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CEO
Foto: Reprodução/Pixabay

Há algum tempo as previsões dizem que o mundo se tornará cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo. O que ninguém esperava é que essa realidade chegaria tão depressa. Acredito que as disrupções aceleradas pela pandemia tiveram um papel fundamental nisso, no contexto de uma transformação digital que tornou tudo ainda mais veloz.

Uma das principais mudanças que têm me chamado a atenção é o papel do CEO nas organizações. Se há pouquíssimo tempo as metas de um líder executivo giravam em torno de prever necessidades dos consumidores e garantir resultados financeiramente positivos, hoje temos um cenário – assim como o mundo – mais complexo. Sendo o adjetivo “complexo”, nesta construção, uma baita qualidade. Complexo para melhor.

Ao mesmo tempo que nos isolamos fisicamente uns dos outros, tornando as relações 100% virtuais por um bom tempo, nasceu proporcionalmente uma busca pelo autêntico, pelo verdadeiro. Foi quando, mesmo via Zoom, pudemos abrir mão de alguns véus sociais para prestarmos atenção no que de fato importa: as relações humanas. Isso se desdobrou também no âmbito corporativo. 

Nessa revolução de valores, quem estava na cadeira da liderança assistiu a uma quebra de paradigmas, tanto para o público externo (clientes) quanto interno (colaboradores) – CEO que é CEO fala o que pensa, se posiciona, se expõe. É isso o que a sociedade espera dele: um líder que abra mão da isenção diante de questões cruciais à humanidade e ao planeta.

Pudemos assisir a diversos episódios que demonstram isso. Na ocasião do assassinato do americano George Floyd, em 2020, líderes de diversas empresas de tecnologia vieram a público. O primeiro deles foi Jack Dorsey, CEO do Twitter, que se manifestou por meio sua conta dedicada à diversidade, a TwitterTogether. Em seguida, foi a vez de outros CEOs, como Tim Cook, da Apple; Michael Dell, fundador da Dell; Bob Swan, da Intel e Chuck Robbins, da Cisco.

No lugar de palavras bonitas, eles anunciaram ações imediatas e concretas de combate ao racismo – sobretudo doações em dinheiro – por meio das empresas que representam. “Estou pensando sobre o meu papel. Espero que vocês estejam pensando sobre o de vocês”, disse Brian Reeves, Chefe de Diversidade e Inclusão da Dell. Em sua conta no Linkedin, Satya Nadella, CEO da Microsoft, escreveu: “Nossa identidade está enraizada em capacitar todos no planeta. Cabe a nós usar nossas plataformas, nossos recursos, para conduzir essa mudança sistêmica. Não é apenas um incidente, mas são todas as coisas que levaram ao incidente que precisam absolutamente mudar”.

Aqui no Brasil temos visto essa tendência se manifestar principalmente sob o comando de mulheres – o que me deixa absolutamente feliz, sendo eu também uma CEO. Quem abriu esse caminho ou apenas o tornou mais visível a quem importa, a sociedade, é Luiza Helena Trajano. Hoje como presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, ela pode se orgulhar de ter encampado temas como inserção de refugiados no mercado de trabalho, capacitação de empreendedoras e projeção de mulheres candidatas a cargos políticos, além de inclusão racial, combate à violência doméstica e recrutamento de força de trabalho acima dos 50 anos.

Reprodução/Unsplash

Com o mote “Uma sobe e puxa a outra”, a executiva Dani Cachich deu visibilidade a um movimento organizacional na Ambev a respeito da igualdade de gênero no mercado de trabalho. No âmbito da tecnologia, a CEO da Microsoft no Brasil, Tânia Cosentino, tem batalhado publicamente em nome da formação de mulheres para carreiras em áreas como engenharia, ciência, matemática e tecnologia.

O posicionamento de CEOs a respeito de temas relevantes pode ser reconhecido em números. Segundo a Gallup, cerca de 36% dos candidatos a um emprego consideram muito importante a reputação da marca empregadora, já que eles querem se sentir bem com o que ela representa e oferece ao mundo. O porta-voz desses valores é o CEO que, por meio de seu posicionamento, torna claro o senso de propósito e de pertencimento. 

Em 2021, o estudo Authenticy Gap, da FleishmanHillard, que analisa a lacuna entre reputação e marca e a expectativa dos consumidores sobre elas, trouxe dados importantes. Foram 10 mil pessoas entrevistadas em 5 países, sendo um deles o Brasil. Em sua maioria, os brasileiros se importam mais com o impacto das empresas na sociedade (36%) e com o seu comportamento frente a questões relevantes (21%) do que com o que oferecem como produtos e benefícios aos clientes (43%).

Ainda nesse estudo, apontou-se que 81% dos consumidores esperam que os CEOs falem sobre questões que tenham impacto significativo na sociedade, mesmo que não reflitam seus negócios. Mais: 87% acreditam que os CEOs devem ter voz ativa para apoiar e influenciar as questões ambientais e a mudança de políticas.

Se marcas são pessoas – e pessoas têm opinião – é o CEO quem dá o recado. Como sempre digo em minhas palestras, em tempos de transparência e de velocidade da informação, ficar em silêncio a respeito de grandes temas pode ser o beijo de morte da sua marca. Daí eu pergunto a você, como líder: já se posicionou hoje?

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