A exposição “Infravermelho” na Nara Roesler São Paulo celebra a obra da renomada artista Tomie Ohtake, nipo-brasileira, cujo legado atravessa décadas e influencia profundamente a cena artística. Com curadoria de Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, a mostra apresenta mais de quinze pinturas, majoritariamente desenvolvidos ao longo da década de 1990, quando a artista consolida a transição, iniciada dez anos antes, do uso de tinta acrílica em detrimento da tinta a óleo. Este período marca uma transição significativa em sua técnica, possibilitando a exploração de transparências, veladuras e fluidez, resultando em composições sintéticas e vibrantes.
“Infravermelho”, título da exposição, faz referência ao telescópio espacial James Webb, destacando a relação entre a obra de Ohtake e as imagens evocativas do cosmos. Neste contexto, suas pinturas se tornam verdadeiros planos de cor, onde formas sintéticas como círculos, espirais e ovoides emergem, sugerindo analogias cósmicas e instigando o espectador a uma jornada sensorial. O uso da água como meio diluente possibilita uma gestualidade pictórica única, característica marcante das obras de Ohtake.
A intervenção expográfica realizada pelo arquiteto e designer Rodrigo Ohtake, neto da artista, adiciona uma camada sensorial à exposição, envolvendo as duas primeiras salas com um painel de chapas metálicas perfuradas, criando um ambiente imersivo e dinâmico. A seleção cuidadosa das obras, que variam de 70cm x 70cm a 2m x 2m, proporciona uma experiência visualmente impactante, especialmente na sala quadrada com pé direito duplo, onde pinturas em tons fortes de vermelho se destacam, evocando emoções e sensações.
Tomie Ohtake, nascida no Japão em 1913 e radicada no Brasil desde 1936, emergiu tardiamente na cena artística brasileira, mas deixou um legado indelével. Sua abstração de sentido cósmico, combinando gestualidade e geometria, a distingue como uma das principais representantes da arte abstrata no país. Sua trajetória artística foi marcada por experimentações constantes, desde as “Pinturas cegas” na década de 1950 até projetos esculturais de grande escala nas décadas seguintes.
A relação entre arte e ciência, evidenciada pelo título “Infravermelho”, ressalta a interação entre o imaginário humano e a tecnologia, proporcionando uma nova perspectiva sobre o universo e suas complexidades. A exposição não apenas celebra a obra de Tomie Ohtake, mas também convida o público a refletir sobre a natureza da criação artística e sua capacidade de transcender fronteiras.
Além de sua participação na Bienal de Veneza, “Stranieri Ovunque/Foreigners Everywhere”, a obra de Ohtake continua a ser reconhecida em exposições individuais e coletivas em todo o mundo, destacando sua relevância internacional e seu impacto duradouro na história da arte contemporânea. A Nara Roesler, como uma das principais galerias de arte contemporânea do Brasil, reafirma seu compromisso em promover o trabalho de artistas influentes, proporcionando uma plataforma para o diálogo e a apreciação da arte em todas as suas formas.
Serviço: Exposição “Tomie Ohtake – Infravermelho”
Abertura: 13 de abril 2024, das 11h às 15h Até: 8 de junho de 2024
Entrada gratuita
Nara Roesler, São Paulo – Avenida Europa, 655
Segunda a sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15hTelefone : 55 (11) 2039 5454
info@nararoesler.art
Fotos: Flavio Freire
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