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Ivana Trump
Foto: Rebecca Smeyne/Getty Images)

Se não foi, vá lá, a mais elegante das socialites americanas que reinaram absolutas nas colunas sociais dos Estados Unidos nos anos 1980 e começo dos anos 1990, Ivana Trump, primeira mulher de Donald Trump, foi certamente a mais citada.

Encontrada morta nessa quinta-feira (14) perto do primeiro degrau da escada de sua townhouse na East 64th Street de Nova York, Ivana, que tinha 73 anos, teria sofrido uma parada cardíaca quando começou a descê-la. Socorristas foram chamados até o local no começo da tarde do dia, mas não tiveram muito o que fazer e a polícia de NY está investigando os detalhes do ocorrido, cujas reais circunstâncias podem ser bem diferentes do que se suspeita por enquanto.

Esse é mais um mistério na biografia de uma mulher que guardou e fez muito, mas também se expôs ao extremo. Às vezes por questão de praticidade, e em muitas outras simplesmente porque amava aparecer.

Ivana Trump
Foto: Paul Bruinooge/Patrick McMullan via Getty Images

Nascida durante o regime comunista da antiga Tchecoslováquia, Ivana imigrou para a América no começo dos anos 1970, a fim de fugir da barra pesada que era a regra em sua terra natal. Seu primeiro casamento, em 1971, foi “arranjado” com o instrutor de esqui austríaco Alfred Winklmayr, exclusivamente para obter a mesma cidadania dele. Deu certo, apesar de que demorou um tempão até que seu passaporte emitido na Áustria saísse, dois anos depois da união de mentirinha.

Em 1973, Ivana – que foi esquiadora profissional e quase integrou o time oficial de esquiadores tchecos que competiu nas Olimpíadas de Inverno do ano anterior – embarcou para o Canadá, onde morou pouco tempo, em seguida se mudando para os EUA depois de receber uma proposta para dar aulas de esqui em uma escola de esportes de Los Angeles.

Mas, a vida de Ivana, a provocadora, como a lembraremos, começou mesmo em meados dos anos 1970, em razão de sua decisão de trocar LA por NY, para morar e trabalhar como modelo. Nessa fase de sua vida profissional, teve como clientes a tradicional e extinta loja de departamentos canadense Eaton’s e o comitê organizador das Olimpíadas de Verão de 1976, realizadas na cidade canadense de Montreal, do qual foi garota-propaganda e sendo esse um job que mudou sua vida.

GLMRM explica melhor esse e aborda outros quatro momentos que marcaram a trajetória da Ivana, uma daquelas personalidades que basta mencionar o primeiro nome para saber quem são. Algo e tanto para uma imigrante de um país que integra o clube dos “primos pobres” entre os europeus, e que chegou com quase nada nos EUA e acabou subindo ao altar com o portador de um dos sobrenomes mais notórios da nação mais rica e poderosa do mundo.

O casamento

1982: Ivana Trump e Donald Trump em Nova York. Foto: Sonia Moskowitz/Getty Images

Ivana foi a primeira mulher de Donald, e ele o segundo marido dela depois de Alfred. No entanto, Donald foi a sua maior paixão, que era recíproca.

Foi durante um evento de promoção das Olimpíadas de 76, em NY, que os dois se conheceram. E, segundo ambos já confessaram, seu amor mútuo nasceu a partir dali. Donald, naqueles tempos longe de ser famoso como é hoje em dia, era então um herdeiro rico que queria casar. Já Ivana buscava um marido que a permitisse ter uma vida estável, mas, o fato de que lhe surgiu justo um pretendente com essa característica, e por quem por acaso ela se apaixonou logo de cara, a fez acreditar que a sorte estava do seu lado.

A troca de alianças do casal, em 1977, teve como cenário a centenária Marble Collegiate Church de Manhattan, igreja protestante famosa e até tida como “chic” pelos nova-iorquinos. Noticiada aos montes, serviu para torná-los personagens frequentes da “Page Six”, a coluna de fofocas mais famosa do mundo, que por acaso nasceu naquele mesmo ano.

As festas

Ivana com Estelle Lefebure e Thierry Mugler em Paris. Foto: Foc Kan/WireImage

Uma vez casados, Ivana e Donald foram viver juntos em um apartamento para poucos na Quinta Avenida de NY, no qual deram festas homéricas sempre com jornalistas e fotógrafos presentes, mas isso somente até que alguém chegasse aos profissionais e os pedisse, educadamente, para irem embora.

Dizem que a diversão de verdade desses soirées começava a partir daí, sempre com muito champanhe da melhor qualidade e outras “cositas más” que deixariam muitos trumpistas de carteirinha com o rosto vermelho de raiva (ou de inveja…). Essa foi a rotina do ex-casal durante anos, mas foi interrompida brevemente assim que Ivana e Donald mergulharam de cabeça no projeto que desenvolveram praticamente juntos, a construção da Trump Tower, um dos prédios mais famosos da Big Apple.

Inaugurado em 1983, o arranha-céu de 58 andares teve os últimos três reservados para servir de residência aos Trumps, que o decoraram de acordo com seus gostos, bastante parecidos, com direito a muito dourado misturado com mobiliário moderno dividindo espaço com cadeiras Louis VX e muito mármore por todos os cantos.

