“A gente acha – todos nós – que comanda as coisas. Então projeta, planeja tudo, futuro dos filhos, aposentadoria, o que seja. Pensando que tem controle sobre a própria vida. E ninguém tem”, pondera Gloria Pires. Glamurama foi conversar com a atriz sobre Elizabeth, sua personagem em “O Outro Lado do Paraíso”, e acabou foi pegando boas lições de vida… Vem ler!
“A gente não controla nada e isso é uma grande sacada pra vida”
Na novela de Walcyr Carrasco, Elizabeth tem uma vida toda estruturada em família, mas tudo vem abaixo repentinamente, por conta de armações de uma falsa amiga invejosa e um sogro preconceituoso. A situação é tão extrema que a personagem forja a própria morte e entra em um processo autodestrutivo envolvendo bebida e depressão, longe até da filha.
Com a palavra, Gloria: “O Walcyr é muito corajoso: traz temas polêmicos e vai jogando a história sem ficar economizando. A bebida vai ser uma bengala para alguém que pensava que tinha tudo sob controle, mas embarca em uma ladeira abaixo repentinamente, algo que vai envolver um lado policial, de perigo. Ela tem um passado nebuloso e difícil que a gente não mostra a princípio, mas vivia uma linda história de amor com o marido e acaba se colocando em uma vulnerabilidade enorme. O telespectador vai se ver nessa situação: tudo pode mudar radicalmente de um dia para o outro, sem aviso ou preparação. Eu, Gloria, sou bastante metódica, mas já entendi que a gente não controla nada e isso é uma grande sacada pra vida”.
“Sou Kardecista, acredito na lei do retorno”
Sobre inveja e o “aqui se faz, aqui se paga”: “Sou Kardecista, acredito na lei do retorno. E já tive muitas provas disso. São 54 anos, já vivi bastante. Não é bom de ver [a pessoa pagar]. Mas é a vida. Às vezes, o castigo vem um pouco mais cedo, às vezes mais tarde… A vida ensina. Algumas pessoas. Tem gente que não aprende”. Que conselho ela daria para Elizabeth? “Calma, respira fundo, vai com fé que uma hora você sai do buraco. Não tem tormenta que dure pra sempre. Uma hora acaba. Mas realmente às vezes você entra em um processo tão destrutivo que não dá tempo”.
“Abalar, abala, é muito ruim ser traída”
A gente quis saber objetivamente se Gloria já foi alvo de inveja. “É engraçado, mas sou uma pessoa tão objetiva que acho que cada um faz o que dá conta. Uma pessoa que a gente identifica como invejosa… Não é que ela seja só isso, mas é o que ela projeta. O que ela constrói pra si? Não sei. Vejo aqui do meu lado. Tenho bons amigos há muitos anos, amigos constantes, e não quer dizer que a gente pense igual… É respeitar o outro em sua maneira de ser e pensar o que o outro te traz de bom… Se a pessoa é negativa ou invejosa, é ela mesma que vai sofrer os efeitos disso. Já tive puxadas de tapete, mas não sei se eu estava tão focada na minha verdade que passei bem por isso. Abalar, abala, é muito ruim ser traída, ter alguém se dedicando a te derrubar. Mas se for ficar pensando nisso, deixo de viver minha vida”.
“Não sou perfeita, nem o Orlando. Mas a hora que um cai, o outro ajuda”
Em mais um paralelo com a ficção, perguntamos para Gloria se o casamento perfeito existe. “Não tem fórmula para casamento dar certo. É importante manter a sua individualidade, mas que os dois tenham o mesmo objetivo. A relação precisa das duas pessoas. O que posso falar do meu caso é que eu não sou perfeita, nem o Orlando [Morais, seu marido]. Mas a hora que um cai, o outro ajuda. Dá a mão. Se eu fosse resumir meu casamento, que no ano que vem completa 30 anos, mas com muita luta, altos e baixos, questões… Bom, a gente sempre esteve disponível um para o outro e para essa relação que a gente acredita porque eu me vejo melhor com ele, e ele se vê melhor comigo. Embora cada um tenha sua vida, sua carreira. E é saudável isso não se perder, mas sempre construindo algo que seja em comum. Isso não é uma receita, lógico. Cada caso é um caso”.
“Penso em aposentadoria. Tenho pensado tanto que vocês não têm noção”
No meio da conversa, descobrimos que Gloria, pasmem, pensa sério em aposentadoria. “Na segunda semana de gravação noturna dessa novela eu falei: ‘Estou velha pra isso’. Te juro! Fiquei até doente, peguei sinusite. Tá puxado. Acho que depois que estrear, melhora. Mas penso em aposentadoria. Tenho pensado tanto que vocês não têm noção”. Não se imagina como Fernanda Montenegro, quase 90 anos e escalada para essa mesma novela? “Não sou capaz de opinar”, limitou-se a responder, brincando com o bordão/ meme que virou febre durante a cobertura que ela fez da cerimônia do Oscar.
“De tratamentos estéticos gosto médio. Não são feitos pra gostar, e sim pra ter esperança”
E como será que ela se cuida? “Faço ginástica com um professor, mas estou tão cansada que não tenho passado nem perto da academia, aproveitando para dormir o quanto posso. Mas me alimento bem, trago minha comida para o trabalho, faço exames a cada três meses. Me cuido. De tratamentos estéticos gosto médio, afinal eles não são feitos pra gostar, e sim pra ter esperança, mas é tudo muito dolorido. Uns choques… isso já desisti. Não me pega mais. Faço microagulhamento no rosto e nos braços. Dói, mas vi resultado. Pra olheira, só Jesus e água fria”. (por Michelle Licory)
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