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Paulo Betti lançará em breve ‘A Fera da Selva’ ao lado de Eliane Giardini / Crédito: Instagram

Desde os 20 anos envolvido com o universo artístico, Paulo Betti é um ator consagrado e não descansa quando o assunto é trabalho. Prestes a lançar seu novo filme, ‘Uma Noite Não É Nada’, nessa terça, ele tem se dividido entre TV e pré-estreias. Além do longa, Paulo está em ‘Órfãos da Terra’, novela das 6 da Globo, e também vai lançar em breve ‘A Fera na Selva’, em que atua e dirige. O ponto em comum nesses dois projetos é o reencontro com a ex-mulher, Eliane Giardini. “O meu casamento com ela é algo bíblico. Temos uma relação forte e nos entendemos muito bem. Atualmente, eu estou casado com Dadá (Coelho), e elas se adoram. Na verdade, tenho muita sorte em ter relações saudáveis”, comenta.

Paulo também abriu o coração sobre os momentos difíceis que passou ao lado da família. Antônio, neto do ator, morreu com 1 ano, no final de junho, de câncer. “O nosso anjo, chamado Antônio, fez com que ficássemos ainda mais juntos para buscar conforto. Sofremos muito, mas crescemos”, conta. Aos 66 anos e mais ativo do que nunca, Betti também está na linha de frente de um projeto literário e cinematográfico, que tem como objetivo integrar o público e ensinar gratuitamente o processo de adaptação de histórias para a telona. Mesmo com tudo acontecendo ao mesmo tempo, Paulo Betti não reclama e até encontrou um tempo para conversar com Glamurama.

Glamurama: Este mês você estreia no cinema com o filme “Uma Noite Não é Nada”, como protagonista. O que pode nos contar sobre o seu personagem?
Paulo Betti: Interpreto um professor que leva uma vida sem sabor, rotineira e desgastada. Inclusive o casamento está parado e, nesse momento, ele se sente atraído por uma aluna e se envolve. Mas é algo bem mais complexo. Ela conta que é soropositivo e ele entra em uma aventura irresponsável.

G: Uma das discussões do filme é a diferença de idade entre os personagens, certo?
PB: Esse é um dos pontos do filme, mas não é o debate principal. Sabemos que, quando a diferença de idade é grande, algum fator pode atrapalhar mais pra frente, e nesse caso o amor precisa de adequações. Essa é uma das questões do filme.

G: Você foi casado com a Maria Ribeiro, que é 20 anos mais nova. Chegou a se basear na sua própria experiência de vida para construir o personagem?
PB: Não, é algo muito diferente. A minha relação com a Maria não tem nada a ver com a história, sempre foi algo muito saudável. No filme, é uma relação doentia. Até hoje eu e a Maria somos amigos, temos um filho que nos une. Então não teve como eu me inspirar na minha experiência.

G: Qual foi a importância desse personagem e desse filme para você?
PB: Nunca um personagem passa batido na vida do ator. Sempre alguma coisa acaba nos marcando e também marcando o público. Esse personagem, para mim, é especialmente duro. Ele me fez confrontar vários assuntos dentro de mim. Quando às filmagens, fiquei chocado ao perceber o meu envelhecimento. De qualquer maneira, isso faz parte e é importante.

G: Agora, falando sobre ‘Órfãos da Terra’… Como está sendo participar de uma novela com um tema tão atual e importante?
PB: É muito bacana estar em uma novela que tem um tema tão estimulante. Nos sentimos úteis fazendo algo que vai além de divertir. ‘Órfãos da Terra’ é uma trama que informa e quebra preconceitos, faz com que as pessoas entendam as diferenças. O Brasil recebe muitos refugiados e temos que tratá-los bem, com respeito, é o mínimo. Nossos avós eram refugiados, seja da Itália, do Japão, da Alemanha.

