Condenada, no fim de 2021, pelos crimes sexuais e de tráfico humano dos quais era acusada no escândalo Jeffrey Epstein, a outrora socialite, ex-namorada e assessora especial para assuntos pouco ortodoxos do multimilionário, Ghislaine Maxwell, finalmente ouviu sua sentença na terça-feira da semana passada, quando foi informada pela justiça dos Estados Unidos de que seus próximos 20 anos serão vividos atrás das grades.
Por enquanto em solo americano mesmo, mas em breve, quem sabe, em alguma penitenciária de seu país natal, o Reino Unido, menos barra-pesada que a americana em que está presa desde 2020, e isso somente caso sua família consiga transferi-la para os domínios de Elizabeth II como já está tentando há algum tempo de todas as formas e até mesmo na ONU.
Menos do que os 30 anos de reclusão que muitos pensavam ser a pena mais provável, mas bem mais do que Maxwell gostaria, evidentemente, ela parece ter começado a fazer uso daquilo que hoje em dia é considerado como uma “commodity” – e das mais caras! – e que no caso é toda a informação, das boas, que tem para dividir com os ávidos por mergulhar em seus segredos.
Conhecedora de muitos verdadeiros esqueletos no armário envolvendo poderosos que podem lhe servir como moeda de troca de alguma maneira, Maxwell teve seu sentenciamento anunciado coincidentemente apenas alguns dias antes que começaram a circular na imprensa britânica matérias dando conta de maiores detalhes sobre suas conexões e das de Epstein com o príncipe Andrew, filho da última monarca ungida da Europa, no trono lá se vão mais de sete décadas.
O “Daily Mail”, um dos tabloides britânicos mais lidos, inclusive reportou recentemente uma “exclusiva” segundo a qual Maxwell, graças à sua ligação com o “royal”, chegou a ter “acesso irrestrito” ao Palácio de Buckingham, a residência oficial de Sua Majestade em Londres, que a criminosa teria visitado com frequência desde o começo dos anos 2000 até sua queda junto com Epstein, em 2019.
Isso pode tornar a vida de Andrew muito mais difícil se for provado, lembrando que mesmo apesar de ser tratado como o herdeiro favorito da rainha da Inglaterra isso não a impediu de puni-lo com sua “demissão da monarquia” mais famosa do mundo, e que talvez por remorso desembolsou milhões de libras esterlinas de seu próprio bolso para livrar o polêmico herdeiro de uma dor de cabeça judicial nos EUA.
Vale aqui um parêntese: na visão de experts nesse tipo de imbróglio que se desenrola na frente das câmeras, Maxwell deu mais esse chute em cachorro morto para mostrar aos que têm potencial para se dar tão mal quanto o pai das princesas Beatrice e Eugenie com o intuito de avisá-los que precisa deles, e que se for ignorada seus fins poderão ser iguais ou piores do que o de Andrew, que pelo visto ainda vai se incomodar muito pela frente.
Aos 60 anos, e com mais da metade de sua vida dedicada a Epstein, a presidiária mais notória da atualidade entende muito bem desse tipo de recado dado em entrelinhas, porém ninguém sabe se esse possível último dela vai surtir o suposto efeito a que foi atribuído. Certeza mesmo só a de que seu nome não deixará de ser mencionado na imprensa tão cedo.