Aos 28 anos, Camila Queiroz vive o auge de sua carreira. Com o retorno de Angel, o sucesso do seu primeiro trabalho como apresentadora e uma série a caminho, a modelo, descoberta atriz por Mauro Mendonça Filho e Walcyr Carrasco, conta que está vivendo um momento de muitas realizações. E não é para menos. Afinal, só nesta quarta-feira, Camila estreia, no Globoplay, a tão esperada “Verdades Secretas 2” (VS2) e, na Netflix, os dois últimos episódios do reality show “Casamento às Cegas”.
Com a agenda lotada, a atriz lembra que aceitou, no mesmo segundo, o convite para participar da continuação da novela ganhadora do Emmy Internacional: “Recebi uma ligação do Silvio de Abreu, em março do ano passado. Topei na hora! Angel é o personagem da minha vida, foi ela quem me trouxe até aqui e me fez ser loucamente apaixonada pelo o que faço”. Tão loucamente que, em VS2, Camila se entregou de corpo e alma e dispensou dublê até nas cenas mais desafiadoras.
“Disponibilizaram uma dublê para mim, mas só usamos uma vez até agora, em um take muito rapidinho. Gosto de ir até o meu limite”
Camila Queiroz
Em entrevista ao GLMRM, a atriz ainda falou sobre os bastidores das gravações, sua estreia como apresentadora, a polêmica resposta ao crítico de TV Maurício Stycer e comentou sobre a repercussão das atitudes machistas de alguns participantes de “Casamento às Cegas”. Ela ainda deu detalhes sobre a produção “De Volta aos 15”, uma série da Netflix que estreia ano que vem e divide a personagem com Maísa. Ao papo!
“Escrevi para ele, mas era um recado para mim também. Quis dizer ‘prazer, Camila’, já que ele deu a entender que não me conhecia”
Camila Queiroz sobre crítica de Mauricio Stycer
Oi Maurício, meu nome é Camila Queiroz e eu sou a “atriz que faz a protagonista”. Sabe que eu também me achava incapaz de fazer esse trabalho e por vezes me questionei se merecia estar ali? Hj tenho mais empatia e compaixão por mim mesma e MORRO de orgulho de tudo q entreguei ali
— Camila Queiroz (@Camiqueirozreal) September 15, 2021
“Para mim, é uma grande pena que ainda existam homens tão machistas e com pensamentos tão medíocres”
Camila Queiroz
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Como é voltar para a Angel seis anos depois? Se sente mais madura, mais segura?
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Acho que, para o público, parece que já fiz muitas coisas desde a primeira temporada de “Verdades Secretas”, mas por incrível que pareça minha bagagem não é tão grande. Fiz quatro personagens, contando com a Angel. Nesses quatro anos de novelas, aprendi muito sobre essa profissão e carreira, ganhei mais segurança e confiança e isso, com certeza, vai estar ali na nova Angel. Na primeira temporada, não sabia onde estava e a dimensão do que estava fazendo. Dessa vez, estou muito mais consciente, presente e segura em relação a tudo, mas, principalmente, em relação a mim. Hoje, entendo o tamanho da Angel.
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Como foi seu preparo físico e dramatúrgico para este retorno?
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Nós recebemos o texto pouco antes do início das gravações. Então, não tive muito tempo de preparação. O que comecei a fazer, desde o ano passado, foi pensar mais nela, relembrar detalhes da novela… Não tinha assistido à primeira temporada ainda, então aproveitei a reprise para isso. Nós temos o apoio dos preparadores de elenco da Globo, que têm me ajudado muito a entender quem é essa nova Angel, essa nova psique dela. Precisava entender o tom de voz, a maturidade, o novo olhar, essa firmeza que agora ela tem. Afinal, estamos falando de uma personagem que terminou a primeira temporada, aos 16 anos, com um crime nas mãos, o suicídio da própria mãe e envolvida com prostituição. Isso tinha que ter uma continuidade, um peso para ela, e tinha que estar presente no jeito de se comportar, na voz, no olhar. A nossa busca foi pelo que essa mulher se tornou seis anos depois. Além de tudo, ela virou mãe também. Isso é uma informação muito forte, porque acho que a mulher depois que é mãe se transforma. A Camila não é mãe, não sei como é isso, tive que procurar. Já o físico, como tem umas cenas sensuais [risos], fiquei mais preocupada. Comecei a cuidar mais da alimentação e a manter uma rotina de exercícios físicos. Até porque, com essa batida de gravações, temos que estar saudáveis.
