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Por Antonio Delfim Netto


1.A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2007 agora
publicada pelo IBGE, trouxe boas notícias. Ela é um instrumento ágil e
indispensável para o conhecimento necessário à formulação de políticas
governamentais. Foi instituída em 1967 e continuadamente aperfeiçoada e
enriquecida com novas informações. Para se ter uma idéia de sua abrangência e da
validade de suas extrapolações, basta dizer que em 2007 foram consultados cerca
de 148 mil domicílios e 400 mil pessoas em todo o território nacional. Éramos,
em 2007, 190 milhões de habitantes, saudavelmente distribuídos entre 93 milhões
de homens e 97 milhões de mulheres, 48 milhões dos quais maiores de 15 anos. O
nível de renda real cresceu, os equipamentos domiciliares se generalizaram e o
nível de escolaridade aumentou. Acompanhando  tudo isso o nível da
desigualdade (as diferenças de renda entre cidadãos) diminuiu.


2.O PNAD-2007 demonstra o “espírito de crescimento” que o Brasil recuperou a
partir de 2006.  Entre 1996-2002, o PIB cresceu 2,0% ao ano; entre 2003-06
o crescimento foi de 3,5% e entre 2007-08 será da ordem de 5,5%! O Brasil
aproveitou muito bem o “bonus” que recebeu graciosamente da expansão mundial.
Esperemos que ele saiba aproveitar ainda melhor o “bonus” com que a Natureza o
presenteou, o petróleo do pré-sal.


3.A desvalorização do Real das últimas semanas veio em boa hora. Estamos
entrando no plantio da safra de verão e os preços agrícolas não estavam tão
favoráveis. Por outro lado, os custos com fertilizantes e o atraso da liberação
dos financiamentos do Programa de Geração de Emprego e Renda (o chamado
PROGER-RURAL) causam alguma preocupação ao setor agrícola. Este tem sido o
“garante” dos nossos saldos comerciais e, enquanto os preços externos de
alimentos cresceram menos do que a terrível valorização do Real, sustentavam,
também, a redução da taxa de inflação. O aumento desta taxa a partir de meados
de 2006 se deve ao fato de a péssima política monetária oportunista que sustenta
a maior taxa de juros real do mundo não ter conseguido, felizmente, valorizar
ainda mais o Real. Isso teria aumentado a tragédia de nossas exportações não
agrícolas.

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