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Chico Brown || Créditos: Reprodução Instagram/Lohan Lamin

Francisco Buarque de Freitas teve a sorte de ter nascido em uma das famílias de maior relevância artística do país, mas não é “só” por isso que a gente tá de olho nele. Filho de Helena Buarque de Hollanda e Carlinhos Brown, ele cresceu no batuque – em Salvador é tradição colocar crianças para batucar, se você for filho de Brown então… Aos 11 anos mudou-se para o Rio, onde moram seus avós maternos – Marieta Severo e Chico Buarque.

Hoje com 21 anos, Francisco é conhecido por Chico Brown, nome artístico criado por ele com a junção dos nomes de seu pai e seu avô, e está prestes a terminar o curso de Produção Fonográfica da faculdade Estácio. Junto com uma banda formada por amigos de colégio e da vida tem experimentado novos sons tocando em casas noturnas cariocas.  “Tocamos de swinguera da Bahia, com uma pegada mais tropical-psicodélica, a rock e misturo tudo com a estética da canção, às vezes voz e violão”, explica ele. “Tudo isso para ligar a música brasileira com todos os gêneros do mundo que se mostrem compatíveis – latino, cigano, europeu no período mais clássico, jazz e por aí vai.”

Vira e mexe Chico se apresenta com seu pai, que, sem esconder a corujice, considera o filho um dos maiores talentos de sua idade do país no momento. Em entrevista recente ao Glamurama, Carlinhos Brown falou sobre seu único filho homem: “Ele tem muita competência harmônica, desenvoltura com todos os instrumentos… É um virtuoso.”

Sua projeção musical passou a ganhar forma em agosto com o lançamento de “Massarandupió”, música composta em parceria com Chico Buarque que faz parte do último disco do avô, “Caravanas”. Agora o garoto vem
trabalhando em cima das composições de seu primeiro CD, um projeto solo com lançamento previsto para esse ano. “A ideia é fazer um disco que carrega meu nome em parceria com a minha banda, com canções feitas ao longo dos anos e talvez alguns covers de amigos e familiares”, antecipa ele. A princípio Chico tinha em vista gravar com a Candyall Entertainment, produtora de seu pai, em Salvador. Mas recentemente foi contatado pelo pessoal da Biscoito Fino, gravadora que costuma lançar os discos do avô. “Eles demonstraram certo interesse no projeto e ficamos de nos reunir em breve”, contou Chico animado.

Fique ligado: entre os meses de abril e maio Chico Brown está fechando sua primeira temporada de shows em São Paulo, a princípio em uma unidade do Sesc e no Bourbon Street. Abaixo, um papo sobre esse “lance de showbiz” e outras “coisitas más” com uma das maiores promessas da nova geração.

Chico Buarque e Chico Brown || Créditos: Reprodução Instagram

Glamurama: Como foi crescer em uma família com tantos artistas?
Chico Brown: “Difícil dizer que é muito diferente de qualquer outra porque foi a única que eu conheci. Tem o lance de associar a pessoa que está no palco ao parentesco que você tem com ela. E por mais familiarizado que você esteja com a pessoa, você sempre se surpreende com alguma história ou letra que lhe remeta a momentos da história deles, que você não poderia ter descoberto de outra forma. Há uma relação entre a figura pública e a intimidade deles, mas é algo que a gente vem se acostumando e aprendendo a lidar. Tenho muito o que aprender com isso também.”

Glamurama: Como é a sua rotina musical?
Chico Brown: “Eu estudo bastante sozinho. Estudo piano, instrumento no qual eu me descobri musicalmente quando vim morar no Rio, há uns 10 anos, e guitarra – fiz aulas por cinco anos que me esclareceram vários conceitos do mundo da música: das escalas ao lado mais prático da teoria. Já tinha uma rotina de tocar piano nas horas vagas e compor, mas com as aulas isso ficou sério. Foi aí que a evolução musical começou a ser mais efetiva da minha vida e passei a ter uma busca interna por músicas novas, compor e tocar bastante. Tenho isso de treinar e praticar até conseguir tocar tudo o que eu duvidei que pudesse tocar. Romper meus limites.”

