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Antonio Delfim Netto


1. O futuro, mesmo quando tudo parece dentro da normalidade, é sempre
incerto. O nosso comportamento é determinado por nossas expectativas do que vai
acontecer, ou melhor, por nossas esperanças sobre ele. Quando o ambiente fica
volátil e assume um ar de “crise” as incertezas crescem e, no limite, mesmo sem
razões objetivas, entramos num estado de pânico que nos paralisa. Deixamos de
comandar nossas vidas. Somos comandados pelas circunstâncias, tal como as
percebemos pelas informações que nos cercam. Esse comportamento torna verdadeira
a “profecia” da “crise”. Por que? Porque o pânico é uma doença infecciosa! Tem,
pois, completa razão o presidente Lula quando diz que se todos decidirem adiar
suas compras porque crêem que a “crise vem ai”, todos acabarão perdendo o seu
emprego na “crise” que eles mesmo produziram.


2. É claro que hoje há razões objetivas para preocupação que impõem um
comportamento mais cuidadoso: manter os dispêndios limitados aos salários e
apelar menos para o crédito. Mas deve ser claro, também, que se neste momento
por medo do futuro todos (o banqueiro, o consumidor, o comerciante, o importador
e o industrial) tentarem ficar um pouco mais líquidos o sistema ficará ilíquido
e paralisado. E todos acabarão líquidos e… desempregados.


3. As lentas mudanças climáticas (e não apenas as causadas pela atividade
humana) são produto do próprio sistema cósmico em que se encontra inserida a
nossa Terra. Elas têm uma influência decisiva (no longo prazo) na manutenção de
uma das autonomias mais necessárias às nações: a autonomia alimentar. Ter uma
idéia de como vai variar o clima nos próximos anos, por exemplo, é fundamental
para orientar a pesquisa na busca de variedades agrícolas mais resistentes ao
estresse climático e mais produtivas. É exatamente isso o que faz a última
versão do Zoneamento de Riscos Climáticos (ZARC) coordenado pelos agrônomos
Eduardo Assad (EMBRAPA) e Hilton Pinto (UNICAMP).

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