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Créditos: Roberto Setton

Foi com a Smart Fit que Edgard Corona, dono do Grupo Bio Ritmo, revolucionou o mercado. Seu plano: oferecer instalações e aparelhos de primeira com mensalidades de academia de bairro. A rede, que já é a maior da América Latina, tem cerca de 400 unidades no Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana. E as catracas continuam rodando sem parar. Paraguai e Argentina já estão na mira do empresário

Por Márcia Rocha para a revista PODER de maio

“Tenho cabeça de inquieto. Estou sempre querendo empreender e mudar o que está pronto. E nunca acho que o que estou fazendo é suficiente.” Esse é um dos muitos jeitos que o empresário paulistano Edgard Corona, de 60 anos, usa para se descrever. Isso desde os tempos em que trabalhou na Usina Bonfim, fundada por seu avô, José Corona, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Engenheiro químico formado pela Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo, entrou na usina em 1979. Tinha 22 anos. “É um negócio com desafios interessantes. Aprendi muito sobre administração e processos”, lembra. Só saiu da usina – pediu para sair, na verdade – quase duas décadas depois. “É muito difícil trabalhar em uma empresa familiar. Se bem que o controle era fragmentado, já que a família não trabalhava mais lá.” Corona conta que estava atuando no processo de profissionalização da gestão quando veio a terceira geração da família e a crise econômica no país. “Era um momento muito delicado, porque Fernando Henrique Cardoso tinha acabado de se tornar presidente da República.

Com a valorização do real, perdemos competitividade e algumas medidas precisavam ser tomadas. No meio disso, começaram as disputas de poder, todo mundo queria mandar, vieram as brigas e ficou muito difícil fazer as coisas acontecerem. Achei que estava na hora de cair fora”, justifica. Quando saiu da Bonfim, Corona tinha 39 anos. Corria o ano de 1995, ele decidiu dar um tempo e foi esfriar a cabeça em uma estação de esqui. Até aí, problema nenhum já que sempre praticou esportes (jogou polo aquático e futebol quando era mais novo). O caso é que resolveu se arriscar mais do que deveria. Com poucos dias já estava mandando ver nos saltos. “Caipira esquiando é um inferno”, brinca. Em um deles estraçalhou o joelho direito. “O Filardi [Marcelo Filardi, ortopedista reconhecido por sua expertise em cirurgias de joelho] reconstruiu tudo usando o músculo da parte de trás da coxa. Com isso, minha perna direita ficou mais fraca e acabei sendo obrigado a passar para esportes ‘de linha reta’”, explica.

No dia em que recebeu a equipe de PODER, em vez de seu escritório, escolheu a recém-inaugurada flagship da Smart Fit 24 horas, localizada em um prédio de três andares na avenida Paulista (a outra fica na Vila Olímpia e também começou a funcionar mês passado). Corona estava contundido de novo. “Fui fazer uma aula e exagerei na dose: coloquei a esteira na velocidade 17 [km/h] com [nível] 5 de inclinação. Agora, vou precisar ficar de molho durante uns dias”, comenta. Por conta disso, passou a treinar de manhã. Pula da cama às 6h30, toma café com as filhas mais novas (tem cinco e está no segundo casamento), as gêmeas de 11 anos, Maria Paula e Maria Clara, e malha até umas 7h30, 8h na Bio Ritmo do Conjunto Nacional, na mesma Paulista, onde também fica seu escritório – chega lá por volta das 8h30. Fala que tenta se exercitar pelo menos três vezes por semana.

Geralmente, vai na academia do Conjunto Nacional, mas quando malha aos sábados ou domingos, costuma circular em outras unidades. Além da aula de Race Bootcamp, aquela em que se entusiasmou demais com sua performance, Corona gosta de fazer o treino intervalado para acelerar o metabolismo. “Também gosto da Burn, aula que mistura esteira e [ginástica] funcional”, diz o empresário, um mix de garoto-propaganda e cobaia, já que testa os equipamentos e os programas oferecidos em suas academias com direito a pitacos na trilha sonora. Além do chefe, o time que trabalha no escritório é convidado a fazer o mesmo.

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Crédito: Roberto Setton

LUXO VIÁVEL E DINHEIRO EM CAIXA
A Bio Ritmo foi fundada, em 1996, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. Mas foi com a unidade do Conjunto Nacional, construída em 1997, que Corona deu o primeiro grande salto de sua trajetória empresarial – que teve muitos percalços, vale dizer. Foram várias inovações: a começar pelo projeto do arquiteto João Armentano, que criou um espaço clean e sofisticado, diferente de tudo o que havia nas academias brasileiras até aquele momento. Colocou a tal cabeça de inquieto para funcionar e, para saber que rumo seguir, começou observando o mercado nacional de fitness – o que afirma ter sido um erro, “por ser um mercado com pouca penetração e pouco competitivo”.

