O sentimento entre executivos da NBC é de medo generalizado desde o anúncio de que Ronan Farrow deverá explicar em seu novo livro, intitulado “Catch and Kill” (“Pegar e Matar”, em tradução livre), porque a rede americana de televisão supostamente fez corpo mole sobre os casos de abuso sexual atribuídos a Harvey Weinstein no fim do ano passado, que eventualmente resultaram na queda sem precedentes do produtor.
Ex-funcionário da estação, o filho de Mia Farrow e de Woody Allen garimpou várias das acusações feitas contra o ex todo-poderoso de Hollywood quando trabalhava lá e muito antes de reportá-las nas matérias bombásticas que acabou assinando para a revista “The New Yorker” e que até lhe renderam um Pulitzer, mas parece que foi ordenado pelos antigos patrões a deixar a história de lado.
Farrow nunca falou muito sobre o assunto, provavelmente porque planejava há tempos publicar sua versão dos fatos na obra que lançara pela editora Little, Brown and Company em data ainda a ser definida e pela qual recebeu um adiantamento estimado em US$ 250 mil (R$ 929,5 mil). A NBC vive sob a sombra de movimentos como o #MeToo há meses, principalmente depois que precisou demitir Matt Lauer em novembro.
Um de seus maiores nomes, o ex-âncora e apresentador do matutino “Today Show” perdeu o emprego depois de ser acusado de assediar colegas de trabalho. Acontece que esse lado “predador” de Lauer, que também era o jornalista mais bem pago dos Estados Unidos, nunca foi uma novidade para os superiores dele na emissora, que só optaram pela demissão para evitar ainda mais problemas em um mundo pós-escândalo Weinstein. (Por Anderson Antunes)