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Qual foi a cena mais ousada ou mais difícil que gravou?
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Nessa temporada, temos o personagem do Gabriel Braga Nunes, que é um sadomasoquista pelo shibari, uma técnica japonesa dos anos 20. Ele é um cliente do book rosa e acaba que a Angel se envolve com isso. Todas essas sequências de sadomasoquismo são, para mim, as mais difíceis de serem feitas porque são uma grande coreografia com cordas. Chegamos a gravar sequências de nove horas de duração em que fiquei cinco horas amarrada. São mais desafiadoras por exigir um preparo físico e mental e são cenas, naturalmente, muito ousadas porque vão em uma crescente de tortura que passa pelas algemas, que o público já conhece mais, até velas e cigarros para queimar, correntes e corda. Mas eu conto com o trabalho de uma equipe inteira me auxiliando, agora também temos uma professora de dança, que me ajuda nas coreografias, e um professor de shibari, que está ali para que a gente entregue o melhor dessa arte para o público. As cenas são lindas, já vi algumas prontas e elas se tornam um grande show. Não cheguei a me machucar, inclusive a Globo disponibilizou uma dublê para mim, mas só usamos uma vez até agora, em um take muito rapidinho. Gosto de me doar e ir até o fundo, até o meu limite para entregar o melhor para a cena.
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O que muda de uma produção para a TV aberta e uma para plataforma de streaming?
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A gente traz “Verdades Secretas 2” com uma faixa etária de 18 anos, a primeira temporada, se não me engano, era 16. Acho que a principal diferença é a liberdade para criar e ousar. Também tem a questão de termos mais tempo. Já cheguei a gravar 42 cenas, em um dia, fazendo novela. Agora, gravamos no máximo 10. É como se estivéssemos fazendo cinema, tudo é mais pensado. Temos uma equipe reduzida no set e o trabalho todo é feito de uma maneira mais delicada. Não tem aquela coisa de “vamos entregar logo” da novela, que tem que estar no ar todos os dias. Então, temos mais tempo de criação e mais tempo de estudo para cada cena.
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Acha que aprenderemos algo com a Angel?
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Eu sempre aprendo muito e saio transformada. Acho que podemos aprender com ela sobre ter garra, coragem e ser resiliência. Desde a primeira temporada, vemos essa menina tendo que tomar decisões difíceis e enfrentando desafios o tempo todo. Agora, a cada dez capítulos a vida dela vai ser transformada por alguma coisa e ela, como uma fênix, consegue sair por cima. Nem sempre ela toma as decisões mais acertadas, mas aí que entra o segredo do sucesso de “Verdades Secretas”, os personagens são muito reais. Não temos vilão e mocinha, nossa mocinha matou uma pessoa. São personagens que erram e acertam o tempo todo. Acho que aprenderemos a não desistir e enfrentar. Também é interessante pensar que na primeira temporada ela vai para o book rosa por conta da saúde da avó, para ajudar em casa com as dívidas que elas têm. Já, na segunda, ela volta pelo filho que descobre uma doença. Então, apesar de todo mundo a enxergar como uma mulher forte e sedutora, ela está sempre correndo atrás de salvar a sua própria família. Ai, já vou começar a defender a personagem aqui… [risos]
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Recentemente, uma resposta sua ao crítico de TV Maurício Stycer viralizou nas redes sociais. Como você lida com as críticas e com a tal síndrome da impostora?
