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Denise Silva, Marcos Souto, o pivô, e Marcelaine Shummann: triângulo (quase) mortal
Denise Silva, Marcos Souto, o pivô, e Marcelaine Shummann: triângulo (quase) mortal || Crédito: A Crítica/Divulgação
A vítima Denise Silva, Marcos Souto, o pivô, e Marcelaine Schumann: triângulo (quase) mortal || Crédito: A Crítica/Divulgação
Denise Silva, Marcos Souto, o pivô, e Marcelaine Shummann: triângulo (quase) mortal || Crédito: A Crítica/Divulgação

Marcelaine Schumann diz que só queria “dar um susto” em Denise Silva. As duas e o empresário Marcos Souto, pivô do crime, eram casados.  Apesar do escândalo, ocorrido em 2014 e relembrado na edição de julho da Revista J.P, os três mantiveram os cônjuges originais

Por Jamile Alves, de Manaus, e Paulo Sampaio

Casado havia 18 anos, o empresário manauara Marcos Souto, 50, era um homem bastante ocupado. Além da mulher, ele dava atenção a duas amantes. Quando conheceu a bacharel em Direito Denise Silva, 35, com quem ficou dois anos, ele já compartilhava um caso de sete anos com a socialite Marcelaine Schumann, 38. Ambas, por sua vez, tinham seus respectivos maridos. Em determinado momento, o trenzinho descarrilou. A principal atingida foi Denise, vítima de um atentado às 8h do dia 12 de novembro de 2014. Ela se preparava para deixar a academia Cheik Club, no centro de Manaus, onde treinava, quando levou dois tiros na nuca. Embora tenha disparado três vezes na direção do vidro da Mercedes branca dela, o encarregado da execução Rafael “Salsicha” Leal dos Santos, 26, não conseguiu matá-la. Ela abaixou a cabeça e deu ré, a tempo de escapar do terceiro projétil. Por pouco uma das balas não pegou sua coluna cervical. Encaminhada a um hospital público, depois transferida para um particular, ela recebeu alta em dois dias. Até hoje uma das balas está alojada em sua nuca, o que, segundo o legista Mario Cesar de Albuquerque, que assinou o laudo do exame de corpo de delito, ainda a expõe a riscos de morte. Apesar do estrago provocado, a principal suspeita de ser a mandante do crime afirmou que a ideia era “só dar um susto” na outra. “Foi um momento de fragilidade psicológica”, argumentou Marcelaine. A polícia só conseguiu prendê-la cerca de 40 dias depois, porque no dia do crime ela embarcou para uma temporada em Miami.

Com 2 milhões de habitantes, Manaus tem uma “alta sociedade” bastante restrita. Em pouco tempo, a notícia envolvendo os três amantes colunáveis virou um escândalo e gerou manchetes nas “homes” dos principais portais do país. Na mesma semana, Salsicha foi preso na casa da avó, em Anori, município a 234 km da cidade. Quando confessou o atentado, ele apontou como cúmplices o ex-bancário Charles Macdonald, 29, e a autônoma Karen Arevalo, 23. Macdonald planejou o crime e agenciou os participantes; Karen mediou o aluguel da arma. Um quarto suspeito, o vigilante Edney Costa Gomes, 26, acusado de ter fornecido o contato de Salsicha e de Karen, contou que de fato o chamaram para participar do crime e ofereceram R$ 6.500, mas ele recusou, por medo. No inquérito, Macdonald primeiro afirmou que a socialite o contratou para “matar Denise ou deixá-la aleijada”. Em outro momento, disse que ela o ajudou com R$ 3 mil quando teve uma doença grave, e que se ofereceu para fazer o serviço por “gratidão”. A denúncia do Ministério Público apresentava uma terceira versão, segundo a qual o dinheiro que Marcelaine deu a Macdonald no hospital correspondia à primeira parcela do valor combinado para a execução do crime.

A PERSEGUIDA
A socialite foi presa em 5 de janeiro de 2015, no aeroporto de Manaus, quando desembarcava de volta de Miami. Ela recebeu voz de prisão dentro da aeronave. Para se livrar das acusações dos outros suspeitos, sua defesa afirmou que o grupo havia sido contratado para cobrar de Marcos Souto uma dívida de R$ 40 mil, mas acabou atirando em Denise “por engano”. Muito fantasiosa, a história logo foi descartada pela polícia. Mais tarde, no tribunal, a socialite disse que mentiu por orientação do advogado, num momento em que não estava “preparada para a exposição”. Em outra declaração, Marcelaine chegou a dizer que quem a perseguia era Denise, não o contrário: “Ela mandava mensagens me rebaixando, dizendo que a bola da vez agora era ela”, disse.

Em um mandado de busca e apreensão na casa de Marcelaine, a polícia encontrou diversas evidências de que ela é que estava atrás da outra. Entre as provas, uma conta de telefone de Souto com o número de vezes que ele ligou para Denise. No verso, havia informações pessoais da vítima, como endereço, modelo do carro, cor e número da placa, além de detalhes da rotina. Questionada, a socialite admitiu que de fato reuniu as informações, mas alegou que era para se defender da “perseguição”. Presa no Centro de Detenção Provisória Feminino (CDPF), Marcelaine teve o pedido de liberdade concedido, com a condição de não se aproximar de Denise, nem sair do perímetro estabelecido pela Justiça. Entretanto, além de ser vista em restaurantes fora da área prevista, a imprensa local noticiou que ela andava rondando a outra. De volta ao CDPF, a socialite permaneceu encarcerada em cela simples até que apresentou um diagnóstico de transtorno de ansiedade e passou três dias em uma clínica (mas retornou ao centro de detenção, onde permaneceu até o julgamento). Na versão de Denise, que não assumiu o caso com Souto, Marcelaine “ficou paranoica” e chegou a ligar para seu marido para denunciar a traição. Ela contou que a outra ameaçava acabar com seu casamento. Não conseguiu. Apesar do óbvio abalo no relacionamento, seu marido, o advogado Erivelton Barreto, um dos mais influentes de Manaus, manteve o casamento. Denise, que já tinha uma filha com ele, engravidou de novo e agora tem um menino de 5 meses.

