Antes que o ano acabe, precisamos falar de David Hockney. Ele ultrapassou Jeff Koons e se tornou o artista vivo mais valioso da história. Em uma disputa de 10 minutos por telefone, a icônica tela pintada por ele em 1972, “Portrait of an Artist”, foi arrematada durante leilão na Christie’s, em Nova York, por US$ 90,3 milhões, um recorde. E a casa de leilões anunciou a venda de mais uma de suas obras. Desta vez a disputa será em torno de “Henry Geldzahler and Christopher Scott”, retrato feito em 1969 com valor estimado em US$37,7 milhões.
Em 2017, a Tate Modern em Londres dedicou uma grande retrospectiva a Hockney por conta de seus 60 anos de arte e 80 de vida. Considerado um dos artistas britânicos mais influentes do século 20, Hockney é pintor, desenhista e fotógrafo. Em todos os seus trabalhos é nítida sua obsessão pela duplicidade: lados diferentes dos quais se pode observar a mesma coisa, levando a pensar como vemos o mundo e como ele pode ser capturado em duas dimensões. O fio condutor de suas criações sempre foi representar o mundo, independente da técnica usada. Há alguns anos ele tem o iPad como seu novo instrumento de trabalho, usado como uma paleta para colagens, desenhos e esboços.
Natural de Yorkshire, Inglaterra, ele nasceu no dia 8 de julho de 1937, mesmo ano em que Pablo Picasso pintava Guernica e que nascia, no Rio, Helio Oiticica. Ele frequentou o Bradford College of Art e o Royal College of Art, onde conheceu o artista americano R.B. Kita (1932-2007). Enquanto ainda era estudante fez parte do grupo de artistas que anunciava a chegada da pop art na Inglaterra.
Nos anos 1960 a carreira de Hockney começou a decolar: visitou Nova York em 1963 e se aproximou de Andy Warhol, de quem todo mundo das artes queria ser amigo na época. Na mesma década, mais emoção: mudou-se para Los Angeles e, em 1967, ganhou o prêmio John Moores com a pintura “Peter Getting Out Of Nick’s Pool”. Dez anos mais tarde, voltou a Yorkshire, onde focou na fotografia registrando as paisagens do local. Abaixo, Glamurama lista as 8 curiosidades sobre o artista mais valioso em vida da história.
1 – Tímido por natureza, Hockney ama Los Angeles, onde vive até hoje. A razão disso? A privacidade que tem na cidade, já que pouca coisa se faz a pé por lá, e ele pode ir de um lugar para outro sem ser “rastreado” como seria ao andar pelas ruas em cidades como Nova York ou Londres.
2 – Hockney é homossexual e sempre lidou de forma peculiar com sua escolha sexual. Em entrevista à “Esquire” em 2016, falou: “Eu sempre soube que era gay, mas sei que se trata de uma minoria. Então, se é uma minoria, você tem que ser tolerante.(…) Vejo a forma como a homossexualidade é atacada pela simples razão de que a maioria das pessoas que têm um filho querem um neto.”
3 – Com graves problemas de audição (ele herdou este problema de seu pai e nos últimos 40 anos passou a usar aparelhos auditivos potentes), o artista parou de ir a aberturas de exposições. O motivo? “Pessoas com boa audição não são simpáticas com a pessoas que não ouvem bem. Elas não entendem que você não está apenas perdendo volume, você está perdendo a capacidade de desligar o ruído de fundo para se concentrar em algo. Em uma abertura de arte, não consigo ouvir a pessoa falando comigo, apenas ouço todos os sons.” Segundo ele, a perda de audição ajudou a aguçar sua pintura, dando a ele uma sensação aprimorada de espaço e perspectiva.
4 – Justamente por não suportar ambientes muito barulhentos, Hockney nunca foi muito de festas. Apesar de fazer parte da cena artística de Nova York dos anos 60/70, não gostava do Studio 54 por causa do som muito alto. Talvez por isso também nunca tenha tido muito contato com drogas.
5 – Fumante há mais de 60 anos, ele não pensa em parar. “Eu fumo a 62 anos, então por que parar agora? Picasso fumou e morreu aos 91 anos. Matisse fumou e morreu aos 84 anos. Monet fumou e morreu aos 86. O que eles pensam sobre isso?”
6 – Apaixonado pelo que faz, se diz um trabalhador e não vê divisão entre dia de semana e fim de semana, tendo passado muitas horas consecutivas em pé pintando.
7 – Talvez uma de suas declarações mais polêmicas é justamente relacionada ao preço de obras de arte. Também em entrevista à “Esquire” ele disse: “O preço da arte é tão ridículo atualmente que eu apenas presumo que é dinheiro de drogas. Porque esse dinheiro não está em caixas de papelão na Colômbia, está sendo investido.”
8 – Nos anos 90 Hockney recusou o título de cavalheiro britânico deixando claro que não se importa com esse tipo de condecoração. A recusa se tornou pública apenas em 2003, quando foi publicada pelo “The Sunday Times”. Em 2012, quando a rainha Elizabeth o nomeou membro da Ordem ao Mérito, título restrito a apenas 24 pessoas, ele não teve escapatória a não ser aceitar. Em outubro, chegou a vez dele retribuir: criou um vitral para a Abadia de Westminster para comemorar o 65º aniversário do reinado da rainha.
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