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Anel é da japonesa Mariko Mori e tem três metros de diâmetro || Crédito: Leo Aversa

A cachoeira Véu da Noiva, em Mangaratiba, no interior do Rio, foi palco de uma cerimônia que promete ficar para a história. A artista japonesa Mariko Mori instalou no alto da cacheira um enorme anel de acrílico azul com mais de duas toneladas, que muda de cor de acordo com a incidência da luz do sol, passando do azul ao dourado. No solstício do inverno, o anel ficará alinhado com o sol. A ideia é a conscientização da preservação do meio ambiente. Batizada “Ring: One With Nature”, a obra recebeu a chancela do Celebra – Programa de Cultura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 – e foi viabilizada através da Faou Foundation, de Nova York.

Para a inauguração da obra, nessa terça-feira, foi cortada uma fita branca no pé da queda d´água. Mariko também estava toda vestida de branco, de pés descalços. Cheia de rituais, ela lavou um colar, feito de bolinhas brancas de acrílico, com sal grosso na água da cachoeira, enquanto uma flauta japonesa era tocada. Depois disso, ela arrebentou o colar e distribuiu as bolinhas para os convidados, além, de fazer reverências à água.

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Mariko Mori (esquerda) batiza o colar feito de bolinhas acrílicas na frente da cachoeira || Crédito: Leo Aversa

Também de branco, Vírginia Rodrigues subiu no tablado de pedras e entoou três músicas: “Canto para Iemanjá”, “Mukongo”, e “Mama Kalunga”. Emocionada, ela não conteve as lágrimas, assim como alguns dos convidados. “Foi mágico. Você entra em um lugar desses, com essa cachoeira. Todos os Orixás moram aqui. E o respeito que a Mariko tem pela natureza e pela água é o mesmo que a minha religião também tem”, disse a cantora.

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Virgínia Rodrigues cantando “Mama Kalunga” || Crédito: Glamurama

Depois da cerimônia, os convidados, muitos deles americanos e japoneses, decidiram voltar da cachoeira a pé, andando por entre as vielas da comunidade Cachoeira 2, único acesso para se chegar a obra. Eles haviam feito o trajeto de ida com uma van. Foi durante este percurso que Mariko conversou com o Glamurama. “Antes nós éramos um só. Depois, começamos a separar a natureza de nós, como se ela fosse outra coisa, começamos a morar nas cidades… E esquecemos o nosso papel em cuidar da natureza. Com o anel eu pretendo lembrar essa conexão, ele simboliza a união e a eternidade.”

Questionada sobre a escolha do Brasil para abrigar a obra, que é a segunda de seu projeto que vai levar uma instalação para cada continente, ela disse que foi justamente pela abundância de verde. “O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, especialmente a Floresta Tropical [que engloba a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica]. É um país muito precioso”.

Já Marcus Vinicius Ribeiro, principal para as Américas do Grupo Prisa e membro do Conselho da Faou Foundation, relembrou a relevância da obra no contexto da Olimpíada: “O símbolo olímpico, os cinco anéis, representam os continentes habitados na terra. Este sexto anel vem representar o meio ambiente e a interação do ser humano com a natureza e a necessidade de pregarmos a atenção e salvar a biodiversidade”.

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Mariko Mori já é bem conhecida no Rio. Sua mostra “Oneness”, que ficou em cartaz no CCBB do Rio de Janeiro entre em 2011, foi a exposição mais vista do ano no mundo todo, com uma média de 9.677 visitantes por dia. Não à toa, o anel tem criado uma grande expectativa por aqui, sendo até mesmo comparado ao Cristo Redentor.

“Acredito que esse anel pode estar para essa região assim como o Cristo foi para o Rio na década de 30”, profetizou Paulo Schiavo, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Inea. Ele ainda acredita que ele pode ajudar a gerar renda para a comunidade local. “O nosso desafio é usar o meio ambiente como instrumento de transformação. Essa obra pode nos ajudar a fazer uma mudança dessa comunidade carente, que é deficitária em todos os tipos de serviço, mas que agora ganha uma obra desse porte”.

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Ring é o segundo trabalho de Mariko Mori criado através da Faou Foundation, instituição fundada pela artista com a missão de presentear o mundo com uma obra  específica por continente. A primeira, em 2011, foi a escultura “Sun Pillar”, em Seven Light Bay, na Ilha de Miyako, no Japão. (Por Denise Meira do Amaral)

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