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Pedro Almodóvar
Reprodução/Wikimedia Comons

Pedro Almodóvar é o tipo de pessoa que odeia envelhecer. Aniversariante desse domingo (25), dia em que completa 73 anos, o cineasta espanhol já disse em várias ocasiões que a única coisa que mudou em sua vida com o passar dos anos foi a própria aparência. “Continuo tendo os mesmos desejos de quando era jovem, mas meu corpo já não é o mesmo”, declarou tempos atrás.

Um dos nomes mais respeitados do cinema na atualidade, Almodóvar – que tem no forno um longa que classificou como “resposta a ‘Brokeback Mountain'” – costuma abordar a questão da passagem do tempo em muitos de seus filmes, sobretudo em “Julieta”, que lançou em 2016. A produção aborda uma crise de meia idade da personagem título, que reflete sobre como certas decisões do passado afetaram sua vida atual. Mais autobiográfico, impossível.

Em homenagem ao responsável por clássicos como “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”, que em breve começara a rodar seu primeiro “western”, GLMRM relembra 5 outros longas que revelam um pouco de sua personalidade digna de ser retratada na telona.

“Pepi, Luci, Bom” (1980)

Primeiro filme profissional dirigido por Almodóvar, foi rodado com apenas 400 mil pesetas (equivalentes a pouco mais de R$ 258 mil). Inspirado no movimento de contra-cultura La Movida Madrileña, que começou a tomar forma a partir de meados dos anos 1970 e revolucionou o ambiente artsy da Espanha, aborda as histórias de personagens tão distintos quanto uma dona de casa masoquista, uma roqueira lésbica e um policial corrupto. Circular em meios onde figuras dos mais variados tipos estejam presentes sempre foi uma prioridade para o diretor, que costuma fazer isso até hoje por motivos pessoais e profissionais.

“Matador” (1986)

O sucesso que Almodóvar conquistou no começo dos anos 1980 chamou a atenção do produtor espanhol Andrés Vicente Gómez, que o contratou para dirigir o filme que aborda o relacionamento controverso de um toureiro com uma advogada. A trama foi considerada ousada para a época, com temas como sexo, morte e religião abordados ao mesmo tempo, e mostrou um lado mais “dark” dele. “A moral por trás de todos os meus filmes é a busca constante pela liberdade suprema”, o cineasta disse na época.

“Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” (1988)

Difícil falar de Almodóvar sem mencionar o filme que o consagrou internacionalmente. De temática feminista e repleto de diálogos afiados, foi sucesso de público e de crítica e fez dele um “diretor de mulheres” dos mais prestigiados até hoje. Aliás, o diretor prefere dirigi-las e já explicou o motivo. “Mulheres rendem histórias melhores, mais fortes. Elas são espetacularmente mais dramáticas e sensíveis”, ele disse certa vez. Almodóvar também já deixou claro que suas personagens femininas são, muitas vezes, retratos de sua própria vivência.

“Tudo Sobre Minha Mãe” (1999)

A despedida de Almodóvar dos anos 1990 foi totalmente dedicada aos temas familiares que ele já havia abordado no passado, em especial o luto pela perda de pessoas próximas. O filme de fotografia perfeita teve cenas gravadas em Barcelona, que é praticamente uma atração à parte. O humor negro também está presente, e um de seus melhores momentos é a cena em que Agrado – uma transexual em fase de transição – fala sobre o próprio corpo. “Você se torna mais autêntico à medida que consegue conquistar a imagem de si mesmo que sempre sonhou”, diz a personagem em uma cena antológica.

“Julieta” (2016)

O filme mais recente de Almodóvar é também, de acordo com o próprio diretor, o mais autobiográfico dele. Emma Suárez e Adriana Ugarte interpretam as versões jovem e atual da personagem título, respectivamente, que têm atitudes parecidas com as do diretor. Basicamente, é uma sessão no divã na frente do público, com ponderações sobre a vida como ela é e como poderia ter sido. “Minha solidão e isolamento é resultado de tudo que vivi. E meus filmes refletem isso, cada vez mais e mais”, Almodóvar revelou na época de divulgação do longa.

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