Amor, sobriedade e Lemonheads; a vida de Evan Dando no Brasil: ‘Estou me mudando para cá’

Sentado na sacada de uma casa na Serra da Cantareira, região norte de São Paulo, Evan Dando, líder do grupo norte-americano Lemonheads, pega um violão e tece elogios à natureza que vê todos os dias quando acorda. “Olhe essa vista que eu tenho. Isso é uma maravilha. Não trocaria por nada”, diz o rockstar ao GLMRM enquanto dedilha uma música qualquer de fundo no instrumento acústico, criando uma trilha sonora para entrevista que estava começando.

Evan, que lidera uma das conhecidas bandas do cenário grunge dos anos noventa e foi elegido pela revista People como um dos homens mais sexys do mundo, está vivendo no Brasil desde o fim de 2022 com sua namorada, a videomaker Antônia Teixeira. “Eu amo o Brasil e estou me mudando para cá”, afirma ele. “Atualmente, os Estados Unidos não é mais divertido por diversas circunstâncias. Eu amo o meu país, mas no momento não gosto muito dele. Prefiro estar aqui na América do Sul”, acrescenta.

Para quem não associou, Antônia é filha do músico e compositor Renato Teixeira e irmã da atriz Isabel Teixeira (a Bruaca do remake de Pantanal, da TV Globo) e de Chico Teixeira, que interpretou o peão Quim na mesma novela. Ela tem duas filhas com Rodrigo Sater, filho de Almir Sater, com quem foi casada.

“Três anos antes de eu e Antônia começarmos a namorar, eu pensei que seria uma boa ter uma namorada brasileira. Foi uma premonição, pois se tornou realidade. Antônia faz parte da minha história. Nos conhecemos desde 1994 e é bom estar com alguém que já me conhece a tanto tempo”, conta o roqueiro que viu a amada pela primeira vez quando se apresentou em um festival no Brasil com o Lemonheads. Depois, eles se reencontraram em 1997, ficaram um bom tempo sem ter contato e foram se reaproximando até firmar namoro no meio do ano passado.

“Por enquanto meus amigos no Brasil são a família de Antônia. Eles são muito adoráveis comigo e eu os amo. Talvez um dia, quem sabe, eu faça os meus próprios amigos por aqui”, diz Evan ao trocar o violão por uma taça de vinho durante a conversa. “São Paulo se tornou o meu lugar preferido no mundo. A Escócia é ótima para fazer e curtir música. Chicago, nos EUA, também. Mas São Paulo é a melhor”, elogia.

Disco novo do Lemonheads?

Hits como “It’s A Shame About Ray”, “Big Gay Heart”, “Into Your Arms”, “My Drug Buddy” e a cover de “Mrs. Robinson”, da dupla Simon and Garfunkel, embalaram as rádios e MTVs do mundo todo três décadas atrás. Agora, Evan quer dar um tempero brasileiro ao som da banda e gravar o próximo disco em nosso país.

“Eu conheci um produtor brasileiro, o Apollo Nove (que já trabalhou com Rita Lee, Seu Jorge, Planet Hemp, entre outros). Ele tem um ótimo estúdio em São Paulo com muitos equipamentos bons e coisas antigas. Se tudo der certo, vou gravar o disco novo do Lemonheads com ele”, adianta o músico. Antônia, que esteve presente durante uma parte da entrevista, completa: “Evan e Apolo se conheceram por acaso em uma premiere do filme ‘Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você’, que meu tio dirigiu, e rolou uma química absurda entre eles”.

Mas, enquanto o disco novo do Lemonheads não chega, os fãs brasileiros poderão ouvir os hits de da banda neste domingo (19), no Fabrique, em São Paulo, às 18h, pois Evan fará um show especial só com repertório de seu grupo. O roqueiro será acompanhado pelos brasileiros do Twinpines. Os ingressos podem ser adquiridos aqui.

Adeus às drogas

Não é nenhum segredo que durante sua carreira, Evan Dando usou e abusou das drogas, tendo que travar várias batalhas para se livrar delas. E, um dos motivos que o faz feliz e em paz no momento, além de ter encontrado o amor em Antônia, é estar totalmente limpo de drogas pesadas.

“A heroína é uma coisa muito satânica. Hoje eu não uso e não preciso mais”, celebra o cantor ao exibir seu antebraço saudável, sem nenhuma marca de seringa. “Anos atrás existia algo de ‘romântico’ em ser junkie, mas a verdade é que é um saco e as drogas acabam com você. Sou grato por estar livre agora”, afirma ele que passa a maior parte do tempo em São Paulo tocando bateria em um estúdio, lendo e pintando.

Hoje, aos 55 anos, Evan se encontra em seu melhor momento da vida. “As pessoas melhoram com o tempo. Quando somos jovens somos mais raivosos, mais miseráveis. Atualmente sou uma versão muito melhor de mim mesmo”, se autodefine o galã noventista, e relembra da época em que era um colírio para os jovens:

“Quando me disseram que a People tinha me elegido como um dos caras mais bonitos do mundo, eu pensei: ‘Oh, não! M*rda’. Para mim, isso era uma coisa ruim porque eu batalhava para ter o meu reconhecimento como músico e não pela minha aparência. Mas, foi engraçado. Foi um bom ano.”