Aí, espichou o olho para os Estados Unidos, analisando os modelos que mais cresciam no país. “Lá, eles têm uma sociedade mais madura: o cara sai do trabalho para fazer exercício – aqui, não temos essa cultura.” Nesse meio tempo – estamos falando de 2007, 2008 – a Bio Ritmo ia de vento em popa. Tanto que, nessa época, Corona foi convidado pela associação internacional do mundo fitness (IHRSA) a participar das chamadas Roundtables, eventos que reúnem os principais executivos do setor no mundo. De acordo com o ranking da IHRSA, aliás, o Grupo Bio Ritmo está entre as 25 maiores empresas desse mercado. Foi dessas conversas que surgiu o insight para montar a Smart Fit. Corona se deu conta que, em se tratando de academias, uma grande faixa da população brasileira ainda não estava atendida.
Para ele, o pulo do gato era democratizar o fitness de alto padrão. “Nos Estados Unidos existe uma coisa que chamo de academias transversais. Elas mais parecem uma escola de samba, porque o cara do Leblon e o da favela frequentam o mesmo espaço.” De todos esses questionamentos saíram ideias para entregar uma experiência única aos clientes. “Algo totalmente diferente do esquema das academias de bairro: baratinhas e mal equipadas. Tinha de ser o melhor do melhor das academias premium”, explica. Nascia, assim, a Smart Fit, que chegou em 2009 com quatro unidades: em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília e em Porto Alegre. No ano seguinte, o Banco Pátria, um dos maiores fundos de investimento do país, injetou R$ 70 milhões no negócio. Depois, vieram outros R$ 450 milhões, de recursos do Pátria, do fundo soberano de Cingapura e de outros sócios minoritários. Com isso, o grupo ganhou musculatura e fôlego para continuar a crescer. Hoje, a Smart Fit já responde por 80% do faturamento do grupo, que foi de R$ 1 bilhão em 2016, e deve aumentar de 20% a 30% este ano.
Atualmente, a Bio Ritmo e a Smart Fit têm cerca de 400 unidades espalhadas por Brasil, Colômbia, Chile, México, Peru e República Dominicana e já contabiliza mais de 1 milhão de alunos. O lançamento de duas flagships Smart Fit 24 horas, como a da Paulista e a da Vila Olímpia, fazia parte das metas para este ano e já saiu do papel. Quanto aos outros planos, um deles é investir na expansão na América Latina – o grupo anda olhando com muito carinho para Argentina e Paraguai. Outra meta é fazer um retrofit nas Smart Fit e nas Bio Ritmo. Das 347 Smart Fit que existem atualmente, 70 vão ganhar salas de aula – as novas já serão assim. Isso sem falar da previsão de inaugurar mais 140 unidades da bandeira econômica. Algumas academias Bio Ritmo também vão oferecer novos programas de treino.

SEM TIRO NO PÉ
Quando criou a Smart Fit, Corona ouviu mais de uma vez que a Smart ia quebrar a Bio. Respondia com seu conhecido estilo sem meias palavras: “Se alguém vai dar um chute no meu traseiro, que seja eu mesmo”. Para ele, uma não briga com a outra, simplesmente porque atendem a públicos diferentes.

Prova disso é a inauguração este mês da Bio Ritmo Morumbi Town, a 30ª da rede, com um conceito inédito. “Colocamos cinco microacademias, cinco experiências diferentes, lá dentro”, diz Corona, referindo-se aos treinos oferecidos, que podem ser pagos separadamente: Race Bootcamp, Burn Hiit Zone, Squad Functional Area, Torq Cycle Experience e SkillMill. Na Race Bootcamp, por exemplo, o professor incorpora o papel do treinador linha dura, daqueles que tiram a pele dos alunos sem dó nem piedade. Além disso, a unidade tem uma área de pesos livres e outra para a prática de exercícios cardiovasculares. Após a entrevista, que terminou depois das 18 horas, Corona ainda ia encarar duas reuniões. Nesse mesmo dia, pela manhã, tinha passado por uma pequena cirurgia para retirar um cisto no olho. Mesmo incomodado por conta da distensão na perna e por causa do olho, que não parava de lacrimejar, respondeu todas as perguntas e fez as fotos com a maior paciência – e ainda foi parado na escada da academia mais de uma vez por alunos que queriam cumprimentá-lo. Nesse meio tempo, aproveitou e deu uma passadinha na recepção para perguntar por que a música tinha parado de tocar. Nada como o olho do dono…

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