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José Olympio
Foto: Divulgação/Pedro Ivo Trasferetti /Fundação Bienal de São Paulo

José Olympio Pereira, presidente da Bienal, conversou com exclusividade com a revista PODER online sobre a mostra que abre para o público na quarta-feira (6) e traz artistas que ainda não têm reconhecimento à altura de seu trabalho.

Esta é a segunda mostra organizada sob a gestão de José Olympio Pereira que foi reeleito presidente no final de 2021 e segue no cargo até dezembro.  O nome Coreografias do Impossível desta edição remete à volta por cima dos artistas que têm trabalhos expostos na mostra diante de contextos desfavoráveis que enfrentaram ao longo de sua vida e trajetória profissional.

A 35ª Bienal traz 95 participantes e 26 duos ou coletivos de artistas – a maioria da América do Sul. Mais de 50% são negros e 12,4%,  indígenas. As mulheres, por sua vez, respondem por cerca de 47% dos participantes – 2,5% delas são mulheres trans.

A revista PODER online conversou com exclusividade com José Olympio sobre os destaques desta edição, a estratégia digital e a decisão de ter, pela primeira vez, um coletivo de curadores – algo que, segundo ele, lhe causou frio na barriga em vários momentos.

O Senhor disse em uma entrevista que o maior legado da edição anterior foi destacar a arte indígena contemporânea.  Qual é o legado desta edição?

Esta Bienal abrange um número grande de questões – de colonização, de clima, de violência, de radicalização… Tudo isso está presente nesta edição, que traz arte e muitas coisas bonitas e prazerosas para o público contemplar.

É uma Bienal bastante eclética, que cumpre um papel importante de resgatar e dar exposição a artistas brasileiros e do mundo até então não conhecidos. Quem for à Bienal vai conhecer artistas que não teve oportunidade de ver em nenhum outro lugar. O legado é dar visibilidade a quem até então não era enxergada, a inclusão é muito presente nesta mostra.

Esta é a primeira vez que a curadoria é horizontal, ou seja, não há um curador-chefe. Por que vocês seguiram por esse caminho?

De fato, foi uma escolha radical, um risco que tomamos, um risco que, em última instância cabe a mim, até estatutariamente. Convidamos vários curadores e grupos, e esse grupo composto por Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manoel Borja-Villel se formou espontaneamente e apresentou a proposta de atuar como coletivo horizontal.

Delegar a função curatorial para quatro pessoas que não se conheciam e nunca tinham trabalhado juntas não foi uma decisão fácil. Mas ela só foi possível graças ao respeito pelas capacidades individuais. Eu dirijo organizações, já dirigi várias delas durante a carreira e sei a importância do líder, e de como é difícil não ter um. Então, dou um enorme crédito a esse grupo curatorial,  que conseguiu se organizar, tomar decisões e produzir. Valeu a pena, porque nós temos uma belíssima Bienal. Por outro lado, não posso negar que enfrentei alguns momentos de frio na barriga.

Como a experiência digital está sendo contemplada nesta edição?

O digital é um investimento antigo da Bienal, que se apresentou pela primeira vez na internet em 1996. Na edição passada fizemos um esforço enorme nesse sentido, por conta do adiamento da mostra e da situação gerada pela pandemia. Criamos um programa chamado A Bienal tá On e disponibilizamos vários conteúdos em nossas redes. Desde então, ativamos nossa conta no Instagram, que passou de cerca de 80 mil seguidores em 2018 para os mais de 500 mil atuais.

Nossa meta é chegar a um milhão. Não sei se vou conseguir comemorar isso até o final da minha gestão, mas certamente esta edição vai nos trazer mais seguidores.

O digital é uma ferramenta fantástica para promover a arte contemporânea. Nosso Insta não fala só sobre a Bienal. Temos posts diários sobre diferentes temas, artistas e questões relacionadas à arte em geral. A estratégia digital passou a ser fundamental para promover e difundir a arte contemporânea, que é a missão da Bienal.

As alterações feitas este ano na Lei Rouanet beneficiaram a Bienal?

Sim, e estamos bastante confortáveis com essa, digamos, volta do funcionamento normal da lei de incentivos federais. Hoje, os recursos incentivados representam cerca de metade do nosso orçamento – o que considero muito saudável. A outra metade vem de recursos não incentivados.

O Senhor é banqueiro e um respeitado colecionador de arte.  Como essas duas “personas” atuam em prol da Bienal?

Acho que minha atividade profissional me traz experiência de liderar equipes e organizações que aplico na Bienal. Meu amor pelas Artes e o fato de ser um colecionador me possibilita conexões com o mundo artístico não só brasileiro, mas também internacional, o que ajuda muito a Bienal. Eu coloco isso tudo para trabalhar no meu exercício da presidência.

Fotos: Divulgação

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