Publicidade
Irmã Mary Joseph | Arquivo pessoal – Mark Miller

Com uma história longe de ser tradicional, Irmã Mary Joseph faleceu aos 92 anos no mosteiro onde viveu nas últimas três décadas. Antes de fazer parte de uma vida repleta de orações, ela era conhecida como Ann Russel Miller, uma rica socialite de São Francisco, nos Estados Unidos, que promovia festas luxuosas, tinha ingressos para a temporada de ópera e mãe de 10 filhos. Nascida em 1928, Ann sonhava em se tornar freira, mas tudo mudou quando se apaixonou por Richard Miller, que se tornou vice-presidente da Pacific Gas and Electric, empresa de serviços públicos. “Ela tinha um milhão de amigos. Fumava, bebia, jogava cartas. Tornou-se mergulhadora em águas abertas”, escreveu Mark Miller, seu filho mais novo em uma série de tweets. Ann criou a família em uma mansão de nove quartos com vista para a baía de São Francisco e era conhecida por levar amigos em férias de esqui, iates no Mediterrâneo e escavações arqueológicas. Mesmo com essa realidade, ela nunca largou a religião. A socialite era membro de 22 conselhos diferentes e arrecadou dinheiro para estudantes universitários talentosos, moradores de rua e a Igreja Católica Romana.

Após a morte de seu marido, devido a um câncer em 1984, ela ingressou em uma das ordens de freiras mais rígidas do mundo. Para isso, a religiosa doou tudo o que possuía para se juntar às Irmãs de Nossa Senhora do Monte Carmelo em Des Plaines, Illinois. Como despedida de sua vida de luxo, em seu aniversário de 61 anos, Ann deu uma grande festa para 800 convidados no Hilton Hotel em San Francisco. Eles comeram frutos do mar caros, ouviram música orquestral ao vivo e até dizem que Ann usou uma coroa de flores e amarrou um balão de hélio a si mesma com a a frase “aqui estou”, para que as pessoas pudessem encontrá-la para se despedir. Na comemoração, ela disse aos convidados que havia dedicado os primeiros 30 anos de vida a si mesma, os segundos 30 aos filhos e que o último terço de sua vida seria dedicado a Deus. No dia seguinte, ela voou para Chicago para viver no mosteiro como Irmã Mary Joseph.

“Ela era um tipo incomum de freira. Não cantava muito bem, atrasava-se frequentemente para as tarefas exigidas no convento e atirava paus para os cães comunitários, o que não era permitido. Eu só a vi duas vezes nos últimos 33 anos desde que ela entrou para o convento e quando você vai visitá-la não pode abraçar ou tocar. Você está separado por um par de grades duplas de metal”, relatou o herdeiro.

As freiras carmelitas são uma ordem enclausurada, vivendo em grande parte no silêncio. Eles não saem do mosteiro, exceto quando necessário, como para ver um médico. Essas religiosas só falam se for necessário, deixando mais tempo para a contemplação e oração. Ela dormia em uma prancha de madeira coberta por um colchão fino em uma cela e durante o dia ela usava um hábito marrom grosso e sandálias, muito diferente de seu passado repleto de itens grifados e caros.

Ann tinha 28 netos, alguns dos quais ela nunca conheceu e mais de uma dúzia de bisnetos. “Nosso relacionamento era complicado. Ela nasceu na década de 20 e morreu na década de 20 do século seguinte. [Ela era] Ann Russel Miller, Irmã Mary Joseph da Trindade TOC”, disse Mark.

VOCÊ TAMBÉM PODE GOSTAR

Instagram

Twitter