Uma vez instalados em seu tríplex, Ivana e Donald voltaram ao agito de antes e o abriram inúmeras vezes para as revistas de celebridades, assim como nele receberam muitos famosos e poderosos, e basicamente tinham como ocupação principal a organização dos jantares e afins que davam no apê. Mal sabiam, no entanto, que a glória que experimentavam se tornaria o calcanhar de Aquiles de seu conto de fadas particular.

O divórcio

Tal como duas porções de matéria não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, como diz a ciência, duas pessoas que se alimentam de holofotes e dividem o mesmo teto cedo ou tarde provavelmente irão bater de frente.

E, com Ivana e Donald não foi diferente. Bastou ela começar a chamar mais atenção do que ele para que as coisas começassem a azedar. Isso somado às puladas de cerca dele, mais as dela, conforme reza a lenda, e a constatação de que suas personalidades eram infladas demais para que ambas coubessem em um mesmo lar fez do que antes era só love virar guerra.

Foi Ivana quem pediu o divórcio, citando as infidelidades do marido como sua motivação, e apresentando a conta: metade da fortuna de Donald, àquela altura estimada em uns US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões).

Uma briga nos tribunais entre os outrora pombinhos que atiçou a imprensa durante vários meses se seguiu, rendendo manchetes até mesmo nas páginas de economia de grandes jornais americanos, e só terminou quando Ivana, que de boba não tinha nada, ameaçou pedir uma análise judicial feita com lupa das finanças do ex-amado, até hoje o maior dos medos que o acompanham.

Donald, então, acenou com a bandeira branca, e ofereceu US$ 50 milhões (R$ 271,6 milhões), equivalentes a pouco mais de US$ 100 milhões (R$ 543,3 milhões) atuais, para enterrar o processo litigioso e acertar seu divórcio com Ivana com um acordo extrajudicial que assinaram em 1992.

Divorciada e com a conta bancária recheada de milhões, a tcheca americana se mandou para a Europa, para curtir um longo período de dolce far niente. Mas deu um pivô nos EUA em 1996, só para gravar uma ponta de luxo no filme “O Clube das Desquitadas”, um sucesso de bilheteria estrelado por Diane Keaton, Goldie Hawn e Bette Midler, todas interpretando mulheres trocadas por seus maridos ricos por namoradas bem mais jovens.

Revelar o que se passa no filme além disso seria um spoiler desagradável, mas nas últimas cenas Ivana surge, como ela mesma, dando um conselho para o trio: “Não fiquem com raiva, fiquem com tudo”.

Os namorados

Uma vez estabelecida no velho continente, Ivana teve casas na Itália, em Paris e passava sempre que podia por destinos quentes como a Riviera Francesa, o litoral da Espanha e Mônaco.

Ivana também adotou um perfil low profile para o grande público. Em privado teve vários affairs, sempre com homens lindíssimos, bem mais jovens e capazes de chamá-la constantemente de “belíssima” todas as manhãs.

Dois desses romances acabaram em casório; com os italianos Riccardo Mazzucchelli, em 1995, e Rossano Rubicondi, em 2008, e também terminaram em divórcios, respectivamente em 1997 e 2009. Com relação ao primeiro, o motivo para justificá-lo foi “diferenças irreconciliáveis”. Já o do segundo tem nome e sobrenome: Roffredo Gaetani, um antigo amor de Ivana, que o reencontrou em 2005, então ainda casada com Rossano.

Como a logística de manter o casinho secreto não funcionou por muito tempo, Ivana e Rossano escolheram seguir caminhos diferentes, o que a permitiu se entregar por inteiro para Roffredo, com quem nunca cruzou a linha de um namoro, mas chegou a descrevê-lo como seu melhor parceiro romântico. E também o último, até sua morte repentina nessa quinta.

O “And…Scene!”

2018: Ivana Trump no TV show ‘Ballando Con Le Stelle’ (Dancing with the Stars)em Rome, Italy. Foto: Elisabetta A. Villa/Getty Images

Ivana não foi estrela da telona, mas parecia uma. Sem dúvida, foi mais famosa do que muitas, e nutria uma fascinação especial pela fama, pelo “ser famosa”, tanto quanto seu ex-marido mais “megastar” dá inúmeros indícios de também ter.

No entanto, em seus últimos anos, curtir o que há de melhor ao lado de homens que a mantivessem alegre, e, sobretudo, respeitassem sua predileção por protagonismo, foi sua regra. E, mesmo apesar de ter morrido de repente, algo que de certa forma combina com sua biografia cheia de reviravoltas, a mãe de Ivanka Trump, Donald Trump Jr. e Eric Trump, seus maiores amores e por quem foi idolatrada tanto quanto seus herdeiros idolatram o pai, entra facilmente no rol dos que partem com todos os itens marcados em suas “bucket lists”, expressão em inglês usada para definir as coisas mais importantes para se fazer antes de ir dessa para uma melhor.

“Ninguém deve carregar arrependimentos, ficar só no ‘e se…’. Aprendi muitas coisas em minha caminhada, tanto nos bons quanto nos piores momentos que tive. De maneira geral, posso dizer que pensar assim me permitiu ter uma vida fabulosa”, disse Ivana durante uma ocasião em que foi questionada sobre o segredo de sempre ter um sorriso no rosto.

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