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Corpolitica
Foto: Divulgação/Liz Dórea

O recorde de candidaturas LGBTQIA+ durante as eleições municipais em 2020 motivaram o jornalista e diretor Pedro Henrique França mergulhar em um mundo, até então, pouco explorado: a representatividade da comunidade no processo político no país que mais mata homossexuais no mundo.

Foi assim que o premiado documentário “Corpolítica” nasceu, em meio à pandemia, com poucos recursos. Premiado como melhor documentário no Festival do Rio, o longa faz sua estreia em São Paulo durante a 46° Mostra Internacional de Cinema, em duas exibições, nesta quinta-feira (27) e sábado (29). 

No longa, o diretor reúne seis candidaturas de pessoas LGBTQIA+: Andréa Bak, Erika Hilton, eleita em 2022 como uma das duas primeiras mulheres trans deputada federal, Fernando Holiday, Monica Benicio, Thammy Miranda e William De Lucca — além de entrevistar atores políticos atuantes, como Erica Malunguinho e Jean Wyllys.

Investigar essa sub-representatividade e quais os principais efeitos disso na sociedade, afirma França, não se refere apenas aos números de violência contra as comunidades LGBTQIA+, mas sim sublinhar as leis de direito ou proteção à população, tendo em vista que as que existem hoje partiram do poder judiciário, no vácuo da omissão do Congresso Nacional.

“É muito sintomático que no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo não existam políticas legislativas até hoje promulgadas a favor da população”, disse ao GLMRM

Diante de um segmento complexo e com pouca visibilidade, o diretor afirma que acompanhar o processo de produção do documentário fez enxergar o quão injusto é o fato de que pautas e pessoas LGBTQIA+ serem inseridas no debate em todas as eleições — incluindo a atual — sem que, ao menos, representantes sejam chamadas para debater. 

“As pautas LGBTQIA+ são sempre inseridas em um cenário de polêmicas e tabus, como se fosse algo que vai destruir a família, quando na verdade é o discurso de ódio que mata essas pessoas diariamente”

“As pautas LGBTQIA+ são sempre inseridas em um cenário de polêmicas e tabus, como se fosse algo que vai destruir a família, quando na verdade é o discurso de ódio que mata essas pessoas diariamente, que destrói famílias, destrói sonhos”, observa França. “O documentário também traz muito disso, como historicamente nos colocam no debate sem a gente estar nos debates. Então é importante, sim, que políticos LGBTs façam parte desse processo para que a gente comece a naturalizar nossas possibilidades e sonhos.” 

“Corpolítica” desembarca em São Paulo depois de viajar por Lisboa, Brasília e Rio de Janeiro. Com produção do ator Marcos Pigossi, ganhou o prêmio como “Melhor Documentário pelo Público” em sua estreia internacional no festival Queer Lisboa, em Portugal, além de “Melhor Roteiro” pelo Festival Internacional de Brasília e o “Prêmio Félix de Melhor Documentário” no Festival do Rio. A obra também caminha para concorrer, ainda este ano, nos festivais MixBrasil, em São Paulo, no Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles, e no Merlinka Festival, na Sérvia.

Corpolítica’
Onde: 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Quando: nesta quinta (27), no Espaço Itaú Frei Caneca e no sábado (29), no Instituto Moreira Sales

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