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Antonio Bivar
Antonio Bivar no lançamento de um de seus livros // Paulo Freitas

Neste domingo o Brasil perdeu um de seus grandes escritores. Aos 81 anos Antonio Bivar foi mais uma vítima dessa tragédia chamada pandemia do coronavírus. Teatrólogo, escritor e jornalista, entrou no mapa da cultura brasileira no fim dos anos 1960. Paulista de Ribeirão Preto, formou-se pelo Conservatório Nacional de Teatro (RJ) e logo começou a escrever suas próprias peças. Marcadas por uma linguagem inovadora, bem-humorada e pop, montagens como ‘Alzira Power’, ‘Cordélia Brasil’ e ‘Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã’ influenciaram toda uma geração e são consideradas fundamentais para o entendimento do teatro moderno brasileiro.

Perseguido pela censura e envolvido com o movimento hippie, em 1970 partiu para Londres, onde conheceu de perto a contracultura da virada da década. De volta ao Brasil — mas sem nunca deixar de perambular pelo mundo —, escreveu para jornais e revistas, dirigiu shows (Maria Bethânia, Rita Lee), organizou o antológico festival punk Começo do Fim do Mundo (1982), estudou a obra de Virginia Woolf e escreveu mais de dez livros, entre outros projetos.

Sua obra literária conta com diferentes gêneros, do conto (‘Contos atrevidos’) ao romance (‘Chic-A-Boom’), do ensaio (‘O que é punk?’) à biografia (‘Yolanda’, sobre a socialite Yolanda Penteado). Isso sem falar nos seus livros de memórias. Ou “autobiografias”, como preferia chamar: ‘Verdes vales do fim do mundo’, ‘Longe daqui, aqui mesmo’, ‘Bivar na corte de Bloomsbury’, ‘Mundo adentro vida afora’ e ‘Perseverança’, a mais recente lançada no final do ano passado. Autodidata, Bivar era o único brasileiro membro da Virginia Woolf Society of Great Britain e também o único latino-americano que participava de um encontro anual com os maiores conhecedores do legado de Bloomsbury.

Em entrevista dada alguns anos atrás, Antonio Bivar profetizou: “Gostaria de ser lembrado pelos meus livros, por essa série de autobiografias. Porque não falo só de mim. Falo das pessoas, do convívio com elas, dos lugares, dos costumes. Apesar de ser uma coisa autobiográfica, tem um pouco de romance também. Meu prazer é falar sobre esses encontros e colocar um pouco de humor, mostrar o lado engraçado da vida. O humor, o absurdo, as situações… Eu gosto disso, e gostaria de ser lembrado por isso.”

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