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por Antonio Delfim Netto


 


Estamos diante de uma inflação planetária. Nos países mais “virtuosos”, o tremendo aumento dos preços internacionais de alimentos, metais e petróleo, estimulados pela demanda dos países emergentes, está produzindo grandes estragos. Nos EUA, a despeito da enorme confusão causada pelos “sub-prime” (pura imoralidade do imaginoso sistema financeiro) e da redução do seu crescimento, a taxa de inflação média de 1996-2006 passou de 2,6% ao ano para 5,0%; na Eurolândia de 2,0% para 4,0%; no Japão de 0 para 0,5% e no Reino Unido de 1,7% para 2,6%. O Brasil não tem ido tão mal: passou de 4,5% em 2007 para 6,0% em junho de 2008 e, provavelmente, vamos terminar o ano com 6,5%.


O extravagante aumento de 75 pontos na taxa Selic determinado por unanimidade no Comitê de Política Financeira do Banco Central do Brasil, pareceu muito mais uma demonstração infantil de “independência” estimulada pelos bajuladores das “tesourarias” (que fizeram grandes lucros!) do que um ato ponderado do Banco Central. Este deve, sim, velar pela “meta inflacionária” mas não deveria se esquecer que o expediente de valorizar a taxa cambial pelo aumento do diferencial de juros interno e externo constrói uma armadilha para o setor real da economia, para o nível de emprego e para o futuro equilíbrio fiscal.


Talvez a maior demonstração de amadurecimento da classe trabalhadora brasileira seja o cuidado com que os sindicatos têm procurado mostrar aos seus associados que tentativas de obter aumentos de salário real acima da produtividade é o mecanismo mais rápido para aumentar a inflação e reduzir o salário real. Gato escaldado…

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