Esses dias estava conversando com uma amiga que é microinfluenciadora e opta por nem sempre aparecer falando nos stories, por medo de não estar apresentável, por não ficar bom o suficiente e coisas do tipo.
Nessa conversa mostrei pra ela um gráfico sobre o Brasil ser o país em que o público mais compra produtos baseados na indicação de um influenciador e comentei também sobre uma matéria que falava da importância dos influenciadores brasileiros criarem essa cultura de aparecer falando em tempo real nos stories e criando uma conexão com os seguidores.
Falo isso para abordar um tema que me interessa, instiga e atravessa: a autenticidade. Quando criança, eu escutava muito que era uma pessoa autêntica. Porque desde pequena eu era tagarela, falava de forma completamente expressiva utilizando as mãos e não tinha muito medo de ser eu mesma. Como já contei aqui na coluna anteriormente, fiz teatro por muitos anos. Na minha primeira peça de teatro da vida, quando tinha ainda uns 6 anos de idade, eu interpretei um sapo. Sim, um sapo. A peça se chamava “A pílula falante”, uma história do “Sítio do Pica-pau Amarelo”. Evidentemente, ao pensar no Sítio é natural relacioná-lo diretamente a personagens como Emília e Narizinho, papéis que não me foram designados.
Só que eu gostava tanto daquela aula de teatro, que o fato de ser um sapo não diminuía a importância do que estava fazendo. Pelo contrário, me vi na chance de fazer um sapo do meu jeitinho, com a minha autenticidade. Tenho os vídeos dessa peça até hoje e me divirto assistindo o quanto de fato consegui construir um personagem marcante e autêntico. Lembro que minha “falta de filtro” era tanta que naquela peça eu avisei na frente de todo o público que uma das minhas colegas de cena estava de costas para a plateia, o que a professora havia ensinado que era “proibido”.
‘A vida é agora, é pra ser intensa, é pra ser de verdade e acima de tudo: é pra ser autêntica mesmo. Que triste é ver que nos privamos por medo de julgamentos alheios’
Olhando para trás, mesmo tendo realizado tantas peças de teatro, o personagem que melhor interpretei foi o sapo. E por que? Porque eu era só uma criança que não estava nem aí para possíveis julgamentos, eu só queria fazer o melhor sapo que eu pudesse, independente do quão “estranho” ele parecesse. O tema da autenticidade me atravessa justamente por eu sentir que é algo que a gente perde tanto ao longo da vida e dos julgamentos alheios.
Aquela minha amiga que eu comentei no começo do texto é ótima no que faz e ela ama o que faz, é uma pena o medo falar mais alto. Uma influenciadora que fala muito sobre isso é a Thai de Melo. Muitas vezes, quando está indo trabalhar, ela posta a seguinte frase: “Indo exercer um papel que só eu posso ser: eu”. Thai é daquelas que sabe que ninguém no mundo é igual e que portanto nunca existirá alguém igual a ela. E juro que quando entendemos isso parece que uma chave mágica gira no cérebro e a intensidade de exercer nossa própria personalidade se torna muito mais legal.
Ainda sobre a Thai, lembro de ter visto um post muito legal uma vez, que me identifiquei demais. Também trazendo da minha infância, eu tinha quase que uma tradição de toda vez que comprava um sapato novo (porque já era vaidosa e achava o máximo escolher sapato como presente nas datas comemorativas), eu precisava sair da loja calçando ele. Eu não aguentava esperar para alguma ocasião especial, eu sentia que aquele momento já era suficientemente especial para usar um sapato que eu gostei tanto e que meus pais me deram com tanto amor. E o que isso tem a ver com a Thai? Ela sempre usa roupas fantásticas e uma vez contou que quando perguntam “nossa, mas para onde você está indo vestida assim?” ela simplesmente responde: “eu tou indo viver, existe compromisso mais importante que esse?”. Eu e a Julia de 6 anos de idade que ainda habita aqui dentro nos sentimos representadas pela resposta.
A vida é agora, é pra ser intensa, é pra ser de verdade e acima de tudo: é pra ser autêntica mesmo. Que triste é ver que nos privamos por medo de julgamentos alheios. Que pena que é postergar nossas vontades pra depois, pro dia especial, pra quando a vergonha passar. Se serve como algum incentivo a você leitor: vai lá e faz o que está com vontade de fazer, de usar, de falar. Retomando o que disse antes e como vi a criadora de conteúdo Lua Ferreira postando uma vez: “A vida não é pra quem guarda as roupas para usar em ocasiões especiais.”
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