UNIÃO ESTÁVEL
Marcelaine era casada havia quase 20 anos com o publicitário Edmar Costa, 67. Presidente da agência Oana, uma das maiores do Amazonas, Costa a conheceu quando ela tinha 19 anos, na cidade de Ji-Paraná (RO), distante 373 km de Porto Velho. Ao voltar para Manaus, o publicitário e ela mantiveram o romance a distância por dois meses, até que a jovem se mudou para a casa dele. De uma família de classe média de Ji-Paraná, a socialite mantém com o publicitário uma união estável, sem partilha de bens. Apesar de ter submetido o companheiro a um constrangimento público, ela afirmou reiteradamente em seus depoimentos que sua relação com ele sempre foi de amor, admiração e respeito. Fez questão de frisar que não há vínculo financeiro entre eles. Disse que trabalha desde muito jovem e ganha seu próprio dinheiro.

O que desestabilizou o casamento com Costa, segundo ela, foi um problema de saúde do marido. De acordo com o que explicou, o publicitário precisou fazer uma cirurgia na próstata que afetou seu desempenho sexual. “A cirurgia foi malsucedida, o problema não tinha prazo para ser resolvido, então nossa relação passou a ser de companheirismo”, explicou. “Ele fez um tratamento com um inibidor de testosterona, o principal hormônio do estímulo sexual, e eu tinha necessidades de mulher.” Ela deu a entender que isso precipitou sua aproximação de Marcos Souto, a quem conheceu na academia. Até ali, garantiu, nunca havia traído o marido.

Souto assumiu que tanto a socialite quanto Denise eram suas amantes, mas, quando perguntaram os sentimentos que nutria por Marcelaine, respondeu categórico: “Eu amo minha esposa”. No dia do julgamento, 6 de junho de 2015, ele apareceu no tribunal desarrumado, com a barba por fazer, e foi chamado pela defesa de “traste”. Muito vaidosa, Marcelaine nunca fez uma aparição pública sem estar apresentável. Já na ocasião em que foi conduzida para prestar depoimento na delegacia de homicídios, ela recusou o paletó oferecido pelo investigador para cobrir o rosto das câmaras. Preferiu usar os óculos escuros dele. Mesmo depois de ser presa, a socialite nunca deixou de “divar”. Sua defesa pediu autorização para que ela frequentasse o julgamento com roupas civis, no lugar do uniforme de presidiária, alegando que o traje das detentas poderia influenciar negativamente o júri, “afetando a imparcialidade do conselho de sentença”. Pouco depois, os advogados dela retiraram a solicitação, afirmando que sua cliente havia desistido de usar suas próprias roupas. No dia, porém, ela surgiu com uma blusa branca, jeans e salto, sombra marrom e unhas em dia.

PRESA #SQN
Todos os acusados confirmaram a versão de que o crime havia sido arquitetado por Charles Macdonald, a quem se atribuiu a mediação com os participantes. Apesar de Marcelaine garantir que não teve nenhum contato direto com Salsicha, ele afirmou no inquérito que os dois se falavam pelo telefone e que ficou acertado que o serviço sairia por R$ 3,5 mil. Quando o matador estava preso, a polícia interceptou um bilhete para Marcelaine no qual ele exigia que ela pagasse o restante do valor combinado, “senão o bicho vai pegar”. “A mandante ofereceu R$ 7 mil para os três envolvidos no crime, mas eles receberam apenas R$ 4 mil”, disse o delegado Paulo Martins, titular da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), que conduziu o inquérito. No tribunal, contudo, apesar de todas as evidências, ele negou conhecer a socialite.

No fim, Marcelaine reconheceu que queria machucar Denise, mas lamentou o mal que causou: “Eu me arrependo muito por tudo o que estou passando hoje”. Salsicha foi condenado a oito anos, e Karen, a sete anos e oito meses. Macdonald pegou nove anos e oito meses. A pena mais leve coube à mandante do crime, Marcelaine Schumann: sete anos e oito meses em regime semiaberto. O promotor Rogério Marques não ficou satisfeito. Entrou com um recurso para aumentar a pena em seis meses. “A vítima não morreu, mas ainda assim foi um crime hediondo”, alegou. Ele acrescentou que Marcelaine “inventou uma história totalmente diferente do que havia sido imputado a ela”. “Entendemos que, por isso, a atenuante de confissão não poderia ser reconhecida e que, assim, ela não podia ter o abatimento da pena.” Se, de fato, a atenuante não fosse reconhecida, “o juiz não poderia fixar o regime inicial da pena no semiaberto. É uma ilegalidade que esperamos ser corrigida”. O recurso está sendo analisado pela Justiça. O advogado de Marcelaine, Eguinaldo Moura, não recorreu da sentença. Disse que tinha feito um acordo com a cliente. “Nós combinamos que, se a condenação fosse no semiaberto, não iríamos recorrer.” Como arrumou um emprego de representante comercial em uma empresa de embalagens, Marcelaine passou a cumprir prisão domiciliar. Por causa das características do trabalho, ela vai poder circular livremente pela cidade. Inclusive nas redondezas da casa de Denise…

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