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Dra. Maria Klien, é uma profissional renomada no campo da psicologia e da cannabis medicinal. Com uma trajetória marcada por experiências pessoais profundas no combate a transtornos como ansiedade e pânico, a psicóloga conseguiu combinar sua vivência com sua formação em terapia assistida e especialização em transtornos de ansiedade e medo. Sua abordagem inovadora muitas vezes integra terapias tradicionais ao uso medicinal da cannabis, refletindo seu compromisso como empresária em tornar esta planta uma ferramenta acessível e eficaz para o bem-estar emocional.

E Amélia Withaker conversou com a Dra. Maria Klien,  sobre sua jornada pessoal e profissional, destacando sua abordagem inovadora que integra terapias tradicionais ao uso medicinal da cannabis.

Dra. Maria Klien, poderia compartilhar conosco como sua jornada pessoal influenciou sua escolha profissional e a abordagem que adota hoje na psicologia e no uso da cannabis medicinal?

O fato de eu ter experimentado a síndrome do pânico por mais de vinte anos da minha vida me trouxe muitos aprendizados, na minha abordagem terapêutica compreendo os transtornos como mestres no sentido de que eles nos fortalecem a ver a vida sem muitos rodeios. Desde minha adolescência busquei a cura nos mais diversos lugares, sagrados e científicos. Com a maturidade me veio a calma de entender que a resposta sempre esteve dentro de mim, eu só precisava conseguir acessá-la, só que esse é um caminho que demanda resiliência e disciplina. A faculdade de psicologia não era, por incrível que pareça, uma escolha óbvia para mim nos meus vinte anos. Ela só veio com quase quarenta anos. Antes disso tive outras formações. A vida, quando o indivíduo se faz de laboratório como é o meu caso se torna uma jornada bastante interessante. Vejo a psicologia e a neurologia na minha vida como uma oportunidade maravilhosa de troca com meus pacientes, com eles aprendo a arte de ser ponte, ligando o que achamos que somos, o que os outros acham que somos e o que somos de fato, por que todas essas instâncias são fundamentais na constituição do ser. Afinal a Terra é um lugar de trocas e o ser humano é um ser social. A minha abordagem traz ferramentas para que isso possa ser feito de um lugar onde exista espaço para o ser inteiro, com suas luzes e sombras. Como disse, as respostas estão dentro, o terapeuta é só alguém que sabe te guiar para esse universo interno.

 

Ao lidar com transtornos como ansiedade e pânico em sua vida, quais foram os maiores desafios que enfrentou e como conseguiu transformá-los?

Quem já teve uma crise de ansiedade sabe o quanto apavorante ela pode ser, uma experiência dessas te transforma completamente, em um minuto ou até dez, que é o tempo de uma crise de ansiedade ser apaziguada pelo sistema parassimpático, o seu chão deixa de existir, é um misto de ser engolida e expelida pela vida, com certeza uma das experiências inefáveis mais complexas da psique humana. O mundo a sua volta continua existindo, mas você não participa mais dele porque simplesmente está sendo engolido pelo pavor. O maior desafio para mim foi não me render ao medo, é uma escolha diária por uma vida que já não se apresenta mais, porque você está acorrentado. Quem tem Transtorno do Pânico pode ficar em casa e mesmo assim não se sentir seguro. Na gravidez da minha primeira filha tiveram meses que dar um mergulho no mar em frente da minha casa era desafiador demais, só de pensar em tudo de terrível que poderia acontecer no trajeto; elevador cair no poço, ser atropelada, morrer afogada ou até do coração ali na frente de casa só porque decidi desafiar o Pânico, tudo isso me passava pela cabeça. Esse é um dos sintomas mais comuns nos pacientes que sofrem de ansiedade, os pensamentos catastróficos tomam conta e paralisam o indivíduo. As nossas estruturas psíquicas querem que nós sejamos dependentes dela, e o medo cumpre esse papel maravilhosamente, porque ele exerce o controle, a cura vem do descontrole, da entrega, até mesmo da fé no terapeuta, na vida e em si mesmo.
Somente quando o  viver não for mais negociável, o indivíduo se rebela e escolhe a vida mesmo com seus perigos.

 

Em sua prática, como você combina terapias tradicionais com o uso da cannabis medicinal? Existem desafios específicos em equilibrar estas abordagens?

