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Por Renato Fernandes, do Rio de Janeiro, para Revista Joyce Pascowitch de Maio/2007

Encantadora, sedutora e, acima de tudo, determinada: é assim que a definem os homens que já estiveram tête-à-tête com Lily Watkins Cohen Monteverde Bendahan Safra: a viúva brasileira mais rica do mundo. Lily, nascida Watkins, é filha de um inglês, do ramo ferroviário, que veio trabalhar no Brasil na estrada de ferro que ligava a cidade de São Leopoldo a Porto Alegre. Foi no início da década de 30, em Canoas, cidade vizinha à capital gaúcha que ela nasceu. De Canoas a Londres, onde frequenta o mesmo circuito que o príncipe Charles e vai às festas acompanhada de Elton John, muita água rolou – algumas turvas – numa biografia repleta de glamour, viagens e fortuna. Muita fortuna. A palavra fortuna tem dois significados: riqueza e sorte, não se pode dizer que a vida de Lily Safra seja repleta da segunda. De riqueza, sem dúvida, ela já apareceu mais de uma vez nas listas das importantes revistas de economia do mundo, como a Forbes, entre as mulheres mais ricas do planeta.

Mas, de sorte, não. Lily Safra passou pela maior dor que uma mãe pode ter: perdeu um filho e junto com ele um neto. Gilded Lily, como é conhecida jocosamente pelos tablóides ingleses, já herdou muito dinheiro, mas também sofreu muito. Demais. Luto e dor fazem parte da história de sua vida tanto quanto poder e riqueza.

Ela se casou jovem, belíssima, com Mario Cohen, um gentleman argentino, muito simpático, empresário do ramo têxtil em Buenos Aires. E tiveram três filhos: Claudio, Adriana e Eduardo. Claudio sempre foi um filho muito querido e próximo, inclusive mais tarde nos negócios. Eduardo já era mais irrequieto, pelo menos quando estudou na Gstaad International School, onde foi interno nos meados dos anos 70. Viveu um bom tempo em Buenos Aires e lá montou um antiquário. Hoje, cinquentão, mora em Miami e circula nos fins de semana pela costa da Flórida num barco de 110 pés.

Adriana sempre esteve próxima de Lily, apesar de ter ido cedo estudar nos Estados Unidos. É casada com o empresário Michel Eliah, que atua no controle da rede de varejo Ponto Frio, no Rio de Janeiro. Ela admira tanto a mãe que um de seus quatro filhos leva no primeiro nome o da avó: Lily Gabriela. Conhecida também como Lilyzinha, atualmente mora em Miami em um apartamento estilo marroquino, em Ventura, de propriedade da família Nasser. Lá, é estagiária da revista americana Vogue e vai trabalhar a bordo de seu próprio carro, um Mercedes G 500.

Uma coisa é fato: Lily, seja qual for o sobrenome que assinou durante a vida, sempre teve uma preocupação: dar aos filhos uma ótima formação e educação internacional, com tudo do bom e do melhor. Conseguiu. Além disso, é uma avó presente, daquelas de reunir os netos, mesmo que seja para um milk-shake e cheeseburger no Shopping Iguatemi, em São Paulo, ou passar as férias em sua casa na Riviera Francesa, avaliada em US$ 17 milhões. Seja qual for o programa ou o país, está sempre rodeada de seguranças e não anda em carro que não seja blindado. Nos aniversários dos netos, mesmo que não esteja presente, não deixa nunca de mandar mimos. Todos bons, ou melhor, ótimos.

 

O segundo marido

Separada de Cohen nos meados dos anos 60, Lily conheceu e se casou com Alfredo Grinberg, no Rio, onde tinha costume de passar as férias de verão num apartamento, em Copacabana. Alfredo, filho de um romeno refugiado de guerra, assinava Alfredo João Monteverde, mas era conhecido mesmo como Freddy Monteverde. Um homem carismático, de bigode fino, temperamento forte e oscilações de humor memoráveis. Sempre foi reconhecido como um grande empresário, criativo e acima de tudo lutador.

Foi ele que fundou a Ponto Frio, importando dos Estados Unidos para a classe média carioca as geladeiras da marca Cold Spot. Ponto Frio é o nome fantasia da Globex Utilidades S.A. O pinguim da logomarca da empresa é uma das muitas invenções de Freddy. Certa vez surgiram alguns pinguins, na praça Mauá, vindo dos mares do sul. Ele não teve dúvida: adotou um deles, que passou a viver numa piscina repleta de gelo.

