Miá Mello sabe assobiar sem mexer a boca, já salvou um peixe com uma xícara e acredita que um dia os homens serão capazes de parir. Conversar com humorista é assim, sempre saem pérolas como essas… Enquanto comemora o sucesso de Mãe Fora da Caixa, peça de teatro que quer desromantizar a maternidade, a paulistana de 39 anos entrega que fazer rir cansa, sim – ainda mais sendo mãe de dois.
Por Fernanda Grilo para revista JP
J.P: Você tem algum momento de mau humor?
MIÁ MELLO: Claro, quando fico doente. Uma gripezinha para mim já é ebola.
J.P: Uma cena hilária da vida real?
MM: Quando meu filho deixou o aquário de uma amiga cair. Fiquei tão desesperada que pedi para o filho dela buscar uma xícara com água. O peixe sobreviveu, na xícara, mas quase tive que fazer um “boca a boca” no bichinho.
J.P: Fazer rir cansa?
MM: Ah, cansa. Falo com veemência porque fiz um programa de viagem que não tinha roteiro. Por quase 40 dias gravei tendo que improvisar para ficar divertido. Quando voltei queria ficar quieta num quarto escuro sem me relacionar com ninguém.
J.P: O que descobriu depois de ser mãe?
MM: Não existe controle de nada. Queria que a maternidade fosse que nem as minhas planilhas do Excel, que eu poderia ir “ticando”.
J.P: Dá para romantizar a maternidade?
MM: Ela já é! Cabe a todos exatamente o contrário, desromantizar, porque cansa e de vez em quando você não sabe mesmo o que fazer.
J.P: O que uma mulher faz que um homem não faz de jeito nenhum?
MM: Gerar e parir uma criança, mas acredito que a ciência vai evoluir e imprimir um útero em 3D. J.P: Momento mais brilhante… MM: Quando estreei a peça Mãe Fora da Caixa.
J.P: Um bordão?
MM: “Filho é bom, mas duuuura.” Meu pai sempre diz isso.
J.P: Concorda com as mulheres serem “multitarefas”?
MM: A gente tem que pensar, planejar, administrar e quando sai do controle arrumar a bagunça. Falam que a mãe é uma super-heroína e eu respondo: “É por isso que sou supercansada”.
J.P: Papel inesquecível?
MM: A Miá do filme Meu Passado Me Condena – O Filme (2013), até porque ela tem meu nome e jamais esquecerei, né?
J.P: O que te condena no seu passado?
MM: Na adolescência virei patricinha, mas decidi fazer intercâmbio na Califórnia. Voltei querendo ser skatista, surfista e tive até uma banda de hip-hop, acredita?
J.P: A comédia é machista?
MM: Vemos um movimento das mulheres se empoderando. O filho também é demanda do homem, por exemplo, mas nossa sociedade é machista e patriarcal, em que o homem tem benefícios e privilégios. Por hora é a luta que impera.
J.P: Se pudesse mudar alguma coisa em você o que seria?
MM: Ter mais habilidade para os negócios. Sou muito emocional: vejo como as pessoas são frias para tomarem decisões e eu mal durmo durante dias.
J.P: Extravagância consumista?
MM: Uma sapateira para o meu quarto, custou uma boa grana.
J.P: Um talento que ninguém conhece?
MM: Sei assobiar sem mexer a boca, só com língua. Acho um baita dom.
J.P: O que não sai da sua cabeça?
MM: “Waiting in Vain”, do Bob Marley. Estou numa onda reggae.
J.P: Maior mentira que já contaram sobre você?
MM: Não lembro, olha que coisa boa. Tenho essa característica: dou uma deletada no que é ruim – o que é bom e ruim, aliás.
J.P: Quando você mente?
MM: Todo dia. Mentira faz parte da nossa linguagem.
- Neste artigo:
- mia mello,
- revista jp,