Por Flávio Gikovate
Numa avaliação inicial,
pode parecer que o homem livre é aquele que mantém intimidades eróticas com
todas as mulheres possíveis, que não se sente comprometido com nenhuma delas e
que busca o sexo no maior número de circunstâncias possíveis. Penso que este é o
típico escravo do machismo, o que não tem nem uma gota de liberdade.
O homem livre mesmo do ponto de vista sexual é aquele que fracassa em paz! Em
determinadas circunstâncias objetivas ou subjetivas pode acontecer dele se
perceber sem ereção diante de uma mulher atraente, condição de enorme
constrangimento e vergonha para a maioria. Não entrará em pânico e nem irá se
considerar um doente por causa disso. Tratará de buscar as razões para o
surgimento da inibição e não se sentirá julgado e reprovado por sua parceira
em virtude do ocorrido. É portador de uma auto-estima bastante sólida, de modo
que pode se manter sereno numa condições como esta.
O homem livre não se obrigará a quase nada e muito menos a manter relações
sexuais com quem não lhe interessar; não irá se sentir diminuído por causa
disso. Não ficará apreensivo e com medo de ser visto como gay nem pela mulher
e nem pelos amigos de quem a maioria dos homens esconde seus fracassos. Não se
sente rebaixado, uma vez que para ele não existe a idéia de que macho que é
macho tem que…
O homem que estou descrevendo se sente liberto de outros mandamentos do
machismo: não precisa ser bom de briga, não tem vergonha de gostar das artes e
ter uma forma de ser e pensar mais delicada. Não se sente sob julgamento e muito
menos que seu valor como ser humano depende de sua performance sexual. Não vive
se comparando com os outros homens para saber se está na média, abaixo ou acima
dela, quanto ao tamanho do seu pênis, a freqüência de suas relações sexuais
etc.
Em uma palavra, o homem livre é um desencanado. E como são raros os
que vivem de acordo com estes preceitos, que não sentem que estão perdendo
alguma coisa por terem uma vida sexual seletiva e apenas em concordância com sua
vontade. Este sim é que deveria ser objeto de inveja e não os que se vêem
constantemente pressionados a tomar medicamentos para ativar ainda mais a
competência erótica, sempre com o objetivo de melhorar sua imagem perante as
mulheres em geral e os amigos em particular.