No início dos anos 50, inaugurou a primeira loja no centro do Rio, na rua Uruguaiana, – hoje são mais de 300 espalhadas pelo País. Monteverde foi um dos pioneiros nas vendas a crédito e a Ponto Frio, a primeira loja de eletrodomésticos a investir em marketing e comerciais de TV. Ele participava ativamente nas reuniões de criação e diz a lenda que certa vez, insatisfeito com a nova campanha, se descontrolou e começou a jogar textos em cima das pessoas da criação. Logo, seria justamente um pinguim o maior garoto-propaganda da marca, destronando muitas vedetes e as “Certinhas do Lalau”, que nessa época faturavam um bom troco fazendo comerciais de TV ao vivo e em preto-e-branco.

Consta também que mais de uma vez Freddy alugou uma ambulância para chegar em casa, com sirene ligada, apenas para não pegar trânsito. Era uma casa de dois andares, na rua Maria Angélica, no alto do Jardim Botânico, na zona sul carioca. Foi nesse cenário que o casal criou seu único filho, Carlos Monteverde, adotado.

Durante os poucos anos de casamento, eles levaram uma vida low profile. Não eram de badalações e, muito menos, alvo das colunas sociais. Em 1969, a tragédia: Freddy foi encontrado morto com dois tiros. O Rio perdia um de seus maiores self-made man. O caixão lacrado foi enterrado no Cemitério Israelita do Caju e colocado longe da família, em outra ala. Na religião judaica, os suicidas não são enterrados junto aos seus. Na época foi divulgado que Freddy estava em depressão profunda.

Lily herdou, junto com o filho Carlos, o império Ponto Frio. Ela ficou com cerca de 37% das ações e o filho tem 33% do controle do capital. Carlos vive hoje, também, em Londres e é casado com Isis Monteverde, uma morena de cabelos longos, espécie de locomotiva egípcia, que gosta de badalar e abala os salões por onde passa. No Rio, Paris ou Londres ela já virou alvo dos colunistas, assim como suas duas filhas. Do terceiro casamento de Lily, com Bendahan, quase nada consta, apenas que foi passageiro.

Coração Arrematado

Leilões, antiguidades e jóias sempre foram algumas das paixões de Lily, que tem o hábito de frequentar as casas de leilões desde cedo, antes mesmo de se casar com Mario Cohen. Mocinha, aos 17 anos, já gostava do soar das marteladas e foi entre uma e outra, nos meados dos anos 70, que ela se aproximou de seu futuro marido: o banqueiro Edmond Safra, até então o brasileiro mais rico do mundo.

Foi em um leilão, em Paris, onde os dois disputaram a mesma peça, que se deu a verdadeira aproximação. Edmond foi quem venceu, mas Lily ganhou. Como? Ela foi presenteada com a escultura disputada pelo até então solteirão convicto e já quarentão Edmond. Batidas de martelo, de tensão e de coração, tudo na mesma noite. Edmond, como todos os irmãos Safra, sempre foi ultra, hiperdiscreto. Nada de entrevistas e muito menos de fotos sorridentes. Seu olhar muitas vezes beirava a melancolia.

Libanês, naturalizado brasileiro, ele era o filho mais velho de uma tradicional família de banqueiros, que atravessou gerações. Seu pai, Jacob Safra, nascido em Alepo, na Síria, abriu em 1920 seu primeiro banco em Beirute. Casou-se com a prima Esther e teve oito filhos. A família Safra deixou o Oriente Médio em 1951 e veio para o Brasil, fugindo do conflito entre judeus e árabes. Em São Paulo, Jacob e o filho Edmond começaram com negócios modestos, importando materiais de construção. Nos meados dos anos 50, eles abriram uma financeira que deu origem ao Banco Safra. Os banqueiros Safra nunca tiveram sócios e muito menos se caracterizaram por emprestar muito dinheiro aos seus clientes. Os filhos aprenderam com o pai que, ao emprestar dinheiro demais a alguém, transforma-se um homem bom em um homem mau. Nunca nenhum deles questionou ou deixou de seguir os conselhos de mestre Jacob.

Em 1962, Edmond vendeu sua parte na financeira para os irmãos e foi para a Europa, onde montou seu primeiro banco na Suíça. Poucos anos depois, em 1966, nos Estados Unidos, fundou o Republic National Bank of New York, que se solidificou com o passar dos anos entre um dos 20 maiores de lá. Com a sede localizada em um edifício na 40th, o banco consolidou-se por ser extremamente conservador e ter uma clientela de milionários, entre eles muitos e muitos judeus ricos. Edmond tinha um talento enorme para transformar dinheiro em mais dinheiro, seguindo sempre o estilo da família: conservador. Seu escritório ficava no 8º andar do edifício e no andar de cima tinha um apartamento para descansar e se refazer. Workaholic, o Republic era sua vida, o filho que nunca teve.

