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infância
Foto: Reprodução/Pexels

Hoje vou falar sobre a primeira infância, um tema de extrema importância para a sociedade em geral e que muita gente desconhece. A neurociência comprova que a primeira infância (0 aos 6 anos) tem um grande impacto na formação do indivíduo. O caráter, a personalidade, os medos e os traumas são construídos durante esse período de nossa vida. Se todos os pais soubessem da importância dessa fase, com certeza fariam muitas coisas diferentes. São atitudes pequenas que podem mudar o futuro de uma criança, como afeto, empatia e respeito.

Educação Autoritária

Antigamente, nossa educação era do tipo autoritária: as crianças não podiam falar durante as conversas de adultos e não tinham escolha em nada, simplesmente tinham que seguir o que lhes era imposto. E, na maioria das vezes, eram tarefas difíceis, como ficar por longo tempo sentadas à mesa enquanto os adultos conversavam, ir a lugares onde não havia atividades para elas e engolir as palavras quando queriam questionar algo, além de, em alguns casos, sofrerem punições físicas se agissem em desacordo com seus pais.

Sei que muitos de vocês podem pensar que tudo isso é mi-mi-mi. “Eu apanhei do meu pai quando criança, ele era super rígido, não tinha moleza na minha casa e estou aqui, um adulto bem-sucedido”. Mas quando falamos em sucesso, não podemos pensar apenas no sucesso financeiro e material. Precisamos pensar no sucesso emocional, em um adulto livre de problemas emocionais que o acompanham por toda a vida. Mesmo tendo dinheiro para tratá-los, seria muito melhor se eles não existissem, pois os tratamentos são apenas paliativos.

Foto: Reprodução/Pexels

Consequências da Educação Autoritária

Depois de muitos estudos, mostraram como os filhos de pais autoritários se tornaram adultos com diversos problemas emocionais. Se observarmos nossa geração atual, podemos chamá-la de doente. Em uma mesa de restaurante, todo mundo parece normal, mas dentro de casa é onde conhecemos o verdadeiro “eu” das pessoas. E os transtornos são mais evidentes nesse ambiente. Se cada um de nós for a uma consulta psiquiatra, muito provavelmente a grande maioria sairá com algum diagnóstico. Aliás, o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas: 9,3% da população, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E não para por aí. Novos dados mostram que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão.

Além dos transtornos de personalidade, como transtorno bipolar, transtorno de personalidade antissocial, transtorno de personalidade dependente, narcisista, histriônica, borderline, entre outros. Precisamos sim, urgentemente, investir em nossas crianças para que o futuro seja de pessoas mais felizes e menos doentes. Lembrando que muitos filhos de pais autoritários se tornaram pais permissivos, o que, segundo pesquisas, causa mais impactos negativos do que a educação autoritária. Os filhos desses pais não conseguem ter sucesso nem financeiro, nem emocional.

Qual tipo de educação seguir?

Precisamos seguir uma linha do meio, com limite e afeto, pois limites são fundamentais na vida de uma criança. Crianças com limites crescem mais seguras e se sentem mais amadas. Mas os limites não precisam ser impostos com gritos ou ameaças. Eles precisam estar lá e serem cumpridos. Por exemplo: “João, a mamãe já falou algumas vezes que não é pra pular no sofá. Caso você pule novamente, ficará sem o seu patinete por dois dias”. Provavelmente, João na primeira vez irá testar e pulará no sofá, mas o brinquedo deve ser guardado e, nas próximas vezes, João irá pensar antes de fazer algo que seus pais falaram para não fazer. Sem gritos, sem castigos e sim o que chamamos de “causa e consequência”, pois na vida é assim, não é? Tudo o que fazemos tem consequências boas e ruins e precisamos educar nossos filhos mostrando isso. Precisamos preparar nossos filhos para o mundo. Educar dá muito trabalho, mas é melhor ter trabalho enquanto podemos ajudar a construir esse indivíduo do que ter trabalho colhendo o que esse indivíduo se tornará.

Limite é amor, quem ama cuida e dá limites claros e gentis. A criança que tem limites se sente amada e pertencente àquela família. Já perceberam que crianças sem limites testam diariamente os limites? Elas pedem, quase imploram para serem vistas e cuidadas. Nós somos o exemplo de nossos filhos. Quando gritamos, mostramos a eles que gritar é normal. Não temos como criar filhos que não gritam se gritamos com eles. Da mesma forma, ensinamos nossos filhos a serem educados e a cumprimentarem as pessoas, mas nada adiantará se você passar pelo porteiro ou outro funcionário sem dar ao menos um “bom dia”. Não adianta a teoria, nossas atitudes são a referência.

Lembre-se: “As crianças são reflexo do ambiente em que vivem e das pessoas com quem convivem”.

Foto: Reprodução/Pexels

Sobre Paloma Silveira Baumgart

Educadora parental, com certificação pela Positive Discipline Association (PDA), mãe do Otto, da Olivia e da Heidi. Especialista em primeira infância pelo Instituto Singularidades e Psicologia Positiva pela PUC RS, tendo participado do Programa de Liderança Executiva sobre Primeira Infância da Universidade de Harvard em 2019. Atua em parceria com empresas e organizações sociais na formação de pais e educadores na temática de Primeira Infância.

“Sempre amei crianças e consequentemente sonhava com a maternidade e hoje é o tema da minha atuação profissional. Desde criança me via encantada pelos bebês da família, queria cuidar e aprender sobre eles. Mas foi com 29 anos que entrei profundamente neste universo, engravidei de gêmeos! E me encontrei nessa grande vocação e propósito: acolher, ensinar e cuidar de crianças. Me senti poderosa quando meus filhos nasceram… como se nada superficial mais tivesse tanta importância! Desde então me dedico a cada vez mais estudar e aprender sobre a temática.”

 

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