A grande dúvida entre os responsáveis pelo acervo de um dos museus mais famosos do mundo e o mais visitado da França, o Louvre, é se a instituição deve ou não aceitar exibir a obra de arte mais cara já leiloada. A peça em questão, é claro, é o óleo sobre tela “Salvator Mundi”, atribuído a Leonardo Da Vinci e vendido no martelo em 2017 pela bagatela de US$ 450 milhões (R$ 1,69 bilhão) – o comprador foi o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad Bin Salman Al Saud, que atualmente também é quem manda e desmanda no país do Oriente Médio.
O problema é que a pintura que retrata Jesus Cristo como o salvador do mundo acabou se tornando alvo de uma grande controvérsia desde que o negócio foi fechado, com muitos estudiosos respeitadíssimos duvidando de que o gênio das artes seja seu autor. O mais provável, sugerem esses especialistas, é que o quadro tenha sido produzido por um dos discípulos de Da Vinci que batiam ponto no atelier dele, possivelmente depois de sua partida dessa para uma melhor, em 1519.
No que diz respeito ao museu de Paris, que organiza para outubro uma exibição pelos 500 anos da morte do artista que em breve será vivido por Leonardo DiCaprio na telona, o maior receio é colocar “Salvator Mundi” ao lado de outros trabalhos famosos de Da Vinci sem estar cem por cento certo de suas origens. Vale lembrar que o Louvre é o maior detentor de obras assinadas pelo italiano em todo o mundo, e portanto perpetuar uma “fake news” em potencial dessa magnitude poderia lhe custar muito caro. (Por Anderson Antunes)
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