Todos sabiam disso. Momentos de lazer eram dedicados apenas às coleções de relógios antigos ou aos passeios de bicicleta, aos domingos, no Central Park. Marcas da moda nunca foram com ele. Terno azul-marinho, gravata de bolinhas e camisa branca, sempre. Um homem de aparência simples: estatura mediana, calvo, de corpo atarracado, sobrancelhas grossas e óculos de grau, que passava batido – seja na Wall Street ou na avenida Paulista. Muito religioso e supersticioso, guardava sempre uma pedrinha azul no bolso para afastar o ‘olho do mal’.

Certa vez, entre o fim dos 60 e começo dos 70, ganhou notoriedade ao dar para os clientes aparelhos de TV em cores em troca da compra de certificados de depósitos (CDs), de prazos longos, acima de US$ 10 mil. Resultado: filas e filas de novos clientes nas agências do Republic.

Lily e Edmond casaram-se em 1976 e durante anos moraram em um apartamento, num dos mais sofisticados prédios de Nova York, na 5th Avenue. O apartamento, de 600 m2, era repleto de obras de arte. Aliás, não só o de Manhattan, mas qualquer residência do casal, seja em Paris, Genebra ou Riviera Francesa tinham telas de Portinari, Chagall, Monet e Renoir. Foi também Lily quem incentivou Edmond a comprar uma das casas prediletas dos dois, a Villa Leopolda, localizada em Villefranche-sur-Mer.

Em qualquer uma de suas residências, o casal Safra, quando recebia, esperava os convidados na porta, cumprimentava um a um, mas durante as recepções era raro ver Edmond batendo papo, circulando ou jogando conversa fora. Até mesmo dentro das paredes de sua casa, ele era um homem reservado. Um comportamento, aliás, de formação. Os irmãos Safra nunca gostaram de se expor e sempre acharam que isso é essencial para o bom desempenho de um banqueiro. Uma discrição protegida por muitos e muitos seguranças, outra característica da família. No fim dos anos 90, a fortuna – pessoal – de Edmond Safra foi estimada em US$ 3,3 bilhões. Este rico banqueiro brasileiro era também reverenciado por financistas de todo o mundo.

Foi em 1998 que Edmond revelou publicamente que estava com o mal de Parkinson, ao doar US$ 50 milhões para uma instituição que estuda a doença, que tem como sintomas a desordem motora, como rigidez muscular e tremores. Essa foi uma das razões que o levou a vender o Republic para o HSBC. Só em Nova York o banco tinha 83 agências na área metropolitana da cidade. Negociação nada fácil, demorada e lenta.

Em dezembro de 1999, Lily e Edmond – já fragilizado pela doença – resolveram passar o fim de ano no apartamento de Mônaco, a capital mundial do glamour. Lá, entre hotéis majestosos e o legendário Cassino, o casal tinha uma cobertura com área de 1.000 m2 e 20 cômodos no sexto andar do prédio Belle Époque, em Montecarlo. No pequeno país, conhecido também pela sua dinastia de belas e sensuais princesas, a filha de Lily, Adriana, era proprietária de uma butique, que vendia, entre outras coisas, peças de estilistas brasileiros. A loja chegou a ganhar elogios de Hubert de Givenchy.

Foi em Mônaco, cenário de noites de gala, dias de Grand Prix e tardes no Café Paris, que Lily e Edmond viveram alguns de seus muitos bons momentos. E foi também nesse pequeno país, majestoso, extremamente seguro e de luxo total, que o impossível aconteceu. Edmond Safra morreu, no dia 3 de dezembro, num incêndio, dentro de casa. Seu corpo foi encontrado no banheiro de sua suíte, junto com o de sua enfermeira. Muito se falou. Muito se divulgou, mas depois de pouco tempo a verdade veio à tona. Um de seus enfermeiros – eram oito que se revezavam durante 24 horas – que ganhava US$ 600 por dia, foi o responsável, colocando fogo numa lixeira que se alastrou pelo imóvel. Ele pretendia salvar o patrão, posar de herói, ganhar reconhecimento e mais dinheiro. Lily estava do outro lado da residência e ainda conseguiu falar com o marido pelo celular, antes de ele falecer. Foi o último contato dos dois. Safra morreu, aos 67 anos, asfixiado pela fumaça, depois de se trancar no banheiro por seis horas e se recusar a abrir a porta. Supunha que estava sendo atacado pelo seu medo maior: terroristas ou sequestradores.

O enterro foi em Genebra, no cemitério judaico Veyrier, que o banqueiro ajudou a construir. Mais de 500 pessoas de todo o mundo, principalmente de comunidade judaica, foram se despedir de Edmond, que sempre colaborou com instituições, deu milhares de bolsas de estudos para estudantes sefarditas e ajudou centenas de refugiados sírios necessitados – mesmo antes de se casar com Lily. Seus irmãos também sempre foram generosos com a comunidade: são eles os responsáveis pela construção da maior e luxuosa sinagoga de São Paulo, localizada na rua Veiga Filho, em Higienópolis. Josef, que gosta de ser chamado de José, e Moise, entre muitas de suas doações, presentearam a Pinacoteca de São Paulo com cinco esculturas de bronze de Rodin.

