Ela é perfeccionista, chocólatra e dona de uma autoestima lá em cima. Não foi fácil, garante, mas agora IZA é a cantora mais power da vez. Adora um papo-cabeça, é exemplo de empoderamento e a indicada do ano no Grammy Latino – isso tudo com 28 anos e só três músicas nas paradas. Aqui, confessa que desafina mesmo, que já se jogou no “embromation” e que sua melhor versão é quando está sentada no chão de casa, numa boa.
Por Fernanda Grilo para a revista Joyce Pascowitch de Outubro
J.P: O que faz quando desafina?
IZA: Finjo demência.
J.P: Já foi adepta do embromation?
IZA: Super! Recentemente, estava cantando no Viaduto de Madureira e me sentia muito ansiosa porque gravei o clipe de “Pesadão” lá. Esqueci as letras, mas fiz tanto carão que as pessoas nem perceberam.
J.P: Qual a música da sua vida?
IZA: Se você me perguntasse qual era quando tinha 5 anos, diria “Ilariê”. Hoje, é “Dona de Mim”, porque é a canção que estou lançando.
J.P: E o que é ser dona de mim?
IZA: Olhar para você com os próprios olhos. Muitas vezes a gente se olha pelos olhos da sociedade e acha que tem que mudar isso ou aquilo porque o mundo “diz” que está errado. E não só aparência, mas modo de vida, com quem anda, dorme e até vota…
J.P: Qual mensagem quis passar ao usar a expressão “bruto com carinho”, trecho dessa música?
IZA: Isso tem a ver comigo, é intenso, um rompante porque foi bruto quando entendi que precisava ser eu. Uma mudança como a minha, de passar a me amar, é um passo grande a ser dado, sabe?
J.P: Como chegou nesse nível de empoderamento sendo tão jovem?
IZA: Não foi fácil. Sempre fui questionadora, mas, ao mesmo tempo, tinha vergonha de mim. Tanto que só comecei a cantar para os outros com 14 anos, sendo que faço isso desde pequena. Comecei a ver que tudo bem ser diferente. Comecei a questionar: estou alisando o meu cabelo porquê? Me vestindo assim porquê?
J.P: Ser negro e bem-sucedido no Brasil é…
IZA: Exceção.
J.P: O YouTube para você é…
IZA: Gratidão. É uma das melhores formas de se comunicar, os vídeos viralizam e na situação mais precária você só precisa de uma câmera e internet.
J.P: Pior e melhor em ser famosa?
IZA: Eu lido com a fama, não gosto dela. Sempre quis ser reconhecida e não famosa, são coisas diferentes. A fama traz privilégios, mas a falta de privacidade é enlouquecedora.
J.P: O que faz com o seu dinheiro?
IZA: Ajudo a família, mas grande parte guardo. Essa carreira é linda, mas instável e se eu falar: “Não quero mais cantar”, tenho que ter o pé de meia. Sou meio perua, gosto de sapato, joia….
J.P: Tem alguma extravagância consumista?
IZA: Dar presentes para os meus amigos com viagem, festas, patrocinar essas coisas, é uma forma bacana de gastar e todo mundo aproveita junto.
J.P: Um talento que ninguém conhece?
IZA: Desenho desde pequena, queria ser estilista, designer de joias, arquiteta e depois, graças a Deus, tudo isso passou e decidi ser cantora.
J.P: Mania?
IZA: Arrumação.
J.P: Vício?
IZA: Chocolate. Amo 70% meio amargo e já me ajuda. Não faço dieta, como tudo.
J.P: Quem gostaria de ser?
IZA: Sei lá, tô muito feliz sendo eu.
J.P: Qual sua melhor versão?
IZA: Em casa, leve, com a minha família, sentada no chão da sala, comendo e bebendo. Amo fazer um churrasco.
J.P: Se pudesse mudar alguma coisa em você, o que seria?
IZA: Já quis mudar meu perfeccionismo, mas tem sido bom para o meu trabalho. Mas hoje mudaria a minha ansiedade, passo mal. Minha mão fica suada.
J.P: O que gosta da vida moderna?
IZA: A rapidez como consigo resolver as coisas. Ao mesmo tempo não curto me expor o tempo inteiro. A vida pública é muito maluca.
J.P: Já foi vítima das fake news?
IZA: Sim! Sempre falam que briguei com essa ou aquela pessoa. Comparam cachês que não existem, até para menos,para me diminuir.
J.P: Qual é o melhor do Brasil?
IZA: O melhor são as pessoas, somos muito criativos, sorridentes e receptivos.
J.P: E o pior?
IZA: A política, é assustador como eles não têm pudor em nada.
J.P: O que falta fazer na vida?
IZA: Ah, estou plena, muito bem, feliz, mas falta muita coisa: só lancei três músicas…
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