Publicidade
Marco Pigossi
Reprodução/Instagram

Marco Pigossi estava em meio a um turbilhão de situações pessoais e coletivas em 2020 quando recebeu um convite inusitado: produzir, pela primeira vez, um filme. E não qualquer filme, mas o documentário “Corpolítica”, sobre a representatividade da comunidade LGBTQIA+ no processo político daquele ano no país que mais mata homossexuais no mundo. 

O longa de Pedro Henrique França, que conquistou no último sábado (19) o prêmio do público na 30° edição do Festival Mix Brasil, em São Paulo, após levar outros prêmios em Lisboa, Brasília e Rio de Janeiro é visto hoje pelo ator como um “presente”, já que o ajudou a entender e processar melhor o que estava passando.

“Pela primeira vez eu pude me incluir na minha comunidade. Entrei no filme em um turbilhão muito pessoal que foi a minha saída do armário publicamente”, conta ele que, em 2021, anunciou, em uma foto no Instagram, que estava namorando o diretor italiano Marco Calvani. “Quando comecei a ver as imagens desse filme passei a entender e as coisas começaram a fazer sentido pra mim. Eu quero usar esse espaço para dar voz a esses candidatos que estão no campo de batalha.” 

Foto: Divulgação/Netflix

Diante de um tema complexo e, até então, pouco explorado, o ator de 33 anos afirma que tudo foi um desafio para produzir o documentário. Pigossi lembra que “Corpolítica” foi produzido no auge da polarização política no país, com nenhum apoio ou incentivo estatal ou privado. 

“Tudo foi feito na base do amor e com financiamento próprio. Enfrentamos todas as dificuldades possíveis e imagináveis. Foi em um esquema de mega guerrilha tentando conseguir cobrir esses personagens e acompanhá-los nesse processo sem nenhum tipo de incentivo para nada”, diz ele, ao perceber que nem mesmo os privilégios de que sempre dispôs funcionaram nesse front. “Em um filme sobre candidaturas LBGTQIA+, podia ser o Marco Pigossi ou o Brad Pitt, os telefones eram desligados na cara do mesmo jeito.” 

Para adicionar um pouco mais de dificuldade na produção, uma pandemia atravessou o caminho das filmagens. A equipe, ele afirma, era composta por apenas cinco pessoas e, para tornar ainda mais desafiador, o paulistano não acompanhou as filmagens no set por já estar vivendo em Los Angeles, e seu visto não permitia a saída do país. 

“Foram vários os momentos que olhamos um para o outro e falamos: ‘Esse filme não vai sair do papel’. Então para a gente conseguir exibir esse filme hoje, com prêmio no Rio de Janeiro, em Lisboa e com uma lista de festivais pela frente, é gratificante”. 

De volta à atuação 

Satisfeito com os prêmios e a recepção do público ao longa até aqui, Pigossi diz que não tem pretensões de embarcar na aventura de produzir novamente, embora não descarte atender a outro convite que o faça rever suas certezas.

“Se vier outra oportunidade como essa de novo eu faria. Se forem assuntos ou personagens que eu quero fazer, eu me aventuraria, mas é muito cruel de produzir cinema no Brasil”, afirma. 

Por enquanto, o ator volta a se dedicar ao que sempre soube fazer. Para a alegria dos fãs, estará nas telinhas em 2023 com a segunda temporada de “Cidade Invisível”, da Netflix, além do spin-off de ‘The Boys’, série do Prime Vídeo. 

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Instagram

Twitter