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|| Créditos: Getty Images
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A data da abertura da Copa do Mundo de 2014 – 12 de junho – não foi escolhida aleatoriamente. Exatos quarenta anos e um dia antes do maior espetáculo do futebol, que pela segunda vez na história teve o Brasil como sede, João Havelange era eleito presidente da FIFA, o primeiro não europeu escolhido para o cargo que manteve até 1998. A homenagem simbólica é apenas um dos exemplos que evidenciam o poder de Havelange, que morreu nesta terça-feira aos 100 anos em decorrência de pneumonia no Hospital Samaritano, no Rio.

Filho de um comerciante de armamentos belgas que se estabeleceu no Rio de Janeiro no início do século passado, Havelange se recusou a assumir os negócios da família após a morte do pai por ter aversão a armas de fogo. O negócio dele sempre foi o esporte. Escoteiro na infância, ele se dedicou ao atletismo na adolescência e, mais tarde, migrou para o futebol, que jogou profissionalmente e chegou a se tornar campeão carioca juvenil, em 1931.

Havelange também participou de três olimpíadas: em 1936 (Berlim) e 1952 (Helnsinque) como nadador, e em 1956 (Melbourne) como capitão da Seleção Brasileira de Pólo Aquático. Ele deixou de ser atleta para se tornar cartola, e presidiu entre 1956 e 1974 a antiga Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF, e sob seu comando o Brasil foi campeão em três copas do mundo: a da Suécia, em 1958, a do Chile, em 1962, e a do México, em 1970.

Na presidência da FIFA, Havelange imprimiu à sua gestão um modelo corporativo que transformou a entidade em uma das mais poderosas e ricas do mundo. Sob o comando do brasileiro, a FIFA se abriu ao mercado e deu início a uma expansão mundial que transformou o esporte mais popular do planeta em um dos mais lucrativos também. Ele chegou a visitar 191 países nos anos em que esteve no comando da FIFA, e na maioria das vezes era recebido como chefe de estado. Sobre a interação com políticos, aliás, Havelange costumava dizer que eles tinham seu poder, e ele tinha o dele – “O poder do futebol, o mais forte existente na Terra.”

Quando deixou a FIFA, Havelange manteve o cargo de presidente de honra, que ocupou até 18 de abril 2013, quando renunciou em meio ao escândalo de pagamentos de propinas que abalou a imagem da federação nos últimos anos. Acusado de ter recebido dinheiro ilegal da empresa de marketing ISL dias antes, ele escapou de uma uma punição maior. Em uma das raras entrevistas que concedeu, Havelange disse que sua maior decepção como presidente da FIFA foi não ter encontrado uma solução desportiva pacífica para o problema político que envolve a questão Palestina/Israel. Ter levado a entidade à China, por outro lado, era o que ele considerava ter sido seu melhor feito. Lembrando que Joseph Blatter e Ricardo Teixeira são crias de Havelange. (Por Anderson Antunes)

 

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