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Por Antonio Delfim Netto


O FED (o Banco Central) e o Departamento do Tesouro (o Ministério da Fazenda)
dos EUA, estão cada vez mais preocupados com a situação. O primeiro, desde
agosto de 2007, já “inventou” quatro novas formas para fornecer liquidez ao
sistema financeiro que até pouco tempo seriam anatematizadas pois são grandes
estimuladoras do chamado “risco moral”. Este é a consequência da falta de
cuidado dos agentes quando “sabem” que seus “lucros” serão privados, mas os seus
“prejuizos”, se ocorrerem, serão socializados.


O Tesouro, depois de estimular a absorção do Bear Stearns pelo JP Morgan, foi
forçado a estatizar a  Fannie Mae e a Freddie Mac, duas instituições
fundamentais do mercado imobiliário. Tais ações, entretanto, não foram capazes
de restabelecer a liquidez do sistema financeiro e a confiança dos investidores,
o que sugere que a “crise” financeira está longe de ter sido resolvida.


Tudo isso é efeito de um fato muito conhecido: o mercado financeiro não
convive com a incerteza. Para prová-lo basta dizer que em abril o grande banco
de investimentos Lehman Brothers levantou 4 bilhões de dolares com a maior
facilidade (teve de limitar a oferta de suas ações preferenciais). Quatro meses
depois elas valem menos do que 10% do que valiam e nesta 2ªfeira, 15/09, pediu
concordata…


Na sua próxima reunião,  (em seis semanas) o COPOM ameaça ter um ataque
de lucidez: na última, três de seus membros votaram por um aumento da taxa SELIC
de 50 pontos em lugar dos 75 aprovados. Diante da dificuldade de ponderar quanto
do aumento da taxa de inflação é resultado de um duvidoso excesso de demanda e
quanto se deve à inflação planetária internalizada pela taxa de câmbio “super”
valorizada, o nosso Banco Central não só sustenta a maior taxa de juro real do
Mundo como, desde abril, fez a segunda maior elevação de taxa entre todos os
países.


A grande maioria destes, aliás, (erradamente, sem dúvida!) mantêm negativas
as suas taxas de juros. Se, em lugar dos 225 pontos base de aumento, tivessemos
feito apenas 100, o resultado em matéria de  inflação seria, com enorme
probabilidade, o mesmo, mas seus custos em matéria de despesa pública presente e
redução do crescimento econômico futuro, seriam muito menores.

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