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Isso é algo que tenho trabalhado em mim. Quando soube que ia reprisar a novela, e como nunca tinha parado para assistir, pensei que com certeza ia ver muita coisa que não ia gostar, ia me criticar e ser muito dura comigo mesma. Então, fiz questão de exercer uma certa empatia e ter compaixão por aquela Camila, de 21 anos, que estava estreando como atriz e que nunca tinha estudado para isso. Decidi pegar leve com a autocrítica. Mas, aí, me deparo com um crítico do tamanho dele me chamando de fraca. Escrevi aquilo para ele, mas era quase um recado para mim, também. Era um: “Poxa, não é assim”. Estava no meu primeiro trabalho, não era uma atriz consagrada que estava indo mal. Tenho certeza absoluta que fiz o meu melhor naquela época, entreguei tudo de mim para a Angel, em 2015. Então, foi um pouco injusto ouvir um crítico dizendo isso sem levar essas coisas em consideração. Fiquei chateada e quis responder. Quis também me apresentar, porque ele deu a entender que não sabia o meu nome, sendo que já tinha feito matérias sobre mim. Quis falar “prazer, Camila”. Sobre críticas no geral, acho que na internet somos encorajados a dizer o que pensamos sobre o outro, mas não é bem assim na vida real. Não saímos apontando o dedo na cara das pessoas. Hoje, lido com as críticas de peito muito aberto e aprendi a diferenciar uma crítica maldosa de uma construtiva. Mas esse foi um episódio muito específico na minha vida, não é uma coisa que você vai me ver fazer sempre.
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Além de Verdades Secretas 2, você também estreou como apresentadora em “Casamento às Cegas”. Como foi estar nesse novo papel?
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Foi uma loucura! Quando recebemos (ela e Klebber Toledo) o convite pensamos “meu Deus, será que a gente consegue?”. Ficamos muito animados e inseguros, também. Mas nos jogamos e demos o nosso melhor. É claro que, ali nos primeiros episódios, dá para perceber o nosso nervosismo. E é muito doido porque é uma experiência muito real, ao contrário do que alguém possa achar. Querendo ou não, são pessoas que estão dispostas a encontrar um grande amor e se casar. Então, elas já estavam de peito aberto para viver aquilo. Pode parecer loucura se você não está com essa ideia, mas se você quer construir isso, acho que faz um pouco mais de sentido. Foi muito bonito de ver a forma como eles se entregaram. Estamos torcendo muito para uma segunda temporada.
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O comportamento machista de alguns participantes chamaram atenção do público. Você também teve essa percepção enquanto o programa estava sendo gravado? O que acha dessa repercussão?
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A gente não convivia com os casais. Tínhamos um grupo de WhatsApp que éramos informados sobre o que estava acontecendo. Nossa diretora sempre passava os detalhes e avisava “olha, aconteceu uma situação chata aqui e ali”. Mas, de modo geral, a gente não se envolvia na relação deles, até porque precisávamos ser neutros para não aparentar que estávamos favoráveis ao “sim” ou ao “não” no altar. Tinha que ser uma decisão totalmente deles. Quanto à repercussão disso, acho natural. A partir do momento que você está dentro de um reality show, tem que estar disposto a lidar com tudo que foi falado e mostrado ali. Infelizmente, essas situações machistas são o retrato de uma sociedade. Para mim, é uma grande pena que ainda existam homens tão machistas e com pensamentos tão medíocres. Acho que temos que trazer isso para a pauta, sim, e discutir sobre. Espero que a partir disso, eles possam ter a oportunidade de crescer, aprender e se educar.
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Tem mais algum projeto engatilhado, pode entregar algum spoiler?
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Terminei de gravar mês passado, em Paris, “De Volta aos 15”, uma série da Netflix que estreia ano que vem. Nela, eu e Maísa dividimos a personagem Anita, que começa comigo aos 30, descobre como voltar no tempo e se transforma na Maísa. É uma série muito legal e acho que o público vai ficar bem apaixonado. Também posso adiantar que depois de “Verdades Secretas 2” estou com alguns projetos engatilhados. Sou bem workaholic e gosto muito de trabalhar. Acho que depois desse ano parada, por conta da pandemia, as coisas acabaram se acumulando, então o audiovisual está muito aquecido. Estamos produzindo tudo em tempo recorde para conseguir entregar novos conteúdos para o público.
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