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Ajuda
Foto: Reprodução/Unsplash

Como podemos ajudar uma pessoa que não reconhece, ou ainda não sabe que precisa de ajuda? Como ajudar o ignorante a superar sua ignorância quando não se reconhece como ignorante? Vivemos em um tempo onde todos parecem ter opinião formada sobre tudo, sob o norte, muitas vezes, de uma inclinação política pouco profunda. Pautas sérias como debate de políticas públicas de saúde e educação acabam sendo distorcidas e mal interpretadas, gerando no senso comum uma opinião imprecisa (e que muitas vezes, é estrategicamente manipulada). Não há mal algum em ter opiniões sobre assuntos diversos, a grande questão é que basear-se em nada para defender questões sérias e achar que está certo acima de tudo revela uma grande ignorância nociva.

Mas como ajudar aquele que não quer ser ajudado? Ou ainda, que sequer sabe que precisa de ajuda? Esse dilema não é novo, podemos citar outros dois grandes nomes na história do pensamento que enfrentaram o mesmo problema: Sócrates e Kierkegaard.

De um lado, os atenienses orgulhosos que se julgavam virtuosos baseados em seu puro achismo egocêntrico, do outro, Sócrates que queria fazer perguntas motivadas por uma curiosidade produtiva. Séculos depois, tínhamos a Igreja protestante dogmática e profana, do outro lado, tínhamos um aspirante muito depressivo que buscava uma genuína experiência com Deus. Tanto Sócrates quanto Kierkegaard tiveram de evidenciar a ignorância dos ignorantes que sequer sabiam que eram ignorantes. Isso é uma tarefa realmente difícil, mas que graças a um método tornou-se possível tentar intervir e ajudar: o método socrático.

“Vivemos em um tempo onde todos parecem ter opinião formada sobre tudo, sob o norte, muitas vezes, de uma inclinação política pouco profunda. Pautas sérias acabam sendo distorcidas e mal interpretadas, gerando no senso comum uma opinião imprecisa e que, muitas vezes, é manipulada”

A ironia é uma ferramenta fundamental (quando usada de boa-fé) para ajudar o ignorante a se reconhecer. Fazer perguntas de maneira irônica conduzindo a um autodiagnóstico de reconhecer suas contradições e ignorância é eficaz, mas a ironia não entra num tom pejorativo ou no sentido de desmerecer e diminuir alguém, pelo contrário, trata-se de mostrar o que está bem debaixo no nariz da pessoa, que com um pouco de questionamento (antes impedido pela opinião certeira) se torna evidente e gritante. Nada que um bom-humor não resolva.

Perguntar sobre o tema para a pessoa com comparações que levem à contradição da opinião, fazendo com que a pessoa enxergue que desde o começo estava equivocada é uma maneira saudável de desconstruir informações, e para formar um juízo coerente, Sócrates mantém o mesmo método dialético: a maiêutica.

A maiêutica, ou o parto das ideias, é quando o diálogo toma uma proporção mais positiva e você começa a sugerir questionamentos que façam o outro (uma vez já desconstruído) enxergar sentido nas analogias e argumentos, construindo uma coerência racional no que é dito e falado. É importante entendermos que nesse diálogo não podemos impor de maneira alguma as informações como verdade, mas sim deixarmos o outro enxergar a verdade apresentada de maneira que ele mesmo vai chegar à conclusão racional por si. Para Sócrates, a ideia já está na pessoa, ela só precisa de uma ajudinha para aparecer verdadeiramente. Em uma comparação com sua mãe, que era parteira, Sócrates era quem ajudava a dar à luz as ideias (através desse método).

Entenda que tudo deve ocorrer de maneira bem humorada e mais natural possível, ajudando a pessoa a se ajudar.

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