A casa de fim de semana de Houssein Jarouche é assinada por Paulo Mendes da Rocha. O resultado? Um grande encontro de gerações do design nacional
Por Thayana Nunes para Revista J.P de abril || Fotos Gui Morelli
Uma casa de praia em plena cidade de São Paulo. E ainda assinada por Paulo Mendes da Rocha, um dos maiores arquitetos do Brasil. Se não fosse ideia do designer Houssein Jarouche seria difícil de acreditar. Mas o dono da Micasa – loja paulistana hoje referência em móveis contemporâneos – é assim: ele tem um projeto icônico para chamar de seu e ainda passar os fins de semana. Houssein, que mora em um apartamento nos Jardins com a namorada, a modelo Fabiana Mayer, faz dali seu espaço de lazer, seja para curtir dias de sol ao redor da piscina ou reunir os amigos em festinhas superexclusivas.
O endereço faz parte de uma série de obras de Paulo Mendes construída nos anos 1960. Conhecida como a Casa Masetti – nome da primeira família que morou por ali –, é inteira de concreto bruto e cercada de verde. Com janelas estratégicas que iluminam todos os ambientes e quase zero de divisão entre os cômodos, a casa segue as características principais do trabalho do arquiteto nessa época, que tinha como objetivo mesclar o público com o privado. “Sempre fui muito fã da arquitetura do Paulo”, entrega Houssein, que a princípio queria construir com ele, mas recebeu uma dica do amigo Eduardo Leme, da Galeria Leme, sobre a venda em 2006. Houssein celebra a conquista: “Conversando com Paulo sobre a construção, ele fala com tanta simplicidade… Realmente, merece todos os prêmios que tem ganhado”. Paulo Mendes da Rocha é o arquiteto brasileiro vivo mais premiado da história: recebeu o Pritzker, o Leão de Ouro da Bienal de Veneza, o Prêmio Imperial do Japão e o Royal Gold Medal – este último em fevereiro deste ano.
Para deixar a casa como está hoje, Houssein fez uma reforma que durou pouco mais de um ano. Restaurou alguns espaços, como a área da piscina, a cozinha e as portas de madeira, que separam as três suítes da sala principal. Tudo para deixar ainda mais parecida com a obra original, de 1967. “Paulo não tinha vindo desde que ficou pronta. Ficou emocionado e agora é o projeto que ele ama. Quando grupos de fora vêm ao Brasil conhecer seu trabalho, ele faz um tour por aqui”, diz, orgulhoso.
E se o desenho de Mendes da Rocha são eternos, nas mãos do novo dono, o recheio é efêmero, do tipo que muda a toda hora. Houssein, que lida com decoração e design desde a juventude, troca todos os móveis de acordo com o mood do momento. Traz uma luminária industrial garimpada em Nova York, um sofá de um designer que acabou de descobrir na mais recente viagem para a Europa ou obras de artistas da pop art que admira, como o quadro do americano Alex Katz, que ele pendurou no dia das fotos da J.P. “Não consigo ter um lugar com a mesma estética. Daqui a 20 dias você vai voltar e isso tudo vai ser diferente.”
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