Nada é para todo mundo, isso é importante ficar claro. Nem todos os meus pacientes usam a cannabis medicinal ou as micro doses de psilocibina, vai depender da estrutura mental e física daquela pessoa. Um outro fator importante é a rede de apoio, para quem esse paciente volta quando a sessão acaba? Como é a atmosfera social dele? Terapia é um processo, essa palavra está batida mas ela é verdadeira, um processo demanda tempo e entrega, nesse caminho meu paciente e eu vamos desvendando quartos dos nossos palácios internos que podem nunca ter sido visitados, isso dói mas também liberta, porque o imaginário tende a ser bastante cruel, não é mesmo?

 

Como sua experiência pessoal com ansiedade e pânico influencia sua abordagem profissional ao tratar pacientes com desafios semelhantes?

Muda tudo! O pânico foi um professor bastante eficiente. Ele me ensinou a humildade que é a virtude mais importante para um terapeuta, na minha visão. Quando um paciente relata o medo de algo, seja do que for, eu compreendo sem julgar porque já aconteceu comigo e exatamente e é por já ter experimentado que posso antecipar certas etapas que aprisionam, como por exemplo a culpa, a vergonha, o abandono e até mesmo a vaidade, todos sentimentos que estão presentes na vida de quem tem o Transtorno do Pânico. O primeiro passo é expor o seu medo, se o medo é de andar de metrô eu receito para esse paciente que ele diga para a pessoa que estiver ao seu lado na próxima viagem que tem muito medo e perguntar se pode contar com essa pessoa caso a crise venha, 90% das vezes a crise não vem porque esse paciente se despiu do indivíduo perfeito e se tornou humano. É interessante que quando vamos aprofundando o processo terapêutico o que fica é o medo fundamental de praticamente todo ser humano, o medo do abandono. O bebê não sobrevive se não for cuidado, amado, então o abandono para nós significa morrer, ao reforçar o ser divino que somos, a complexidade do corpo humano é uma prova viva disso, nos tornamos capazes de conviver com a incerteza da morte e compreender o eterno em nós.

 

Como empresária no campo da cannabis medicinal, qual é a sua visão para o futuro desta área, especialmente em relação ao tratamento de transtornos de saúde mental?

A empresária Maria nasceu da minha cura. Depois de vinte anos medicada só consegui obter a autonomia sonhada com a cannabis medicinal. Fiz isso com acompanhamento médico da minha psiquiatra Dra Fernanda Gueiros em um desmame das medicações que durou cinco meses. Nem todos meus pacientes param seus tratamentos convencionais, mas ao introduzir a cannabis, por ela potencializar o efeito terapêutico de outros medicamentos, esse paciente consegue na maioria das vezes ao menos diminuir as doses das alopatias. Vivenciando o que para mim pareceu mágico, afinal já tinha tentado diversas abordagens para tratar o pânico, me senti na responsabilidade de levar essa medicina para mais pessoas. Desse sentimento de gratidão surgiu a Cbfarma, onde tenho sócios que compartilham da minha visão de mundo e que também sonham com um futuro em que a medicina traga qualidade de vida para todos, independente da classe social. A medicina através da cannabis e dos psicodélicos nos traz a possibilidade de uma medicina onde o diagnóstico não é mais sentença, pois tratamos sintomas que nem mesmo a medicina convencional consegue. Antes um paciente com uma doença neurodegenerativa só podia rezar para que seus sintomas não se expressassem logo, hoje esse indivíduo pode usar o óleo de cannabis e desacelerar a doença, pode fazer uma sessão de imersão com psilocibina e curar um trauma profundo, é incrível.

Sobre a Amélia Withaker

 

Empresária, fundadora e PR da Visar Planejamento.  É apaixonada pela vida saudável, desde a alimentação até a prática de esportes e viajar. Atualmente prática ciclismo e diariamente em suas plataformas compartilha seu estilo de vida, através de receitas saudáveis e seus treinos.
Já desbravou o mundo, morou em Londres, Barcelona, mas foi na Austrália onde se encontrou profissionalmente e estreitou sua relação com Jornalismo, sendo fotógrafa do The Australian Jewish News. Além de se dedicar à empresa e seu estilo de vida saudável, Amélia é mãe de duas meninas.
Disposta a se reinventar, vem se aventurando nas redes sociais com deliciosas receitas com intuito de inspirar seu público a se alimentar melhor e de forma prática e deliciosa.

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