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por Flávio Gikovate


A tese da superioridade masculina esteve em vigor ao longo dos séculos e só passou a enfrentar resistência feroz e crescente a partir do século XX. Além de fisicamente mais fortes, os homens sempre se acharam mais inteligentes, criativos e portadores de maior bom senso. Isso lhes dava o direito de mando sobre toda a família. Sentiam-se muito confortáveis para rebaixar e humilhar suas esposas. Atribuíam a si uma liberdade social e sexual proibida para elas.


Tais direitos implicavam também em deveres: tinham que ser os protetores e  provedores de suas famílias. Deveriam cuidar da castidade de suas filhas e de afastar outros homens de suas esposas. Tinham que protegê-las contra ladrões e aventureiros. Para ganhar o pão se sacrificavam muito e sua honra dependia dos bons resultados, o que sempre onerou emocional e fisicamente os homens – que vivem,em média,7 anos a menos que as mulheres.


Acontece que o rol das obrigações masculinas só tem crescido ao mesmo tempo que os direitos especiais estão desaparecendo. Vou dar apenas alguns exemplos: 1. eles sentem que tem que estar sempre disponíveis sexualmente para suas esposas – e também para as outras mulheres (no passado elas não manifestavam claramente seus desejos, de modo que tal pressão não existia). 2. Qualquer fracasso nessa área arruína a auto-estima deles, sendo que este evento se torna cada vez mais comum (até porque as mulheres agem de forma mais direta e intimidante). 3. Devem tentar abordar sexualmente todas as mulheres disponíveis (que agora são muitas) sob pena de serem objeto de chacota dos amigos. 4. Não podem se recusar sexualmente em casa e muito menos na rua. 5. Têm que ser competentes para conduzi-las ao orgasmo (preocupação que inexistia em homens e mulheres até há poucas décadas). 6. Têm que estar à altura das expectativas eróticas delas, o que implica inclusive em um maior cuidado com o próprio corpo (elas agora são as que os julgam também como machos).


A lista poderia ser maior. É fato que as mulheres também estão sendo muito mais exigidas do que antes. Os homens deveriam mesmo é aproveitar o momento, rico em mudanças, para melhorar sua condição e não para se afundar ainda mais em deveres. O lema da emancipação masculina deveria ser: “abaixo o machismo”.

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