Depois do falecimento de Edmond, Lily se recolheu, encarou mais um luto, engordou alguns quilos e, quando era vista, estava sempre de óculos escuros e cabeça baixa. Mudou-se para Londres e vive em uma bela casa em Eaton Square, um dos metros quadrados mais caros do planeta, onde mantém dois seguranças na porta 24 horas.

Atualmente, dedica a maior parte do seu dia à Fundação Filantrópica Edmond J. Safra. Suas doações sempre viram notícias. Em 2004, doou US$ 10 milhões à Universidade Harvard, e a mesma quantia à entidade criada pelo ator Michael J. Fox, destinada a pesquisar a origem genética do mal de Parkinson.

Nas noites de 3 e 4 de novembro de 2005 leiloou, pela Sotheby’s de Nova York, 800 peças da coleção construída com o marido, entre elas muitas peças Fabergé, telas, relógios, vasos e móveis. A coleção sofreu algumas críticas do International Herald Tribune, mas mesmo assim as peças se foram e mudaram de mãos. Lily alegou não ter mais tempo para tomar conta das coleções e que quer se dedicar cada vez mais à fundação. Depois da tragédia, a imprensa internacional explorou a animosidade entre os irmãos Safra e a viúva, por conta da herança de Edmond, porém, discretos, como sempre, nunca alguma das partes veio a público declarar algo sobre isso. Recentemente, surpresa: A revista W, a bíblia do hi-society americano, na qual Lily é habituée, publicou uma foto dela em uma festa à fantasia, magrinha, com as medidas de outrora, o mesmo porte altivo e sorriso sedutor. Estava fantasiada: de gueixa.

Verão de 90: a dor maior

De estatura baixa, superafável, querido pelos amigos, culto, apreciador do estilo art déco e
amante de móveis Buddemeyer, Claudio Cohen era o filho mais velho de Lily e chegou a comandar a diretoria de marketing do Ponto Frio. Seu casamento com Evelyne Bloch Sigelmann entrou como uma das maiores festas do calendário do hi–society carioca, nos meados dos anos 80. Toda a alta sociedade se fez presente na recepção realizada no prédio da Editora Bloch, na Glória, no Rio. Evelyne era filha do segundo casamento de Oscar Bloch Sigelmann, empresário, vice-presidente das empresas Bloch e presidente da Rede Manchete. Ela e a irmã Cláudia eram moças cultas, educadas e divertidas. Estudaram no Andrews e faziam parte do beautiful people carioca. Evelyne era jornalista e trabalhava na empresa de sua família.

A festa do casamento foi tão boa e animada que um grupo resolveu esticar na Hippo, boate de Ricardo Amaral, em Ipanema. Cláudia, a irmã da noiva, era uma das integrantes da turma. Estava feliz e depois de dançar e se divertir muito pediu para que o recente namorado a deixasse na nova casa da irmã, no Alto Gávea, onde iria dormir. No caminho, a tragédia: um acidente de carro, na rua Marquês de São Vicente, foi fatal, na mesma noite que sua irmã comemorou uma de suas maiores alegrias, o casamento com Claudio.

Se Lily é carismática, não se pode falar em outra palavra para definir a nora Evelyne Bloch Sigelmann. Na sociedade carioca não havia quem não gostasse dela. Alegre, cheia de vida, bem informada, bem resolvida e o principal: arrogância zero. O casal Claudio e Evelyne era avesso a esnobismos e querido por todos. Juntos tiveram dois filhos que foram batizados com nomes de anjos: Gabriel e Rafael. Uma família feliz, que nos fins de semana gostava muito de viajar pela serra ou litoral fluminense. No verão de 90, eles resolveram passar um fim de semana em Angra. Evelyne foi antes com o filho Gabriel e, em outro automóvel, Claudio, com o filho Rafael, de quase 4 anos, e mais o amigo economista Rubens Atílio Andreazza, filho do ex-ministro Mario Andreazza. Um outro acidente de automóvel, agora na estrada, e os três morreram.

Evelyne Cohen e Lily Safra perderam os filhos no mesmo dia, no mesmo acidente. Quem foi à sinagoga de Copacabana, para a cerimônia de pêsames, até hoje não esquece a expressão de dor e transtorno de Lily. Os brilhantes olhos azuis estavam apagados por uma névoa de sofrimento e dor. Evelyne reergueu a vida e continua morando na casa da Gávea. Conseguiu amar novamente e criar o filho Gabriel. No início dos anos 90 descobriu que estava com um tumor maligno na cabeça e durante dois anos lutou contra a doença. Em 1992, o Rio perde uma das mulheres mais queridas, cultas e cheias de vida da sociedade carioca, Evelyne Bloch Sigelmann.

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