Preso nessa quinta-feira, o polêmico ex-conselheiro de Donald Trump na Casa Branca e ídolo da extrema-direita internacional Steve Bannon foi detido por inspetores do Serviço Postal dos Estados Unidos a bordo de um mega-iate que pertence a um ex-bilionário chinês igualmente controverso. A embarcação em questão é a “Lady May”, que tem 46 metros de comprimento e capacidade para acomodar até dez convidados em cinco amplas suítes além da tripulação de até oito funcionários, e pode atingir uma velocidade de cruzeiro de até 26 quilômetros por hora.
Construído pelo estaleiro holandês Feadship em 2014, o “Lady May” tem design assinado pelo lendário Ed Dubois, um engenheiro naval britânico que desenhou alguns dos iates mais famosos do mundo e morreu em 2016, e decoração do estúdio Redman Whiteley Dixon, do Reino Unido. Seu dono é o empresário chinês Guo Wengui, um dos maiores oposicionistas ao governo comunista da China, que vive escondido há anos e recentemente processou a CNN por tê-lo chamado de “espião”.
Wengui teve sua prisão decretada no país asiático em 2014, supostamente por ter subornado políticos chineses a fim de obter favores para suas empresas, e desde 2017 está na lista dos mais procurados pela Interpol. Até hoje ninguém sabe ao certo seu paradeiro, apesar de que tudo indica que este seja Nova York, onde o outrora membro do clube dos dez dígitos mantém um luxuoso apartamento de andar inteiro com vista total para o Central Park da cidade.
O “Lady May” estava ancorado em um porto de Westbrook, no estado americano de Connecticut, não muito distante da Big Apple. Confiscado por autoridades dos EUA a pedido dos chineses em agosto de 2017, mesma época em que Bannon foi demitido por Trump, o barco está à venda desde abril por US$ 27,9 milhões (R$ 155,4 milhões), apesar de que brinquedinhos marítimos desse tipo envolvidos em situações como essa costumam ganhar descontos quando aparecem nas manchetes.
Na ocasião de sua prisão, Bannon era o único ocupante do “Lady May”. Acusado de ter usado ilegalmente e para seu próprio benefício recursos de uma campanha virtual que arrecadou mais de US$ 25 milhões (R$ 139,2 milhões) para a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México, o estrategista político foi solto depois de pagar parte de uma fiança estipulada em US$ 5 milhões (R$ 27,8 milhões), e na saída da delegacia afirmou ser vítima de um complô. Os chineses, claro, foram citados por ele como alguns de seus supostos detratores. (Por Anderson Antunes)
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