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Márcio Leonardo, o Leo Maia, nasceu em 1974, na época em que Tim Maia estava envolvido na Cultura Racional || Crédito: Divulgação

Às vésperas de seu show em tributo a Tim Maia, nesta sexta-feira no bar Charles Edward, em São Paulo, Leo Maia bateu um papo com Glamurama para relembrar histórias seu pai, depois de 17 anos de sua morte. “Ele era o Sebastião Rodrigues Maia, não o Tim Maia. Em casa ele era normal, bem careta”, diz. Leo ainda criticou a maneira como Tim foi retratado no filme “Tim Maia”, de Mauro Lima: “Não gostei, o filme fala mal do meu pai, não retrata a beleza da vida dele. Ele não tinha um olhar de ódio”.

Por Denise Meira do Amaral

Glamurama: Por que fazer um show tributo a Tim Maia?

Leo Maia: O Brasil ama demais o meu pai. Sou um cantor, nasci e fui criado por ele e, para mim, é algo muito natural cantar suas músicas, não vejo desonra nenhuma nisso. Consigo cantar e interpretá-las com propriedade. Como diria Milton Nascimento, todo artista tem de ir onde o povo está, onde o povo deseja.

Glamurama: Qual música dele você mais gosta de cantar?

Leo Maia: Tenho um carinho especial por “Réu Confesso”, pois foi com o dinheiro desta canção que meu pai pagou meu parto, o médico e o hospital.

​Glamurama: O que você mais admirava nele?

Leo Maia: O coração e a pessoa que ele era. Meu pai era o Sebastião Rodrigues Maia, não o Tim Maia. Pedia benção para ele todos os dias. Ele era extremamente humano, ajudava orfanatos com mais de 60 crianças. Tudo o que precisassem ele estava disposto a ajudar. Em datas comemorativas, como o Natal, Páscoa, nós abríamos nossa própria casa para receber as crianças, fazíamos presentes e entregávamos para elas.

​Glamurama: Como Tim era em casa, no dia a dia?

Leo Maia: Em casa ele era um pai normal, bem careta. Ele me ajudava em tudo que precisava. Lembro dele sentando comigo, me ajudando com as aulas de Matemática e outras matérias da escola. Até mesmo na faculdade, quando entrei com meus 17 anos, ele sempre estava disposto a me ajudar.

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Tim Maia conheceu Geisa quando ela estava grávida de dois meses. Quando Leo nasceu, Tim o adotou || Crédito: Acervo Pessoal

​Glamurama: E em relação ao filme do Mauro Lima? O que achou?

Leo Maia: Não gostei, o filme fala mal do meu pai, não retrata a beleza da vida dele. Meu pai não tinha um olhar de ódio. Ele era maluquinho e fazia as loucuras dele, mas o Mauro deu honraria para pessoas que nunca fizeram nada. O Fábio [Stella, um dos melhores amigos de Tim Maia, interpretado por Cauã Reymond no longa], por exemplo, nunca foi nada. Entre as pessoas que realmente fizeram parte da história do meu pai está o maestro que o acompanhou, o mais chegado, era Paulinho Guitarra, que hoje toca com Ed Motta. Ele começou a tocar com meu pai aos 15 anos. Meu avô era um nego de 2 metros de altura e não um baixinho igual é retratado no filme. Minha vó é descendente de português, meu pai tinha uma devoção e carinho muito grande por ela, que criou 18 filhos. Nenhum foi bandido. Ninguém teve coragem de dizer para o meu pai que ele era gordo e xingá-lo da forma como é retratado no filme. Minha mãe era uma índia e nunca usou drogas. O diretor criou por conta própria essas mentiras. Em momento algum ele fala algo bom do meu pai, que, por exemplo, ajudou muita gente. Isso não é retratado no filme.

​Glamurama: Quem é o herdeiro musical do Tim Maia?

Leo Maia: Eu e o Ed Motta. Eu porque nasci e aprendi tudo com meu pai. O Ed porque cresceu e absorveu toda a musicalidade do meu pai.

​Glamurama: Mesmo após 17 anos de sua morte, suas músicas ainda são hits nacionais. A música dele é imortal?

Leo Maia: Com certeza! Meu pai é o Bob Marley brasileiro.

 

Tributo a Tim Maia

Quando: Dia 20 de março

Onde: Charles Edward, avenida Presidente Juscelino Kubitschek, 1400 – Itaim Bibi, São Paulo

Reservas: 11 3079 2804 / 3078 5022

Valores: Homens – R$65 (após as 21h30) / Mulheres – R$39 (após as 21h30)

 

 

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