G: O Miguel (personagem de Paulo em ‘Órfãos da Terra’) enfrenta problemas por vício em jogos. Como está sendo interpretá-lo?
PB: Eu sou avesso ao jogo, então foi difícil, mas uma experiência muito boa. Para interpretar o Miguel, precisei estudar bastante sobre esse mundo. Li livros como ‘O Jogador’, de Dostoiévski, para entender um pouco sobre como funciona o vício, mas a verdade é que quase todos nós temos na família alguém que apresenta problemas como os do Miguel, e que precisa de ajuda. Ser ator é viver uma experiência no limite do real. Você também sofre com a história, por mais que, na vida real, não sofra as consequências do que o seu personagem faz. É algo muito intenso.

G: Em outubro você lança outro filme, ‘A Fera na Selva’. Pode nos contar um pouquinho sobre como foi adaptar a literatura para o cinema?
PB: Adaptamos o livro de mesmo nome, escrito por Henry James e publicado em 1903. Não foi uma ideia só minha, a Eliane também esteve comigo à frente desse projeto, e foi um reencontro muito bonito. O livro do Henry James é curto, tem mais ou menos sessenta páginas, então foi um roteiro mais rápido, mas muito bem pensando e que contou com um processo muito bacana. Tanto que, a partir disso, fizemos um projeto educativo para integrar as pessoas.

G: E como funciona esse projeto?
PB: Esse projeto educativo é um incentivo à leitura e ao cinema, e estou muito animado com isso. Ele mostra todo o processo de adaptação literária, roteiro e a ideia é justamente integrar as pessoas. O melhor é que tudo é gratuito. A pessoa precisa apenas se cadastrar no site para participar do processo educativo de lançamento, e eu quero fazer um bate papo bem interessante sobre o assunto.

G: Qual foi a melhor parte em fazer ‘A Fera na Selva’? 
PB: Não posso falar muito para não dar spoiler, mas o filme inteiro foi rodado em Sorocaba, cidade onde eu cresci, então filmamos em muitos locais que me remetiam à minha infância. Rodamos em um hospital, por exemplo, em que trabalhei na adolescência e, em uma das cenas, aparece todos os meus irmãos. Mas não os coloquei ali por acaso, tem um contexto. São lugares que falam muito com o meu emocional.

G: Como você vê o cinema nacional atualmente, especialmente nessa fase difícil com pouco incentivo do governo?
PB: Assim como a situação do Brasil, o futuro do cinema também está confuso. A cota de tela para filmes nacionais não foi assinada, então é difícil conseguir espaço, principalmente porque depende da bondade do dono do cinema em colocar produção nacional. Ficamos muito atrelados e presos a isso. A sorte é que, nos últimos anos, fiz amizade com alguns donos de cinema que vão me ajudar e dar apoio ao meu filme, mas é uma pena que as coisas aconteçam assim. O Brasil, infelizmente, não está com um cenário político favorável.

G: Recentemente você passou por um momento muito difícil na vida pessoal (o neto Antônio, de 1 ano, morreu vítima de um câncer). O que tem feito para superar isso com sua família?
PB: Acredito que todo drama ou tragédia negativa acaba fazendo com que as pessoas envolvidas fiquem mais unidas. O nosso anjo, chamado Antônio, fez com que ficássemos ainda mais juntos para buscar conforto. Sofremos muito, mas crescemos. O Antônio veio aqui para nos ensinar e cumpriu a sua missão.

G: Você e a Eliane, sua ex-mulher, frequentemente se esbarram em algum trabalho na TV ou cinema. Como é a relação de vocês?
PB: Estamos juntos na novela e no filme. O meu casamento com ela é algo bíblico. Temos uma relação forte e nos entendemos muito bem. Atualmente, estou casado com a Dadá (Coelho), e elas se adoram. Na verdade, tenho muita sorte em ter relações saudáveis. Não é possível ter amado alguém e terminar tudo em ódio. A forma de amar muda, mas não o carinho, a consideração…

G: Além da novela e dos filmes, tem algum novo projeto para este ano?
PB: Meu foco está em acabar a novela e lançar meus filmes. Depois penso em novos projetos. (por Jaquelini Cornachioni)

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