose é produzida pelo “Schistosoma mansoni”. Trata-se de uma das mais
trágicas parasitoses que infectam a população pobre do Nordeste e Sudeste. Ele
estabeleceu os mecanismos da transmissão da doença através dos caramujos: estes
libertam larvas que ao entrarem em contato com a pele das pessoas que usam a
água contaminada contraem a doença. A solução do problema envolve um esforço na
ampliação do saneamento básico, o que infelizmente até hoje não temos feito na
dimensão adequada. Lembramos do centenário da descoberta de Pirajá da Silva, mas
não tiramos suas conseqüências. Insistimos em deixar nas mãos do Governo não
apenas a política de saneamento (o que é correto) mas as obras de saneamento, o
que tem sido um desastre. Agora parece que as concessões dos serviços ao setor
privado oferecem uma nova esperança…


3. Na revista “Science” (vol.321, 29 August 2008) há um artigo sensacional de
um grupo de arqueólogos (inclusive brasileiros) que parece confirmar uma
descoberta anunciada pela mesma revista em 2003 (vol.301, 19 September 2003).
Entre 1250 e 1650 na Amazônia brasileira (mais precisamente no Alto Xingu)
existiram sociedades relativamente complexas e bem organizadas, com aldeias
autônomas (com menos de 10 hectares) e ligadas por redes de estradas a 
aldeias maiores (de até 50 hectares) onde, provavelmente, se concentrava a vida
política da comunidade. Vale à pena acompanhar o trabalho de nossos arqueólogos
porque eles abrem a perspectiva de ter havido no passado a convivência pacífica
dos homens com a floresta que hoje ignoramos.

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