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Danielle Torres
Foto: Reprodução/Alex Silva/Estadão via J.P

Sócia de práticas profissionais na KPMG Brasil, Danielle Torres foi eleita em 2021 uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina na lista da Bloomberg por sua atuação no setor de finanças. Em agosto deste ano, ela contou sua história em “Sou Danielle: Como Me Tornei a Primeira Executiva Trans do Brasil”, livro que saiu pela Ed. Planeta. A seguir, três perguntas feitas pela Coluna da Joyce na revista Poder à executiva:

Em um mundo sem preconceito, ser conhecida como a primeira executiva trans do país não seria uma questão, certo?

Não deveria, mas ainda é uma questão. Muitas vezes, chama mais atenção do que o meu trabalho. Em alguns momentos, eu me pergunto quando poderei falar sobre minhas graduações, realizações e tantas coisas que já fiz. Mas quase sempre as pessoas acabam caindo nas perguntas sobre a minha afirmação de gênero. Isso pesa um pouco. Por outro lado, é uma posição de responsabilidade, que encaro como uma missão e permite abrir portas e provocar conversas que estavam estagnadas. E eu sei que, se quero continuar evoluindo profissionalmente, vou enfrentar mais preconceitos e vieses, como o fato de eu ser mulher e trans, que se somam a outras dificuldades. Mas isso não me impediu nem me impedirá de chegar aonde eu quero.

“Me pergunto quando poderei falar sobre minhas graduações, realizações e tantas coisas que já fiz, mas quase sempre as pessoas acabam caindo nas perguntas sobre a minha afirmação de gênero”

O processo de afirmação de gênero é absolutamente pessoal, mas em algum momento vai impactar a vida profissional. Quando você acredita que o assunto deve ser abordado com o chefe ou mesmo com o RH?

O primeiro ponto é que cada um conheça o ambiente em que trabalha, avaliando se está onde gostaria. É fundamental questionar se o lugar é inclusivo, se abraça a diversidade, se atende aos seus próprios critérios. Depois disso, é importante identificar a melhor hora para comunicar sua decisão. Eu procurei um momento no qual o diálogo fosse possível e quando estivesse forte o suficiente para lidar com o que poderia enfrentar. Foi essencial estar psicologicamente mais madura antes de falar, mesmo sabendo que trabalhava em uma empresa que tem a diversidade como valor. Ainda mais porque, no meu caso, sentia que era a primeira vez que isso acontecia com mais visibilidade e escala no ambiente corporativo de forma geral.

Pensando nas políticas de RH, o que uma empresa pode fazer por seus colaboradores trans?

A empresa precisa se preparar, claro, mas com cuidado e celeridade. As ações devem
estar alinhadas ao discurso e é importante prestar atenção aos processos e planejar todas as etapas. É inadequado, por exemplo, contratar uma pessoa trans e só depois perguntar sobre questões básicas, como o respeito ao nome social, por exemplo. Porém, a etapa de preparo não deve se tornar uma jornada demasiadamente longa que impeça ou atrase as contratações.

*A coluna completa está na edição de setembro da revista Poder, já nas bancas.

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