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Em um dia chuvoso e nublado na semana que antecedeu o Natal, explorei os arredores do Palais Royal para degustar o menu do Grand Véfour, concebido pelo chef Guy Martin. Recebido calorosamente por uma equipe atenciosa, fui orientado pelos diversos pratos e recebi valiosas sugestões. Mesmo sem desvendar todos os segredos do restaurante, a atmosfera do local revelou-se sem impor qualquer intimidação. A equipe manteve uma postura acolhedora, e desde a vista dos jardins do Palais Royal até as esplêndidas colunas da galeria do Beaujolais, tudo transpirava calma e serenidade. Passado e presente entrelaçaram-se de maneira extraordinária, proporcionando um intervalo encantador e afastado da agitação da cidade.

O Grand Véfour, joia emblemática do art décoratif do século XVIII e apreciado por Napoleão Bonaparte, permanece como um monumento parisiense imperdível, repleto de histórias gastronômicas e encantadoras. As salas no andar inferior, decoradas com jogos de espelhos, lustres de cristal, pinturas douradas e desenhos sob vidro, emanam elegância. No andar de cima, obras magníficas em papel de seda da artista Claudine Drai complementam a atmosfera.

No passado era elegante discutir política num ambiente chique. E o Café de Chartres, como era chamado, notavelmente, tornou-se o quartel-general dos Ultras após Thermidor. No século XIX, adotou definitivamente o nome de Grand Véfour, entrando para a história de Paris. Artistas se encontram lá; Victor Hugo celebra a estreia de Hernani e degusta, como de costume, cabelo de anjo, carré de cordeiro e feijão branco.

Após um período de inatividade entre as guerras mundiais, o restaurante ressurgiu graças a Raymond Oliver, tornando-se um ponto de encontro para celebridades e um local carregado de histórias gastronômicas e literárias. Até hoje, é possível escolher entre as mesas de Alain Malraux e Jean Cocteau, ou relembrar a presença de Simone de Beauvoir ou Louis Jouvet.

Inovador, brilhante e descomplexado, o cardápio do Grand Véfour combina tradição e modernidade, integrando sabores do mundo com produtos locais. Destaques incluem ravioles de foie gras com creme trufado e vieiras grelhadas, purê delicado de aipo-rábano e salteado com um toque de baunilha. Na versão vegetariana, alcachofras poivrade cozidas à la barigoule são irresistíveis. Para a sobremesa, a escolha entre profiterole revisitado com manga, maracujá e coco ou o best-seller éclair à la vanille é um deleite.

 

O simpático chef Guy Martin, iniciou sua carreira na Savoia, tornou-se um mestre da culinária, conquistando estrelas e, desde 2011, liderando o Grand Véfour. O restaurante oferece experiências acessíveis, como o “semainier” de terça-feira, apresentando pratos como terrine de javali, filé de corvina, e torta de limão com merengue.

A excepcional carta de vinhos, repleta de rótulos como Château Carbonneau Séquoia 2019 e Pouilly Fumé Ladoucette 2020, é um verdadeiro prazer visual antes mesmo da escolha. Algumas garrafas de coleção, como Château Lafite Rothschild 1er cru classé de 1910 e 1902, são destinadas a verdadeiros apreciadores.

No final, o encanto do Grand Véfour reside na generosidade e inventividade de sua culinária, que sabe valorizar cada produto escolhido sem falsa ostentação, proporcionando uma experiência memorável. Cada prato, apreciado tanto visualmente quanto no paladar, é um testemunho do equilíbrio entre tradição e inovação.

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