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Talitha Rossi || Créditos: Reprodução/ Instagram
Talitha Rossi || Créditos: Reprodução/ Instagram
Talitha Rossi || Créditos: Reprodução/ Instagram

Talitha Rossi pode até achar o rótulo “careta”, mas ela é, sim, considerada musa do universo da arte de rua carioca. A moça – do tipo cool, mas cabeça – inaugura nesta quinta-feira a exposição superfeminina “Crua Alma Furta-Cor” na galeria da multimarcas carioca Q.Guai, em Ipanema. Antes disso, bateu um papo com a gente. Descobrimos que ela sonha grafitar em um bairro específico de Tóquio e fazer residência artística na tribo indígena Fulni-ô, em Pernambuco. Nas respostas, frases quase panfletárias como “libido não é vulgar” e “a sociedade machista é pura insegurança”.  À entrevista! (por Michelle Licory)

Glamurama: Onde estão os três grafites mais legais que você já fez pelas ruas do Rio?

Talitha: Os meus preferidos infelizmente foram apagados pela prefeitura por serem considerados “eróticos demais”. Minhas últimas intervençōes urbanas foram feitas em Santa Teresa e Copacabana, questionando a violência na Cidade Maravilhosa. Essas artes de rua ainda sobrevivem enquanto muitos por aqui morrem esfaqueados. A minha boneca sem olhos tem um corpo melancólico e fora dos padrōes. Simboliza um coletivo feminino em forma de corpo nu, corpo fértil e livre. A força da libido não é vulgar, e sim vital. Este corpo mutante se descasca e molda-se de acordo com a natureza: chuva, vento, sol… E se mistura com a vida caótica de quem vive na cidade, com poluição, violência e preconceito. Com isso, o corpo nu muitas vezes se torna um corpo vestido. Sinto falta de olho no olho. Precisamos olhar menos e enxergar mais. Por isso, criei uma boneca sem olhos.

Glamurama: Enumera pra gente três lugares tipo sonho para grafitar pelo mundo?

Talitha: Sempre que viajo, tento de alguma forma deixar a minha marca. Grafite ou stickers ou lambe-lambe. Tenho intervençōes em Berlim, Londres, Amsterdã, Paris, NY… Quero muito pintar no bairro Harajuku, em Tóquio. Recentemente estive em Bali, mas infelizmente não consegui fazer street art. Quando eu voltar, pintarei em Seminyak. Gostaria de fazer residência na tribo indígena Fulni-ô, em Pernambuco.

Glamurama: E quem são seus três principais ídolos/ referências no grafite?

Talitha: São muitos. Tenho prestado bastante atenção na arte da Sinhá, do Alexandre Orion e de Ernest Zacharevic.

Glamurama: Já passou algum “perrengue” grafitando?

Talitha: Sempre passo. Algumas autoridades ainda acham que sou “marginal e pixadora que usa saia”. Nem perco tempo entrando neste tipo de discussão, pois acredito que a sociedade machista é pura insegurança. Minha sorte é que a miopia contemporânea em que vivemos ainda não está surda. Por isso continuo rabiscando e fazendo barulho com minha arte por aí. Pena que muitas vezes, quando sou parada por autoridades, preciso parar e deixar a pintura inacabada.

Glamurama: No começo, era mais dificil por ser mulher? Você é considerada musa do grafite. Isso ajuda ou atrapalha?

Talitha: Essa caretice é a visão externa de quem não me conhece. As pessoas foram acostumadas a ver mulher bonita no cinema e em capa de revista de moda. Mas muitas artistas estão além disso. A sensibilidade e a inteligência dividem a atenção com o charme e beleza. Sou artista multimídia, continuo com minhas intervençōes nas ruas, mas hoje em dia também me comunico por performances, esculturas, poesia e fotografia.

Glamurama: Conta um pouco sobre a exposição na Q.Guai?

Talitha: A exposição “Crua Alma Furta-Cor’ questiona a anemia emocional coletiva em tempos de vício do imediatismo e wifi. Convido o observador a perceber o silêncio entre os sons e o poder do verdadeiro “agora”. Quando você vive o presente de forma plena, se torna um ser transparente, translúcido, furta-cor. Nas pinturas abstratas aparecem poesias em alto relevo, delicadamente coloridas, que acompanham ninhos de lã bordados. Esculturas com lãs simbolizam os fios condutores dentro do seu corpo, sua casa. Polaroids e fotografias em metacrilato funcionam como 3×4 da identidade interior, a parte interna e invisível de cada um. A alma cura o corpo. O corpo respeita a alma.

Vem entrar no mundo de Talitha aqui embaixo, na nossa galeria de fotos!

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