Estreou nessa segunda-feira uma das atrações mais comentadas dos últimos meses, a supersérie da Globo “Onde Nascem os Fortes”. A trama se passa em uma cidade fictícia chamada Sertão e está sendo gravada no sertão da Paraíba. Nesses casos, como aconteceu com a novela “Velho Chico” e a série “Amores Roubados” – ambas rodadas nas margens do rio São Francisco -, é necessário que o elenco se mude temporariamente para a locação, vivendo uma espécie de imersão no universo onde se passa a história. E isso acaba impactando diretamente os atores e o resultado que vemos na telinha.
A farmácia mais próxima, por exemplo, ficava a 20km. “A cidade era quase um deserto. As pessoas moram muito longe uma das outras. Falei que iria sair para caminhar e perguntaram ‘Caminhar para onde?’, mas fui, achando que iria encontrar uma comunidade, e só encontrei três casas”, lembra Alexandre Nero, que na trama personifica o poderoso e machista Pedro Gouveia.
Além da adaptação ao ambiente hostil do semi-árido brasileiro, para se aproximar ao máximo dessa realidade os atores encararam também aulas de sotaque, com um detalhe que Nero explica: “Propositalmente misturamos diferentes sotaques do Nordeste, de forma que ninguém vai poder falar: ‘Ah, esse sotaque está errado’”.
Sobre a experiência de gravar nesse formato, relativamente novo, o ator dispara: “Na supersérie chegam os 50 capítulos de uma vez, e a gente grava o 1º, depois o 20º, depois o 10º, depois o 50º, sem ordem definida. Tem uma hora em que você fica louco e não sabe mais o que está fazendo e o que está acontecendo com o personagem. É uma novidade para todo mundo. A continuísta deve ficar louca.”
Para Gabriel Leone, o paleontólogo Hermano da trama, que se relaciona com Maria (Alice Wegmann), a temporada no sertão foi muito positiva. “Adoro o sertão. Me sinto muito bem lá. No tempo que passamos lá, ficamos num hotel em que cada um tinha seu quartinho e fiquei quase dois meses sem voltar para casa. (…) É um lugar realmente impressionante, chega a ser mágico. Tem uma energia impressionante.” Mas nem tudo são flores : “Esse processo foi de muita solidão, de certa forma, às vezes angustiante. Mas ao mesmo tempo uma solidão produtiva, num lugar onde cinco e pouco da tarde já está escurecendo… um clima diferente, um baita de um sol, calor de dia, e de noite esfria. Enfim, uma série de coisas que mexe muito com a gente e te faz ficar no seu canto, refletir, pensar. Em tudo, não són o trabalho e na carreira, mas na vida. Consegui tirar um proveito muito legal disso.”
Deborah Bloch, que interpreta Rosinete Gouveia na supersérie, uma mulher presa a valores tradicionais e traída pelo marido, se conectou com o sertão paraibano de forma mais visual e poética, deixando aflorar seu lado fotógrafa e compartilhando o momento em suas redes sociais. Sem medir elogios ao cenário e sua luz única, a atriz descreve: “É uma paisagem que conhecemos pouco, porque o Brasil é muito diverso. Não fiquei muito tempo lá infelizmente, mas gostei muito.”
Para Alice Wegmann (Maria), sua passagem pela região foi engradecedora. “O sertão passa mesmo a morar dentro da gente. Na primeira vez, fiquei dois meses direto lá, e depois mais dois meses. Na segunda temporada, ao acordar e sair do quarto no primeiro dia, percebi o quanto sentia falta desse lugar. Abrir a porta, sentir o vento, ouvir os passarinhos… Nunca vi tanto pôr do sol na vida. Isso renova as energias… Fui muito ao Lajedo de Pai Mateus, que considero um lugar sagrado para recuperar as forças. Dormíamos cedo, de vez em quando abríamos um vinho, botávamos uma música no hotel e dançávamos… formamos uma família aqui.” Os cliques feitos por Alice do local, divididas em seu Instagram, são de tirar o fôlego!
O paladar do elenco também foi atingido durante a imersão no sertão. Entre as delícias paraibanas provadas – e aprovadas – pela trupe estão caldinho de bode, pirão de espinhaço de bode, pernil de bode, baião de dois, farofa de banana-terra, purê de macaxeira (foto abaixo) e espaguete ao molho de maxixe.
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