Glamurama: A carreira musical sempre foi sua primeira opção?
Chico Brown: “Não necessariamente. Até canto bastante sobre isso, sobre ser uma alternativa recente na medida que eu venho me preparando pra isso há uns 4, 5 anos. Sempre toquei e compus bastante, e no momento estou aproveitando esse ponto de partida inicial, essas estreias que tem acontecido, mas têm outras carreiras pela musica que também são interessantes como a parte de produção, de estúdio e por aí vai. Por enquanto estamos mexendo com som e botando a criatividade pra fora.”

Glamurama: Quais as memórias que você tem de sua infância?
Chico Brown: “Tenho várias… Em Salvador, nos ensaios da Timbalada quando me botavam pra batucar com a rapaziada – lá é tradição colocar os filhos pra batucar. Queria tocar com tudo o que via pela frente, de timbau a colher de pau.”

Chico Brown ainda pequeno batucando com seu pai Carlinhos Brown, à esquerda, e no palco com o avô Chico Buarque, à direita || Créditos: Reprodução Instagram

Glamurama: Seu pai e seu avô costumam te dar conselhos musicais?
Chico Brown: “Sempre foi algo espontâneo e não com viés profissional. São conversas informais que sempre aconteceram pelo lado artístico de aconselhar e compor música juntos, e não como um movimento efetivo na parte de carreira mesmo. Independente de eu estar levando isso para o profissional ou não, eles sempre me ensinaram muito sob uma esfera intimista. Eles dão os palpites deles, às vezes de uma forma critica, às vezes de uma forma mais questionadora. Geralmente é aquele palpite de músico.”

Glamurama: Como fluiu a composição de “Massarandupió” com seu avô Chico Buarque?
Chico Brown:
“Eu fiz a melodia, meu avô fez a letra, e isso veio da rotina da gente em mostrar músicas novas um pro outro. Temos uma rotina de família nas reuniões de domingo, tenho uma tia que também é compositora e a gente troca figurinhas direto. Foi assim que pintou a parceria. Sempre tocamos muito juntos, e ele [Chico Buarque] sempre perguntou sobre as minhas composições nesse lance da intimidade, de conhecer musicalmente o que eu tenho escrito e composto.”

Glamurama: O que o lançamento da música surtiu em sua vida?
Chico Brown: “Foi um divisor de águas. Uma estreia autoral com uma escala mais larga com relação ao trabalho que tenho feito nas casas de show do Rio. Algo que espalhou mais adiante meu propósito com a música.

Glamurama: Você tem planos de compor com seu pai e/ou avô para seu primeiro CD? 
Chico Brown: “Existe a possibilidade. Meu avô demonstrou interesse da gente fazer mais uma.”

Glamurama: Como você lida com a exposição?
Chico Brown:
“É uma coisa que a gente tem que saber lidar porque tá ligado à nossa imagem e a de nossos familiares. É preciso se acostumar aos julgamentos de quem quer que seja, ainda mais na era da internet. É algo que ajuda quando a gente tem uma arte pra divulgar, por isso tentamos manter mais ligado a esse aspecto, ao lado mais artístico da coisa, tentando não ultrapassar as barreiras do que pode ser visto como trabalho mas é meramente vida pessoal. O lance é procurar manter o bom humor. Sempre senti um pouco essa disposição por parte do meu pai, com o lance do showbiz por ser um artista mais de rua, do Carnaval.”

Glamurama: Tem medo de comparações com seu pai ou seu avô?
Chico Brown: “Não é uma questão muito grande porque é um pouco inevitável. Temos muita coisa em comum, muitas são comparáveis, outras as pessoas não vão me conhecer bem o suficientemente pra me comparar com nenhum dos dois. Às vezes a coisa ocorre de forma mais construtiva, acho que são parâmetros pra ser comparado, mas procuro não criar expectativas. São épocas diferentes.”

Glamurama: Você gosta de Carnaval? 
Chico Brown: “Nenhum gosto especial, mas é uma data com festividade e bons momentos, de encontrar todo mundo na rua… Tenho anos mais reclusos e outros mais festivos.”

Glamurama: E este ano vai ser como?
Chico Brown:
“To por fora das agendas dos blocos mas os amigos chamando a gente chega.” (Por Julia Moura)

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