O assunto desse fim de semana nas principais rodas de empresários e investidores do Brasil foi o envio recorde, supostamente feito por uma família riquíssima de São Paulo, de mais de R$ 50 bilhões (ou perto de US$ 9 bilhões, pelo câmbio atual) em ativos líquidos para o exterior. Sem que quaisquer nomes fossem citados, a informação foi originalmente publicada no domingo pelo colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, e desde então se tornou alvo de especulações.
Isso porque são raras as famílias brasileiras com tamanha liquidez, em geral clãs de banqueiros, sem falar que a soma em questão e seu destino além-mar são um claro indicativo de que, seja lá quem estiver por trás dessa movimentação sem precedentes, sua certeza é de que as coisas por aqui não vão muito bem e não tendem a melhorar em um futuro próximo.
Frise-se que tudo teria sido feito às claras, e só em impostos de transmissão ITCMD (Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), mais de R$ 2 bilhões sobre a transação foram pagos ao governo paulista, que em tempos de redução nas arrecadações fiscais por causa da pandemia deve ter soltado foguetes com o recolhimento inesperado que surgiu em seu caixa.
Agora, aos nomes! Nos bastidores da Faria Lima, muita gente acha que Joseph Safra, o homem mais rico do país, pode ter sido o responsável pelos bilhões movimentados. Mas há quem acredite que o banqueiro já tenha feito algo nesse sentido em 2012, quando comprou o banco Sarasin (rebatizado J. Safra Sarasin), da Suíça, e transferiu para lá seu domicílio fiscal, praticamente zerando sua posição líquida em reais.
O também banqueiro Aloysio Faria, morto no mês passado, foi outro suspeito citado pelos faria limers. Nesse caso, no entanto, seus familiares prontamente negaram qualquer ligação com o assunto e ainda lembraram em off que providenciar o pagamento de um ITCMD tão volumoso em menos de 30 dias é impossível. Restou Moise Safra, o irmão de Joseph que morreu em 2014, e cujos herdeiros têm grandes chances de serem a tal família. (Por Anderson Antunes)
Update: ao contrário do que foi originalmente noticiado por Jardim em sua coluna no Globo no último domingo, os R$ 50 bilhões atribuídos ao clã paulista não teriam sido enviados ao exterior, mas sim repatriados sem a devida recolha do ITCMD, e conforme a assessoria de imprensa da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo mais tarde informou ao Glamurama.
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